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Sono no Mineirão, pesadelo no Castelão
"É claro que depois do jogo o discurso
estava ensaiado. Jogadores e técnico disseram que já sabiam que o
adversário era forte e a vitória seria difícil. Quem quiser que engula"
Jaeci Carvalho
Estado de Minas: 18/06/2014
Fui ao
Mineirão assistir a Bélgica 2 x 1 Argélia, de virada, num dos piores
jogos da Copa. Saí no intervalo e corri para a redação da TV, onde
acompanhei Brasil 0 x 0 México, apresentando depois o Alterosa no
ataque. É muito legal ver o patriotismo da torcida brasileira, cantando o
hino mesmo depois que a música parou. Mas achei exagerada a forma de
cantar dos jogadores, alguns até chorando. Mundial se ganha com bom
futebol, não com jogo de cena. Pior foi ver um dos assistentes correr
para o meio-campo quando Fred, impedido, chutou na rede pelo lado de
fora. O árbitro corrigiu. Sinceramente, nunca havia visto isso.
Alguém
pode me explicar o que fazem Luiz Gustavo e Paulinho no meio-campo?
Reservas nos clubes, têm sido um fracasso na Seleção. É difícil se
empolgar com um time que não cria, não chega à área adversária, não
convence. Os cruzamentos são a única opção. A segunda bola era sempre
mexicana.
O Brasil deixa a desejar em todos os aspectos. Oscar
foi um zero à esquerda. Neymar deu uma arrancada e uma cabeçada, nada
mais. Pouco para quem é nosso melhor jogador e de quem se espera mais.
Que tipo de treinamento a equipe anda fazendo, que ninguém questiona? Já
disse que há muito oba-oba e pouca produtividade. Cabelos pintados,
hino a plenos pulmões, mas bola que é bom, nada.
Outro dia, em
longo papo com um comentarista de TV, amigo e ex-jogador, afirmei que
era a pior Seleção que já vi em Copas. Ele concordou, mas disse que não
pode falar no ar, porque a ordem da emissora é jogar para cima, senão a
audiência cai. Como não tenho esse problema, ponho o dedo na ferida há
muito tempo. Nossa Seleção parece biscoito de polvilho: muito barulho,
pouco conteúdo. Quem vê Alemanha, Holanda e até Itália jogando percebe a
diferença. Equipes criativas, velozes, bem treinadas e ordenadas, com
jogadores titulares em clubes.
Então, volto a perguntar: como
acreditar em título com time tão fraco e limitado? Parreira e Felipão
vendem produto que não existe. Mas não nos esqueçamos da sorte. No
primeiro tempo, ela não esteve conosco. Quem sabe no segundo? Felipão
parece ter percebido que a equipe estava mal e pôs Bernard no lugar de
Ramires, que tinha cartão amarelo. A torcida, até então morna, voltou a
incentivar. E com Bernard jogadas pelas extremas começaram a aparecer.
Os
volantes brasileiros são extremamente burocráticos: marcam, mas não
criam. E o México cresceu, dominou, chutou a gol sempre com perigo. O
Brasil era uma equipe entregue, sem imaginação. Felipão só sabia
reclamar da arbitragem. O torcedor perdeu a paciência e começou a vaiar.
Por falar em paciência, o técnico perdeu a dele e pôs Jô em campo.
Coitado do Fred. Se a bola não chega, fica difícil.
É
inadmissível termos um lateral como Daniel Alves, uma avenida, que os
mexicanos souberam explorar. A 10 minutos do fim, Felipão lançou mão de
Willian. A esperança estava nos pés de um desconhecido, que entrou na
vaga de um fraco Oscar. Com pouco tempo, ele não poderia mesmo fazer
muito. O Brasil continua um bando, desorganizado, sem objetividade e
emoção. Nunca vi uma Seleção vender imagem tão positiva e ser o
contrário. Pior é perceber que ninguém questiona, ninguém cobra. Parece
absolutamente normal empatar com o México numa Copa em casa. Para quem
não se lembra, os mexicanos se classificaram para o Mundial na bacia das
almas, com péssimo futebol.
É claro que depois do jogo o
discurso estava ensaiado. Jogadores e técnico disseram que já sabiam que
o adversário era forte e a vitória seria difícil. Quem quiser que
engula. Como a vitória sobre a Croácia mascarou muita coisa, havia quem
acreditasse na classificação antecipada. Esse Brasil não me convence. A
eliminação é questão de tempo. Bastará pegarmos adversário forte e bem
armado. E isso poderá ocorrer já na próxima fase. Para quem viu
Alemanha, Itália e Holanda dando show, é bom pôr as barbas de molho.
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