quarta-feira, 3 de julho de 2013

Festa literária estreia com mais atrações paralelas

folha de são paulo
RAQUEL COZER
COLUNISTA DA FOLHA

flipOs ingressos já estão esgotados para quase todas as mesas da programação principal da 11º Festa Literária Internacional de Paraty. Mas tudo bem, porque a estreia, hoje, tem eventos paralelos que permitem ao frequentador montar um cronograma cheio de debates sem nem passar pela tenda principal.
Casas como a do Instituto Moreira Salles e do Sesc trazem conversas com vários dos convidados da Tenda dos Autores, além de discussões relacionadas a mesas desta Flip, como cinema e poesia.
A estreia da Casa do Autor Roteirista, neste ano, com o diretor Luiz Fernando Carvalho e os atores José Wilker e Mariana Ximenes, é o sintoma mais recente da multiplicação dos eventos paralelos.
Surgiu da meta de Newton Cannito (coautor de "Quanto Vale ou É por Quilo?") e Thelma Guedes (coautora da novela "Cordel Encantado") de mostrar que a profissão não é só técnica. "O debate audiovisual esquece que roteirista é autor", diz Cannito.
Os dois bancaram tudo sozinhos. Alugaram uma casa e chamaram para leituras atores de quem são amigos, como Wilker e Lima Duarte -terão como pagamento só hospedagem e transporte.
No percurso, veio o apoio da Globo Universidade, que participa com uma exposição sobre Dias Gomes na casa e um debate sobre a recém-lançada novela "Saramandaia".
Para 2014, os organizadores da casa planejam ingressar na programação oficial da Flip e na Lei Rouanet, em busca de patrocínio.
Editoria de Arte/Folhapress
PATROCÍNIO
Apoiar o evento, bancando os custos de mesas, é algo que fazem instituições como o Itaú Cultural, que estreou na programação paralela em 2011 e chegou neste ano à Tenda dos Autores -a mesa de Nelson Pereira dos Santos e Miúcha é patrocinada e foi produzida pelo instituto.
Sem apoiar oficialmente a Flip, o Instituto Moreira Salles estreou uma casa em Paraty há três anos, como forma de divulgar seu trabalho.
"É uma vitrine", diz Flávio Pinheiro, diretor-geral do IMS, que nesta edição terá seis autores da programação principal, como Daniel Galera e Nelson Pereira dos Santos.
Outros nomes da Tenda dos Autores estarão na Casa Folha (o norueguês Karl Ove Knausgard) e na programação paralela FlipMais, na Casa da Cultura (a contista Lydia Davis).
"Se você pensa que a Flip tem uma tenda para 850 pessoas, com debates reproduzidos num telão para outras mil, além de atividades para jovens e crianças, e que Paraty recebe 20 mil pessoas no evento, fica claro que há público de sobra", diz Pinheiro.
No geral, a programação extraoficial da Flip começou, tímida, no segundo ano do evento, feita por artistas locais. Em 2005, a Off Flip tinha 60 escritores. Os convidados nesta edição passam de cem.
Essa programação paralela custa R$ 50 mil à Prefeitura de Paraty, que não chega a cobrir todos os gastos. Um valor modesto perto dos R$ 8,6 milhões do orçamento da Flip neste ano, dos quais 63% vêm de recursos públicos, 27% de patrocínio não incentivado e 10% da própria Casa Azul, organizadora do evento.
Graciliano está entre os mais citados no país
DA COLUNISTA DA FOLHA
O alagoano Graciliano Ramos (1892-1953), homenageado desta edição da Flip, é o quarto autor mais citado no currículo de doutores em literatura brasileira no país, segundo levantamento que será divulgado hoje, em Paraty, pelo Itaú Cultural.
Com 54 citações em currículos disponibilizados na plataforma Lattes, banco de dados mantido pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), o autor aparece na lista depois de Machado de Assis (122), Guimarães Rosa (100) e Clarice Lispector (63).
A pesquisa foi desenvolvida pela doutoranda da Universidade de Brasília (UnB) Laeticia Jensen Eble e é uma das quatro a serem divulgadas hoje pelo Itaú Cultural, instituição que vem há alguns anos realizando mapeamentos literários do gênero.
Milton Hatoum, que fala sobre Graciliano na conferência de abertura da Flip, é o autor vivo mais citado, com 22 menções, à frente de Rubem Fonseca (20), Manoel de Barros (18) e Chico Buarque (13).
Entre as curiosidades da pesquisa, homens preferem estudar a obra de homens, e mulheres, a de mulheres --Machado, Rosa e Graciliano ficam no topo da lista deles; a delas é liderada por Clarice, Cecilia Meireles e Hilda Hilst.
Outro estudo a ser divulgado hoje foi realizado pelo cientista social Fabio Malini e acompanha a presença da literatura brasileira na internet, em especial no Facebook e no Twitter, a partir de uma varredura de dados por robô.
A lista no Twitter é liderada por Paulo Leminski, autor que alcançou a lista de mais vendidos com "Toda Poesia". Clarice, Machado e Caio Fernando Abreu vêm na sequência.
O pesquisador ainda cruzou dados --e percebeu, por exemplo, que fãs de Clarice tendem a ser fãs de Caio Fernando também.
FLIP 2013
Folha debate literatura e jornalismo em Paraty
Programação na festa literária inclui exposição e lançamentos de livros
Ruy Castro, Zeca Camargo e Ferreira Gullar vão participar de eventos promovidos pela Casa Folha
DE SÃO PAULOFolha inicia amanhã uma série de debates, sessões de lançamentos de livros e uma exposição na Flip (Festa Literária Internacional de Paraty).
A programação começa às 10h, com Ana Estela de Sousa Pinto, editora de "Mercado", comentando seu livro "Folha Explica a Folha" (ed. Publifolha; R$ 29,90; 232 págs.), que retrata a trajetória do jornal.
Esta é a terceira vez que o jornal terá um espaço com programação diária na festa literária. A Folha é parceira oficial de mídia da Flip.
Nesta edição, a Casa Folha vai ocupar dois imóveis em Paraty. Um na rua da Matriz, s/nº, e outro na rua do Comércio, nº 8, ambos no centro histórico da cidade.
Os eventos da Casa Folha são gratuitos e irão abordar literatura e jornalismo. A programação inclui os colunistas da Folha Ruy Castro, Ferreira Gullar e Xico Sá, o cartunista Laerte e o apresentador Zeca Camargo, entre outros nomes.
Um convidado internacional da programação principal da Flip também estará na Casa Folha. O norueguês Karl Ove Knausgård irá tratar de "A Morte do Pai" (Companhia das Letras; R$ 49,50; 512 págs.), primeiro romance de sua série autobiográfica.
Fora os debates, a programação terá exposição com imagens de reportagens sobre literatura brasileira e lançamentos de livros do selo Três Estrelas, do Grupo Folha.
Na sexta (5/7), depois de sua palestra, a jornalista Silvia Bittencourt vai autografar "A Cozinha Venenosa - Um Jornal Contra Hitler" (R$ 49,90; 374 págs.). No sábado (6/7), o professor de filosofia da Unicamp Oswaldo Giacoia Jr. lança "Heidegger Urgente" (R$ 29,90; 144 págs.).

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