domingo, 27 de julho de 2014

LUTO » Brasil perde seu maior astrônomo

LUTO » Brasil perde seu maior astrônomo

Ronaldo Mourão morreu vítima de pneumonia. Doutor em física, a ele foi creditada a descoberta de vários asteroides
Estado de Minas: 27/07/2014


Mourão foi um dos criadores do Museu de Astronomia e Ciências Afins (Rafael Ohana/CB/D.A Press - 20/9/11)
Mourão foi um dos criadores do Museu de Astronomia e Ciências Afins
Rio de Janeiro – Considerado o maior nome da astronomia brasileira, o astrônomo e físico Ronaldo Mourão, de 79 anos, morreu na madruugada de ontem no Rio de Janeiro, onde seu corpo foi enterrado. Ele havia sofrido um derrame recentemente, e estava internado no Hospital Quinta D’Or com pneumonia. Com dezenas de livros publicados em mais de cinco décadas de profissão, Mourão trabalhou pela democratização de seu campo de conhecimento. Produziu programas de rádio e escreveu para jornais e revistas. Dava entrevistas sobre assuntos de interesse do público leigo, como a existência de vida inteligente em outros planetas e a colonização de Marte, que considerava uma possível forma de contornar a superlotação da Terra no futuro.

 Ronaldo Rogério de Freitas Mourão nasceu no Rio, em 1935. Aos 17 anos, ainda na escola, já publicava artigos científicos. Na Universidade do Estado da Guanabara (hoje Uerj), estudou física. Antes mesmo de se formar tornou-se auxiliar de astrônomo do Observatório Nacional e publicou trabalhos oriundos da observação de Marte em revistas estrangeiras especializadas. Os convites para participar de simpósios internacionais, os quais percorreria a vida toda, começaram ali.

Tornou-se especialista em estrelas duplas visuais, que são aquelas que aparentam estar próximas uma da outra quando vistas da Terra por um telescópio. A ele é creditada a descoberta de uma estrela e de diversos asteroides. Com bolsas, estudou e trabalhou na Bélgica e na França – onde obteve o título de doutor pela Universidade de Paris com distinção em 1977. Mourão era integrante de todas as mais relevantes sociedades de astronomia do mundo. Movido pelo desejo de contribuir para o desenvolvimento da astronomia brasileira, voltou ao país depois do doutorado e reassumiu a função de astrônomo no Observatório Nacional.

Além das estrelas duplas, as maiores contribuições de Mourão para a ciência foram no campo dos asteróides, dos cometas e dos estudos sobre a posição das estrelas e outros corpos celestiais. Rogério Mourão foi o primeiro ganhador do Prêmio José Reis de Divulgação Científica, em 1977, e foi do grupo fundador, em 1984, do Museu de Astronomia e Ciências Afins, no Rio, uma unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação que forma mestres e doutores.

A missão é “ampliar o acesso da sociedade ao conhecimento científico e tecnológico por meio da pesquisa, preservação de acervos, divulgação e história da ciência e da tecnologia no Brasil.” Em 1988, publicou pela editora Nova Fronteira o Dicionário enciclopédico de astronomia e astronáutica, com cerca de 20 mil verbetes.

Asteroide Mourão


Descoberto em 22 de maio de 1980, o asteroide 2.590 foi batizado de Mourão, em homenagem ao astrônomo brasileiro. O registro do nome foi feito em 2 de julho de 1985, no Miror Planet Circular. Na publicação, Ronaldo Mourão é apontado como astrônomo integrante do programa de descoberta e obervação de pequenos plantes do European Southern Observatory (ESO). 

Nenhum comentário:

Postar um comentário