sábado, 10 de maio de 2014

ARNALDO VIANA - Mãe... de forno e fogão‏

Estado de Minas: 10/05/2014 



Duas décadas e meia de casamento, um casal de filhos. Típica dona do lar. Sempre foi. De cozinhar, de lavar, de passar, de arrumar a casa. De cuidar do marido nas dores do corpo e da alma. De fazer o xarope caseiro para curar a gripe das crianças. De levá-las à escola, missão que só abandonou quando a adolescência do menino e da menina chegou. Nunca reclamou. Nem das noitadas do companheiro com os amigos em dias de futebol. Amélia, como a personagem da música de Mário Lago e Ataulfo Alves? Pode ser. Mas é o que ela sempre soube fazer de melhor. Ser mãe, mulher e dona de casa.

Mas tinha lá seus sonhos. Um dia, diante da TV com o marido e os filhos, viu uma curta reportagem sobre o Uruguai. Já tinha certa admiração pelo país às margens do Rio da Prata. Uma manhã, folheou a edição especial de uma revista de turismo dedicada a Montevidéu. A cidade, pela arquitetura e pelo urbanismo, a remetia ao romantismo. E havia ainda Punta del Este. E não houve como não suspirar fundo naquela noite diante da televisão com toda a família reunida. Não esperava nada. Mas, quem sabe? A filha já estivera na Irlanda, o filho em Miami e o marido viajara duas ou três vezes atrás de time de futebol. Ela? Nunca saiu do país.

O suspiro, involuntário, poderia ter chamado a atenção. Quem sabe? O intenso desejo de conhecer o Uruguai a levou a comentar com a irmã, que mora no Rio de Janeiro. Um mês antes do Dia da Mães, a irmã ligou. Havia comprado um pacote para duas pessoas: cinco dias em Montevidéu e cinco em Buenos Aires. Viajariam da capital uruguaia à capital argentina por água, pelo catamarã. “Confirmo com você depois, pode ser que eu tenha uma surpresa em casa…”

Chegou o Dia das Mães. Fez aquele almoço típico das famílias mineiras. Arroz de forno, frango assado, queijo, goiabada… Arrumou um pouco os cabelos, botou o melhor vestido e todos à mesa. Abraços, declarações e os presentes. Primeiro, o filho: “Mãe, vi esse aparelho em uma loja e não resisti. É mais que um rodo. Não precisa mais passar pano no chão”. Depois, a filha: “Mãinha, esse jogo de pano de pratos é lindo, bordado à mão. Vai adorar.” Por último, o maridão: “Um jogo de panelas novo. Esmaltado, tampa, de vidro. Sua cozinha vai ficar um luxo só”.

Ela olhou os presentes. Se é que àquela altura poderia chamar aquele arsenal caseiro de presentes. Pasma! Duas décadas e meia de dedicação, de avental engordurado, luvas, vassoura, bucha encharcada de detergente... Ahh, e o Uruguai, Montevidéu… Mal olhou para os presentes. Pegou o telefone e ligou para a irmã. “Pode confirmar a viagem. Já estou indo.” Só depois de desligar o aparelho olhou para o marido e os filhos, que a encaravam com espanto.

Pergunta do Negão 1: Viu o pacote de benefícios que a Lei Geral da Copa concede à Fifa? Inclui isenção de certos impostos. Na discussão do texto da lei, o chefe da Advocacia Geral da União (AGU), Luís Inácio Adams, ao defender o acordo do governo com a entidade do futebol, teria dito: “A Fifa não pediu ao Brasil que organizasse o Mundial”. Alguém aí pediu para nascer no Brasil? Não! E alguém aí deixa de pagar imposto por causa disso? Eu, hein!

Pergunta do Negão 2: Roubaram um leão de 300 quilos. Cidadão estranhou: “Como se rouba um leão?”. Não roubaram, nas barbas do governo e da polícia do Rio, seis vigas de aço da Zona Portuária carioca, cada uma pesando 20 toneladas? Façanha para guindastes poderosos, carretas de 40 rodas, esquema especial de trânsito… E alguém viu? E um leão, um leãozinho de nada, alguém iria ver?

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