ZERO HORA - 15/09/2013
Um
dos problemas das grandes cidades, e até das pequenas, é encontrar
lugar para estacionar. Uma vaga livre, hoje, é um bilhete premiado.
Imagino que você, que dirige, concorde com isso. E deve ficar, como eu,
indignado com motoristas que não dão a mínima para as linhas amarelas
que delimitam o espaço para os automóveis nos estacionamentos de
shoppings e demais áreas comerciais.
Sei que o assunto não é
relevante, mas você entenderia se fosse colunista de jornal há quase 20
anos e tivesse a impressão de já ter escrito sobre tudo. Aliás, creio
que até já mencionei o desrespeito às linhas sinalizadoras amarelas, mas
voltarei ao assunto: escrever é se repetir.
Então lá vem o
piloto, com pressa. O estacionamento está quase vazio, há várias vagas
ainda disponíveis. Ele nem titubeia: imbica o carro de qualquer jeito,
sem reparar que avançou em cima da faixa amarela, impossibilitando que
outro motorista estacione a seu lado. Ele está ocupando duas vagas e não
se importa, pois não enxerga além do próprio umbigo e não é da sua
conta se daqui a pouco aquele estacionamento estará lotado de pessoas
procurando vaga – ele não foi programado para pensar nos outros.
O
que ele deveria fazer, sem gastar mais do que 10 segundos do seu
precioso tempo, era manobrar (para frente e para trás, isso) até deixar o
carro reto entre as duas faixas, com espaço suficiente para ter
vizinhos que, além de estacionarem, conseguirão abrir as portas de seus
veículos. Eu costumo manobrar até deixar o carro retinho e, juro, não
perco os braços, o consumo de combustível não se altera e a gentileza
dura mesmo 10 segundos, ou até menos, se você for um às do volante.
Aí
você me diz: “Pois é, penso como você, mas às vezes encontro uma vaga
em que o cara do lado estacionou mal, invadindo o espaço alheio, e aí
não me resta alternativa a não ser fazer o mesmo. Depois o engraçadinho
sai com o carro e fica o meu ali atravessado, parecendo que eu é que
estacionei errado desde o início”.
Conheço a situação. Não é
fácil. Mas aí a sociedade conta com sua beatitude: não estacione errado
só porque seu irmão o fez. Procure outra vaga. Dê voltas. Esmurre a
direção, pragueje contra o infeliz, mas não repita o que ele fez, pois
se o fizer criará uma corrente em que todos, durante todo o dia,
estacionarão em cima das faixas amarelas e o resultado será menos vagas
disponíveis.
Eu poderia estar roubando, matando, mas estou
apenas esmolando sua compreensão. Se você estacionar seu carro
direitinho no espaço destinado a ele, sem deixar torto, sem avançar na
vaga alheia, sem abandoná-lo com displicência, sua contribuição será
reconhecida e há grande chance de nós, daqui a algum tempo, não termos
que pagar multa por causa disso também, já que a única didática eficaz
do país é mexer no nosso bolso.
Vamos tentar ser educados de graça.
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