Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 11/09/2013
Sou do tempo em
que ocorria crime continuado quando o agente, mediante mais de uma ação
ou omissão, praticava dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas
condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhanças, os
subsequentes eram havidos como continuação de primeiro.
Enquanto philosopho, não acho que tenha existido crime continuado na Vila Brasilândia, em São Paulo, onde foram encontrados os corpos de cinco pessoas: um menino de 13 anos, seus pais, sua avó materna e uma tia-avó, cada um morto com uma bala de pistola P.40 na cabeça.
Encontrados os corpos, todos pensaram em crime continuado, mas as primeiras evidências, à luz do meu alto philosophar, transformaram as cinco mortes numa tragédia, acontecimento funesto que despertou piedade e horror. Toda a imprensa, ela sim, cometeu crime continuado ao veicular notícias e comentários que se chocavam com a evidência dos fatos: o menino de 13 anos saiu dirigindo o carro da mãe por volta de uma hora da manhã, o carro foi filmado estacionando junto à calçada, próxima da escola em que ele estudava, pouco depois da hora em que foi visto saindo de casa. Às seis da manhã o menino foi filmado saindo do carro e andando pela calçada até a sua escola, onde assistiu às aulas e voltou para Vila Brasilândia de carona no carro do pai de um coleguinha. Seu corpo foi encontrado junto com os dos pais ao cair da noite daquele dia. Tinha a pistola P.40 próxima da mão esquerda e uma perfuração na têmpora esquerda.
A partir daí, quase toda a imprensa falada, escrita e televisionada praticou o crime continuado de veicular hipóteses ventiladas por qualquer imbecil, dos muitos que andam por aí. Primeira: o menino não sabia dirigir. Ora, não há filho único de 13 anos, de pais que tenham dois automóveis, que não tenha sido ensinado a dirigir.
Desde as primeiras horas da descoberta dos corpos, velho e experiente delegado da Polícia Civil de São Paulo afirmava que o menino era o principal suspeito. Tinha um tiro na têmpora esquerda e era canhoto, como atestou sua professora. Ninguém melhor do que uma professora para saber se o aluno é destro ou canhoto, mas a imprensa deu crédito a um sujeito, vagamente identificado como parente, que afirmou ser o menino destro.
Quando foi visto (e filmado com dia, hora, minutos e segundos registrados na filmagem) saindo do carro perto da escola, depois das seis da manhã, seus pais e suas avós já estavam mortos nas duas casas construídas em um só terreno. Tanto assim que os pais foram procurados pelos colegas de trabalho no final da tarde, porque não compareceram pela manhã ao serviço na PM paulista, onde a mulher era cabo e seu marido sargento de tropa de elite. Amanhã tem mais.
Perfil
Dia desses reencontrei amigo que não via desde o século e o milênio passados. Magro, 1,80m, cabelos fartos grisalhando, risonho, continua o carioca que conheci há 40 anos, casado, pai de filhos, sempre alegre, formava com a mulher o par ideal. A chegada do casal era uma festa dentro de outra festa: educados, bebiam bem, contavam histórias divertidas e me davam a impressão de par perfeito, os dois nas respectivas profissões, ele titular de boa clínica.
Acontece que o amigo padecia de uma síndrome não muito comum, que agora batizo como Síndrome de L.E., isto é, de libido exacerbada. Entre outras proezas, ainda casado, namorou ao mesmo tempo duas atrizes muito conhecidas de todos vocês, mãe e filha. Dá para imaginar a confusão de esconder da mulher, da atriz mãe e da atriz filha a simultaneidade amorosa, mas o esquema funcionou durante anos.
Em viagem de compra de terras para terceiros, lá estive com o excelente patrício num cabaré cuiabano. Ao terceiro uísque, notei que ele estava loucamente apaixonado pela profissional que se assentou à nossa mesa, levou-a para o hotel e na manhã seguinte continuava apaixonadíssimo, quando se despediu da cuiabana honestamente amada e remunerada. Se continua operacional, deve estar fazendo a felicidade de inúmeras senhoras e senhoritas.
O mundo é uma bola
11 de setembro de 1609: Henry Hudson descobre o Rio Hudson, que, suponho, seja aquele de Nova York. Em 1714, tomada de Barcelona pelas forças borbónicas (?) durante a Guerra da Sucessão Espanhola. Barcelona é aquela do time de futebol presidido pelo Sandro Rossell, gente finíssima, amigo de amigos nossos, catalão que embolsa
US$ 450 mil em toda partida disputada pela Seleção Brasileira. Borbónicas deve ter relação com os membros de família francesa, originada em 1272, à qual pertenceram soberanos da França, Espanha, Nápoles e Duas Sicílias.
Em 1968, lançamento da primeira edição da revista Veja, que tem prestado bons serviços ao país. Em 1969, a Junta Militar edita o AI-5. Em 1985, desastre ferroviário de Moimenta-Alcafache, na Linha da Beira Alta, o maior ocorrido em Portugal. Estima-se que tenham morrido 150 pessoas.
Em 2001, ataque de radicais muçulmanos às Torres Gêmeas de Nova York matando cerca de 3 mil pessoas. Em 1965 nasceu o médico Bashar al-Assad, presidente da Síria, casado com a linda Asma.
Hoje é o Dia do Cerrado.
Ruminanças
“Die Religion ist das Opium des Volks” (Karl Heinrich Marx, 1818–1883).
Enquanto philosopho, não acho que tenha existido crime continuado na Vila Brasilândia, em São Paulo, onde foram encontrados os corpos de cinco pessoas: um menino de 13 anos, seus pais, sua avó materna e uma tia-avó, cada um morto com uma bala de pistola P.40 na cabeça.
Encontrados os corpos, todos pensaram em crime continuado, mas as primeiras evidências, à luz do meu alto philosophar, transformaram as cinco mortes numa tragédia, acontecimento funesto que despertou piedade e horror. Toda a imprensa, ela sim, cometeu crime continuado ao veicular notícias e comentários que se chocavam com a evidência dos fatos: o menino de 13 anos saiu dirigindo o carro da mãe por volta de uma hora da manhã, o carro foi filmado estacionando junto à calçada, próxima da escola em que ele estudava, pouco depois da hora em que foi visto saindo de casa. Às seis da manhã o menino foi filmado saindo do carro e andando pela calçada até a sua escola, onde assistiu às aulas e voltou para Vila Brasilândia de carona no carro do pai de um coleguinha. Seu corpo foi encontrado junto com os dos pais ao cair da noite daquele dia. Tinha a pistola P.40 próxima da mão esquerda e uma perfuração na têmpora esquerda.
A partir daí, quase toda a imprensa falada, escrita e televisionada praticou o crime continuado de veicular hipóteses ventiladas por qualquer imbecil, dos muitos que andam por aí. Primeira: o menino não sabia dirigir. Ora, não há filho único de 13 anos, de pais que tenham dois automóveis, que não tenha sido ensinado a dirigir.
Desde as primeiras horas da descoberta dos corpos, velho e experiente delegado da Polícia Civil de São Paulo afirmava que o menino era o principal suspeito. Tinha um tiro na têmpora esquerda e era canhoto, como atestou sua professora. Ninguém melhor do que uma professora para saber se o aluno é destro ou canhoto, mas a imprensa deu crédito a um sujeito, vagamente identificado como parente, que afirmou ser o menino destro.
Quando foi visto (e filmado com dia, hora, minutos e segundos registrados na filmagem) saindo do carro perto da escola, depois das seis da manhã, seus pais e suas avós já estavam mortos nas duas casas construídas em um só terreno. Tanto assim que os pais foram procurados pelos colegas de trabalho no final da tarde, porque não compareceram pela manhã ao serviço na PM paulista, onde a mulher era cabo e seu marido sargento de tropa de elite. Amanhã tem mais.
Perfil
Dia desses reencontrei amigo que não via desde o século e o milênio passados. Magro, 1,80m, cabelos fartos grisalhando, risonho, continua o carioca que conheci há 40 anos, casado, pai de filhos, sempre alegre, formava com a mulher o par ideal. A chegada do casal era uma festa dentro de outra festa: educados, bebiam bem, contavam histórias divertidas e me davam a impressão de par perfeito, os dois nas respectivas profissões, ele titular de boa clínica.
Acontece que o amigo padecia de uma síndrome não muito comum, que agora batizo como Síndrome de L.E., isto é, de libido exacerbada. Entre outras proezas, ainda casado, namorou ao mesmo tempo duas atrizes muito conhecidas de todos vocês, mãe e filha. Dá para imaginar a confusão de esconder da mulher, da atriz mãe e da atriz filha a simultaneidade amorosa, mas o esquema funcionou durante anos.
Em viagem de compra de terras para terceiros, lá estive com o excelente patrício num cabaré cuiabano. Ao terceiro uísque, notei que ele estava loucamente apaixonado pela profissional que se assentou à nossa mesa, levou-a para o hotel e na manhã seguinte continuava apaixonadíssimo, quando se despediu da cuiabana honestamente amada e remunerada. Se continua operacional, deve estar fazendo a felicidade de inúmeras senhoras e senhoritas.
O mundo é uma bola
11 de setembro de 1609: Henry Hudson descobre o Rio Hudson, que, suponho, seja aquele de Nova York. Em 1714, tomada de Barcelona pelas forças borbónicas (?) durante a Guerra da Sucessão Espanhola. Barcelona é aquela do time de futebol presidido pelo Sandro Rossell, gente finíssima, amigo de amigos nossos, catalão que embolsa
US$ 450 mil em toda partida disputada pela Seleção Brasileira. Borbónicas deve ter relação com os membros de família francesa, originada em 1272, à qual pertenceram soberanos da França, Espanha, Nápoles e Duas Sicílias.
Em 1968, lançamento da primeira edição da revista Veja, que tem prestado bons serviços ao país. Em 1969, a Junta Militar edita o AI-5. Em 1985, desastre ferroviário de Moimenta-Alcafache, na Linha da Beira Alta, o maior ocorrido em Portugal. Estima-se que tenham morrido 150 pessoas.
Em 2001, ataque de radicais muçulmanos às Torres Gêmeas de Nova York matando cerca de 3 mil pessoas. Em 1965 nasceu o médico Bashar al-Assad, presidente da Síria, casado com a linda Asma.
Hoje é o Dia do Cerrado.
Ruminanças
“Die Religion ist das Opium des Volks” (Karl Heinrich Marx, 1818–1883).
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