quinta-feira, 17 de outubro de 2013

EM CHIMPANZÉS » Bocejo demonstra a formação de empatia

Estado de Minas: 17/10/2013 

Apenas os animais com mais de 5 anos foram contagiados pelo bocejo (Madsen EA/Divulgação )


O bocejo pode ser sinal de empatia: diversos estudos indicam que, quando um indivíduo se identifica com outro, ele é contagiado pelo ato de abrir a boca e fazer o “ahhhh” característico. Segundo uma pesquisa publicada na edição de ontem da revista Plos One, realizada em um santuário de chimpanzés, à medida que esses animais crescem, aumenta também o potencial de contágio, uma indicação de que a juventude, pelo menos entre os primatas não humanos, é um período de intensificação da empatia.

Os cientistas, liderados por Elainie Madsen, da Universidade de Lund, examinaram se a idade e a proximidade emotiva influenciam a suscetibilidade dos chimpanzés ao bocejo contagiante. Trinta e três primatas órfãos, sendo 12 na infância (1 a 4 anos) e 21 na juventude (5 a 8 anos), foram incluídos na investigação. O teste era constituído de uma sequência de sete sessões com cinco minutos cada uma, em que um humano conhecido e um não familiar aos chimpanzés bocejavam ou coçavam o nariz repetidas vezes.

Descobriu-se que o bocejo, mas não a coceira do nariz, era contagiante para chimpanzés jovens. Já os menores não repetiram nenhuma das duas ações. A proximidade da pessoa que bocejava não influenciou o resultado. De acordo com os cientistas, esse é um indicativo de que a empatia vai sendo construída com o tempo. “Os resultados refletem um padrão de desenvolvimento geral, compartilhado por humanos e outros animais. Dado que o bocejo contagiante pode ser uma resposta de empatia, podemos inferir que esse sentimento se desenvolve devagar ao longo dos primeiros anos de vida”, diz Madsen. 

Do ponto de vista evolutivo, a ciência acredita que o bocejo contagiante pode ser um gesto inconsciente para demonstrar identificação. “É como se um indivíduo dissesse ao outro: ‘Ei, eu sou como você e gosto de você, por isso, vou reproduzir seu gesto”, diz Inge-Marie Eigsti, chefe do Laboratório de Psicologia da Universidade de Connecticut. Como, além de seres humanos, outros grandes primatas também mostram essa habilidade, Eigsti, que não participou da pesquisa sugere que a característica seja resultado da evolução.

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