HIPOCAMPO
Carlos Emílio Faraco
Deixei o olhar navegar
À solta dentro do aquário.
Era um olhar único,
(Não era vário)
Forjado naquele silêncio
Que arde num fim de tarde.
Brilhou em toda escama
De cada peixe azulado
E se plasmou no olhar
Do único peixe dourado.
Mas avesso a ser só ouro
Cravado no fim do caminho,
Pulou pra crina confusa
De um louro cavalo marinho.
Entre brilhar
E ficar,
Meu olhar,
Nascido cigano,
Escolheu galopar.
***
O caso é que
O amor alheio
Pode ser bonito,
Pode ser feio,
Pode ser fraco,
Pode ser forte,
Pode ser singelo,
Pode ser altivo.
O amor da gente
É só substantivo.
Fonte
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