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Elas têm a força
Escritoras preparam novos projetos, confiantes no aumento do interesse dos brasileiros por literatura. Lya Luft, Mary del Priore e Márcia Tiburi anunciam lançamentos para este ano
Carlos Herculano Lopes
Estado de Minas: 03/01/2014
Se o ano passado foi
bom para as mulheres que se dedicam à literatura no Brasil, 2014
promete boas surpresas. Novos projetos não faltam a escritoras
consagradas como Lya Luft, Mary Del Priore, Márcia Tiburi e Ana Paula
Maia. Que o diga Del Priore, às voltas com um novo tema – o sobrenatural
– depois de lançar mais de 20 livros de história, entre eles Condessa
de Barral – a paixão do imperador, O príncipe maldito e o best-seller
Histórias íntimas.
“Minha paixão é escrever. Estou sempre envolvida com pesquisas que me levam a novos personagens e a buscar narrativas que tragam informação e prazer para o leitor. Desse ponto de vista, meu próximo livro, que está bastante adiantado, será o melhor que puder fazer, ainda mais com esse fascinante tema”, conta ela.
Coisas “do outro mundo” à parte, Mary Del Priore diz que o público brasileiro tem se interessado mais por história, principalmente depois de a mídia dar visibilidade para publicações nessa área. Mas ainda falta multiplicar leitores, acredita a professora, que deu aulas na Universidade de São Paulo (USP) e na PUC Rio. Isso só será possível quando o ensino da matéria for menos afeito a enfoques ideológicos, priorizando a paixão e a curiosidade do leitor. Para isso, adverte Mary, é necessário mudar mentalidades.
“Nosso patrimônio histórico não tem verbas para sua salvaguarda; as comunidades não veem seu passado material ou imaterial como prioridade; nas escolas, faltam políticas de educação patrimonial que consolidem um modelo de cidadania cultural. O terceiro setor, que vem se batendo pelo cuidado aos bens culturais, é ignorado pelas autoridades e pela própria sociedade”, afirma Mary.
MEDIOCRIDADE Dizendo-se bastante pessimista em relação ao novo ano, “pois, no Brasil, estamos passando por uma fase de mediocridade generalizada”, Lya Luft prepara o lançamento de O tempo é um rio que corre (Record), previsto para março. “Trata-se de um pequeno ensaio sobre o mistério do tempo que passa. Acho que as pessoas vão se divertir com a sua leitura”, acredita a gaúcha, autora do best-seller Perdas & ganhos.
De acordo com Lya, livros de ficção mais densos têm enfrentado dificuldades no Brasil. As pessoas, constata a escritora, querem leitura mais leve e divertida, sem maiores compromissos. “Não é culpa delas, mas do clima de futilidade geral que tem imperado por aí”, resume.
Gaúcha como Lya Luft e radicada em São Paulo, a romancista e filósofa Márcia Tiburi já está escrevendo novo livro, mas evita detalhá-lo para não atrapalhar seu processo criativo. “Será um tipo muito específico de obra de arte”, adianta. Para ela, a literatura brasileira experimentou bom momento no ano passado, apesar dos problemas econômicos, políticos e culturais enfrentados pelo país. “Estou otimista, espero que 2014 seja melhor em todos os sentidos, inclusive o literário”, diz.
A romancista carioca Ana Paula Maia, autora do celebrado De gados e homens, constata que o público leitor – principalmente feminino – aumentou bastante. “Elas são mais exigentes. Percebo um crescimento do número de mulheres interessadas nos meus livros, o que é uma grata surpresa, pois não são voltados para elas. Espero que 2014 também seja bom para a literatura”, conclui.
TRÊS PERGUNTAS PARA...
. Josélia Aguiar
. Crítica literária e jornalista
“Minha paixão é escrever. Estou sempre envolvida com pesquisas que me levam a novos personagens e a buscar narrativas que tragam informação e prazer para o leitor. Desse ponto de vista, meu próximo livro, que está bastante adiantado, será o melhor que puder fazer, ainda mais com esse fascinante tema”, conta ela.
Coisas “do outro mundo” à parte, Mary Del Priore diz que o público brasileiro tem se interessado mais por história, principalmente depois de a mídia dar visibilidade para publicações nessa área. Mas ainda falta multiplicar leitores, acredita a professora, que deu aulas na Universidade de São Paulo (USP) e na PUC Rio. Isso só será possível quando o ensino da matéria for menos afeito a enfoques ideológicos, priorizando a paixão e a curiosidade do leitor. Para isso, adverte Mary, é necessário mudar mentalidades.
“Nosso patrimônio histórico não tem verbas para sua salvaguarda; as comunidades não veem seu passado material ou imaterial como prioridade; nas escolas, faltam políticas de educação patrimonial que consolidem um modelo de cidadania cultural. O terceiro setor, que vem se batendo pelo cuidado aos bens culturais, é ignorado pelas autoridades e pela própria sociedade”, afirma Mary.
MEDIOCRIDADE Dizendo-se bastante pessimista em relação ao novo ano, “pois, no Brasil, estamos passando por uma fase de mediocridade generalizada”, Lya Luft prepara o lançamento de O tempo é um rio que corre (Record), previsto para março. “Trata-se de um pequeno ensaio sobre o mistério do tempo que passa. Acho que as pessoas vão se divertir com a sua leitura”, acredita a gaúcha, autora do best-seller Perdas & ganhos.
De acordo com Lya, livros de ficção mais densos têm enfrentado dificuldades no Brasil. As pessoas, constata a escritora, querem leitura mais leve e divertida, sem maiores compromissos. “Não é culpa delas, mas do clima de futilidade geral que tem imperado por aí”, resume.
Gaúcha como Lya Luft e radicada em São Paulo, a romancista e filósofa Márcia Tiburi já está escrevendo novo livro, mas evita detalhá-lo para não atrapalhar seu processo criativo. “Será um tipo muito específico de obra de arte”, adianta. Para ela, a literatura brasileira experimentou bom momento no ano passado, apesar dos problemas econômicos, políticos e culturais enfrentados pelo país. “Estou otimista, espero que 2014 seja melhor em todos os sentidos, inclusive o literário”, diz.
A romancista carioca Ana Paula Maia, autora do celebrado De gados e homens, constata que o público leitor – principalmente feminino – aumentou bastante. “Elas são mais exigentes. Percebo um crescimento do número de mulheres interessadas nos meus livros, o que é uma grata surpresa, pois não são voltados para elas. Espero que 2014 também seja bom para a literatura”, conclui.
TRÊS PERGUNTAS PARA...
. Josélia Aguiar
. Crítica literária e jornalista
O ano que passou foi bom para as escritoras brasileiras?
Não só 2013. Nos últimos anos, temos assistido à estreia ou ao lançamento de livros significativos de autoras de todas as idades, tanto na prosa quanto na poesia. Não só para as mulheres as coisas parecem melhores: a literatura brasileira contemporânea passa por uma revalorização, ao menos em relação ao interesse da imprensa, o que deixa editoras e curadorias mais receptivas a autores nacionais. Como no passado tínhamos menos mulheres na ativa, a impressão pode ser de que as coisas têm sido mais interessantes particularmente para elas. Numericamente, creio que a quantidade de homens na cena literária ainda é maior.
Que livros lançados em 2013 por escritoras você destacaria?
Vou destacar livros de ficção, em ordem alfabética: Hanói, de Adriana Lisboa; As miniaturas, de Andréa Del Fuego; Esquilos de Pavlov, de Laura Erber; e Opisanie Swiata, de Veronica Stigger.
Quais são os seus projetos literários para 2014?
Além de continuar escrevendo sobre literatura, já que sou especializada na área, estou concluindo uma biografia de Jorge Amado para o selo Três Estrelas.
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