Estado de Minas: 18/06/2014
A economia digital
vem crescendo 8% ao ano nos países do G20 e vai atingir 5,3% do PIB
desses países em 2016, de acordo com o Boston Consulting Group (BCG).
Mas o Brasil está crescendo mais lentamente que os seus pares e a
perspectiva é chegar a 2016 com apenas 2,4% do PIB. Teremos, no final de
2015, quase 3 bilhões de pessoas conectadas, o que mostra que estamos
vivendo em um mundo cada vez mais digitalizado. Já ultrapassamos, em
muito, o momento em que bastava que as empresas tivessem um site. Hoje
os negócios têm os seus processos centrais cada vez mais alicerçados em
tecnologia, transacionam pela Web, redes socais e/ou por dispositivos
móveis.
Para medir quanto o ambiente é propicio para a economia digital, o BCG criou um índice chamado de “e-Intensity”, composto de três categorias: 1– disponibilidade da infraestrutura de internet, 2 – gastos on-line (incluindo compras, publicidade) e 3 – engajamento (o grau que os governos, empresas e consumidores estão envolvidos com a internet).
Mas, o que podemos fazer para potencializar esse crescimento e o Brasil não ficar para trás na economia digital? Essa discussão envolve boa parte do mesmo debate feito na economia física, mas com algumas particularidades. Claro que o Brasil precisa dispor de um infraestrutura de acesso à internet mais robusta, confiável e acessível a toda a população economicamente ativa. É impressionante a diferença da velocidade de acesso no Brasil e em países do Primeiro Mundo. Não podemos deixar que a nossa infra-estrutura digital fique sucateada ou defasada como a física (estradas, ferrovias, etc).
O mundo digital é ágil por natureza; por consequência, devem existir regulações e procedimentos para as empresas puramente digitais. Por exemplo, o que dois estudantes universitários com uma boa ideia na cabeça (sobre um Mobile App) têm que fazer para formalizar uma empresa? Quanto tempo eles levariam para viabilizar esse negócio? Ou seja, é necessário pensarmos um arcabouço legal, fiscal e burocrático que suporte adequadamente a economia digital. O último ponto mostra que não basta à população ter acesso à internet, ela precisa ter acesso aos meios de pagamento eletrônicos. Ela precisa ter meios para comprar on-line. Isso faz toda a diferença na economia digital.
Por exemplo, em 2000, eu era diretor da empresa de transportes rodoviário de passageiros que lançou o primeiro site de venda de passagens pela Web do mercado brasileiro. Na época, aceitávamos apenas cartão de crédito e era visível a relação direta entre as bandeiras aceitas e o faturamento do site. O site vendia, hipoteticamente, 500 passagens por dia e aceitava somente uma bandeira de cartão de crédito. Quando passamos a aceitar mais uma bandeira, o volume de passagens literalmente dobrou. Já nessa época, percebíamos claramente que a disponibilidade de meios eletrônicos para pagamento era fundamental para incrementar a receita de e-commerce.
É crível extrapolar esse exemplo para a economia digital e dizer que o seu crescimento robusto depende da disponibilidade de “dinheiro eletrônico”. Temos milhões de pessoas excluídas da economia digital, pois de acordo com o IBGE, 47% dos brasileiros com renda familiar entre um e dois salários mínimos não têm acesso aos serviços bancários no país. O mesmo ocorre com os autônomos, microempresários individuais e com mais da metade da população, que ainda recebe salário em dinheiro. Provavelmente, essa é uma das razões para o baixo desempenho brasileiro de acordo com o quadro do BCG.
O cartão de crédito tradicional vem prioritariamente desempenhando o papel de meio eletrônico de pagamento, mas a sua democratização esbarra em alguns pontos envolvendo o seu custo e o fato de haver uma concessão de crédito implícita. A questão então é: como incluir essa parcela da população na economia digital? São necessários novos métodos de pagamento eletrônicos, complementares e substitutos aos cartões de crédito. Esse é um movimento que já ocorre no Brasil com o lançamento de cartões pré-pagos e alguns modelos inovadores de cartões de crédito para suportar as pequenas empresas.
Temos também o fator Mobile Payments, onde o Gartner Group prevê que o mercado mundial deve crescer 35% ao ano entre 2012 e 2017, indo de US$ 163 bilhões a US$ 721 bilhões nesses cinco anos. No Brasil, o governo publicou em 30/10/2013 a Lei 12.875, que regula o setor de pagamentos. Porém, mesmo antes dessa lei, empresas da cadeia de valor de pagamentos, que inclui bancos, operadoras de cartões, operadoras de telefonia e outras instituições financeiras, já se mobilizavam, criando parcerias para lançar soluções a fim de explorar oportunidades no mercado.
Mas é suficiente? O que mais pode ser feito? Ficam as perguntas para reflexão, mas podemos concluir que algumas sementes foram plantadas e estão germinando. São necessárias novas ações com “mindset” digital voltadas para impulsionar ainda mais a nossa economia digital e, por consequência, o nosso PIB.
Para medir quanto o ambiente é propicio para a economia digital, o BCG criou um índice chamado de “e-Intensity”, composto de três categorias: 1– disponibilidade da infraestrutura de internet, 2 – gastos on-line (incluindo compras, publicidade) e 3 – engajamento (o grau que os governos, empresas e consumidores estão envolvidos com a internet).
Mas, o que podemos fazer para potencializar esse crescimento e o Brasil não ficar para trás na economia digital? Essa discussão envolve boa parte do mesmo debate feito na economia física, mas com algumas particularidades. Claro que o Brasil precisa dispor de um infraestrutura de acesso à internet mais robusta, confiável e acessível a toda a população economicamente ativa. É impressionante a diferença da velocidade de acesso no Brasil e em países do Primeiro Mundo. Não podemos deixar que a nossa infra-estrutura digital fique sucateada ou defasada como a física (estradas, ferrovias, etc).
O mundo digital é ágil por natureza; por consequência, devem existir regulações e procedimentos para as empresas puramente digitais. Por exemplo, o que dois estudantes universitários com uma boa ideia na cabeça (sobre um Mobile App) têm que fazer para formalizar uma empresa? Quanto tempo eles levariam para viabilizar esse negócio? Ou seja, é necessário pensarmos um arcabouço legal, fiscal e burocrático que suporte adequadamente a economia digital. O último ponto mostra que não basta à população ter acesso à internet, ela precisa ter acesso aos meios de pagamento eletrônicos. Ela precisa ter meios para comprar on-line. Isso faz toda a diferença na economia digital.
Por exemplo, em 2000, eu era diretor da empresa de transportes rodoviário de passageiros que lançou o primeiro site de venda de passagens pela Web do mercado brasileiro. Na época, aceitávamos apenas cartão de crédito e era visível a relação direta entre as bandeiras aceitas e o faturamento do site. O site vendia, hipoteticamente, 500 passagens por dia e aceitava somente uma bandeira de cartão de crédito. Quando passamos a aceitar mais uma bandeira, o volume de passagens literalmente dobrou. Já nessa época, percebíamos claramente que a disponibilidade de meios eletrônicos para pagamento era fundamental para incrementar a receita de e-commerce.
É crível extrapolar esse exemplo para a economia digital e dizer que o seu crescimento robusto depende da disponibilidade de “dinheiro eletrônico”. Temos milhões de pessoas excluídas da economia digital, pois de acordo com o IBGE, 47% dos brasileiros com renda familiar entre um e dois salários mínimos não têm acesso aos serviços bancários no país. O mesmo ocorre com os autônomos, microempresários individuais e com mais da metade da população, que ainda recebe salário em dinheiro. Provavelmente, essa é uma das razões para o baixo desempenho brasileiro de acordo com o quadro do BCG.
O cartão de crédito tradicional vem prioritariamente desempenhando o papel de meio eletrônico de pagamento, mas a sua democratização esbarra em alguns pontos envolvendo o seu custo e o fato de haver uma concessão de crédito implícita. A questão então é: como incluir essa parcela da população na economia digital? São necessários novos métodos de pagamento eletrônicos, complementares e substitutos aos cartões de crédito. Esse é um movimento que já ocorre no Brasil com o lançamento de cartões pré-pagos e alguns modelos inovadores de cartões de crédito para suportar as pequenas empresas.
Temos também o fator Mobile Payments, onde o Gartner Group prevê que o mercado mundial deve crescer 35% ao ano entre 2012 e 2017, indo de US$ 163 bilhões a US$ 721 bilhões nesses cinco anos. No Brasil, o governo publicou em 30/10/2013 a Lei 12.875, que regula o setor de pagamentos. Porém, mesmo antes dessa lei, empresas da cadeia de valor de pagamentos, que inclui bancos, operadoras de cartões, operadoras de telefonia e outras instituições financeiras, já se mobilizavam, criando parcerias para lançar soluções a fim de explorar oportunidades no mercado.
Mas é suficiente? O que mais pode ser feito? Ficam as perguntas para reflexão, mas podemos concluir que algumas sementes foram plantadas e estão germinando. São necessárias novas ações com “mindset” digital voltadas para impulsionar ainda mais a nossa economia digital e, por consequência, o nosso PIB.
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