Estado de Minas: 28/12/2013
Pergunta-se ao médico:
– Doutor, por que essa ingresia, essa vozearia contra o plano Mais Médicos, do governo federal? É contra os cubanos?
– Não, nada contra os profissionais cubanos...
– Um garoto nascido e criado numa grande cidade, como você, acostumado ao conforto, bons restaurantes, casas de shows, shoppings, trabalharia numa pequena cidade, sem opções de lazer, mesmo se o prefeiro pagasse um bom salário e montasse um posto de saúde com os equipamentos necessários?
– A questão não é por aí.
– É por onde, então?
– Se for trabalhar numa cidade do Vale do Mucuri, a 500, 600 quilômetros de Belo Horizonte, e uma criança caísse nas minhas mãos com um ferimento grave, iria precisar de hospitalização, de uma especialidade cirúrgica urgente. Diante disso, com certeza a criança morreria no meu colo.
– Sem um hospital regional em condições de recebê-la, a solução seria trazê-la para a capital, sem garantia de que chegaria viva. É isso?
– Sim. O médico seria apedrejado, crucificado, linchado até, porque as pessoas acham que o doutor tem a solução para tudo.
O Brasil tem um dos melhores sistemas de saúde do mundo, o SUS. Na teoria, no papel, é perfeito. Faltam-lhe profissionais e não recebeu a estrutura física que merece. E o pouco que tem está sucateado. A sugestão vem das maratonas religiosas das madrugadas na TV. Em um dos programas, a senhora, com um monte de papéis nas mãos, é chamada ao palco pelo pregador:
– Fale, minha filha, da sua graça...
– Olhe apóstolo, estava desenganada pelos médicos. Tinha um tumor maligno na cabeça. Os exames estão aqui. Mas encontrei a cura na segunda vez que entrei neste templo.
O pastor não se contém:
– Milagre! Milagre! Glória a Deus. Repita comigo, minha senhora, glória a Deus!!! Isso custou alguma coisa para senhora?
– Não, apóstolo.
– Glória a Deus!
Em seguida sobe um homem, de cadeiras de rodas. Não andava havia 30 anos. Levanta-se, joga as muletas no chão e caminha sobre o palco. “Glória a Deus, glória a Deus”, repetem as quase 5 mil pessoas espremidas no grande galpão.
Em outro canal, a mulher está diante do pregador. Eufórica, e quase sem fôlego, conta:
– Há três meses, apóstolo, entrei com meu marido neste templo. Estávamos desesperados. Não tínhamos nem sequer o que comer. Havíamos perdido tudo, casa, dinheiro, trabalho, tudo.
– E hoje, minha senhora?
– Hoje, apóstolo, temos uma cobertura de 1 mil metros quadrados de frente para a Praia de Copacabana, temos nossas empresas, carros. Estamos glorificados.
– Glória a Deus, glória a Deus!!!
Não há aqui dúvida sobre o poder divino. De forma nenhuma. Mas não é qualquer um que consegue alcançá-lo na plenitude. Isso é fato. É preciso ser alguém especial, como se ouve dos apóstolos da TV nas madrugadas insones.
Daí as sugestões. Está chegando ano eleitoral. A cadeira de presidente do país está em disputa. Como entra mandato e finda mandato sem solução para a saúde, por que não convidar o primeiro pastor para assumir o comando do SUS? O segundo, o que ajudou a acabar com a miséria do casal, poderia ocupar três ministérios: Fazenda, Trabalho e Emprego e Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Economia para o país e praticidade.
Glória a Deus...
– Doutor, por que essa ingresia, essa vozearia contra o plano Mais Médicos, do governo federal? É contra os cubanos?
– Não, nada contra os profissionais cubanos...
– Um garoto nascido e criado numa grande cidade, como você, acostumado ao conforto, bons restaurantes, casas de shows, shoppings, trabalharia numa pequena cidade, sem opções de lazer, mesmo se o prefeiro pagasse um bom salário e montasse um posto de saúde com os equipamentos necessários?
– A questão não é por aí.
– É por onde, então?
– Se for trabalhar numa cidade do Vale do Mucuri, a 500, 600 quilômetros de Belo Horizonte, e uma criança caísse nas minhas mãos com um ferimento grave, iria precisar de hospitalização, de uma especialidade cirúrgica urgente. Diante disso, com certeza a criança morreria no meu colo.
– Sem um hospital regional em condições de recebê-la, a solução seria trazê-la para a capital, sem garantia de que chegaria viva. É isso?
– Sim. O médico seria apedrejado, crucificado, linchado até, porque as pessoas acham que o doutor tem a solução para tudo.
O Brasil tem um dos melhores sistemas de saúde do mundo, o SUS. Na teoria, no papel, é perfeito. Faltam-lhe profissionais e não recebeu a estrutura física que merece. E o pouco que tem está sucateado. A sugestão vem das maratonas religiosas das madrugadas na TV. Em um dos programas, a senhora, com um monte de papéis nas mãos, é chamada ao palco pelo pregador:
– Fale, minha filha, da sua graça...
– Olhe apóstolo, estava desenganada pelos médicos. Tinha um tumor maligno na cabeça. Os exames estão aqui. Mas encontrei a cura na segunda vez que entrei neste templo.
O pastor não se contém:
– Milagre! Milagre! Glória a Deus. Repita comigo, minha senhora, glória a Deus!!! Isso custou alguma coisa para senhora?
– Não, apóstolo.
– Glória a Deus!
Em seguida sobe um homem, de cadeiras de rodas. Não andava havia 30 anos. Levanta-se, joga as muletas no chão e caminha sobre o palco. “Glória a Deus, glória a Deus”, repetem as quase 5 mil pessoas espremidas no grande galpão.
Em outro canal, a mulher está diante do pregador. Eufórica, e quase sem fôlego, conta:
– Há três meses, apóstolo, entrei com meu marido neste templo. Estávamos desesperados. Não tínhamos nem sequer o que comer. Havíamos perdido tudo, casa, dinheiro, trabalho, tudo.
– E hoje, minha senhora?
– Hoje, apóstolo, temos uma cobertura de 1 mil metros quadrados de frente para a Praia de Copacabana, temos nossas empresas, carros. Estamos glorificados.
– Glória a Deus, glória a Deus!!!
Não há aqui dúvida sobre o poder divino. De forma nenhuma. Mas não é qualquer um que consegue alcançá-lo na plenitude. Isso é fato. É preciso ser alguém especial, como se ouve dos apóstolos da TV nas madrugadas insones.
Daí as sugestões. Está chegando ano eleitoral. A cadeira de presidente do país está em disputa. Como entra mandato e finda mandato sem solução para a saúde, por que não convidar o primeiro pastor para assumir o comando do SUS? O segundo, o que ajudou a acabar com a miséria do casal, poderia ocupar três ministérios: Fazenda, Trabalho e Emprego e Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Economia para o país e praticidade.
Glória a Deus...
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