Previsível sim, mas muito perigoso
Com alto grau de incidência no Brasil, o câncer de intestino começa como lesão benigna, mas pode ser fatal. Nova técnica endoscópica permite detecção mais certeira de lesões
Silas Scalioni
Estado de Minas: 13/08/2014
O intestino é
formado por duas grandes regiões: uma parte mais fina, o delgado,
relacionada à digestão e a absorção dos alimentos, e o intestino grosso,
responsável pela absorção da água, pelo armazenamento e eliminação dos
resíduos da digestão. O câncer no intestino delgado é bastante raro.
Porém, no intestino grosso, ou cólon, a doença é bem mais frequente. De
acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), órgão ligado ao
Ministério da Saúde, o câncer de intestino já é, no Brasil, o segundo
tumor mais incidente em mulheres e o terceiro em homens – este ano,
serão 15.070 novos casos em homens e 17.530 em mulheres.
Discutir o problema e apontar soluções que amenizá-lo é motivo, nesta sexta-feira e sábado, na Associação Médica de Minas Gerais, do 9º Seminário Mineiro de Gastroenterologia e Endoscopia Digestiva de Minas Gerais. O encontro reunirá médicos de todo o país em torno de novidades relacionadas à coloproctologia, à gastroenterologia e à endoscopia digestiva, especialidades que previnem e tratam doenças ligadas ao intestino. Entre elas, está uma nova técnica endoscópica, ainda não disponível em Minas, mas que se mostra um grande avanço no combate à doença.
Segundo o endoscopista do Hospital Sírio Libanês José Luis Paccos, trata-se da endomicroscopia confocal, capaz de obter imagens de alta resolução da camada mucosa do trato gastrointestinal (do esôfago ao reto). A técnica (veja infografia) baseia-se na iluminação da mucosa com um laser, que é absorvido por um agente fluorescente, sendo a luz depois refletida para a captura das imagens, que ficam mais níticas e aumentadas. “Fazemos um exame em tempo real com a vantagem de a análise ser em nível celular, como num microscópio convencional. É uma técnica não invasiva, que detecta com toda a segurança várias doenças”, afirma José Luis Paccos. O exame é feito com o mesmo aparelho de endoscopia.
As principais contra-indicações do exame são gravidez, asma, insuficiência renal e antecedentes de alergia aos produtos utilizados no exame. O médico lembra que, apesar de ser uma técnica em desenvolvimento desde 2004, somente agora a endomicroscopia confocal está sendo regularizada pelos órgãos competentes e adotada comercialmente. “Poucos centros de saúde contam com equipamentos para realizá-la. Somente a Santa Casa de São Paulo, por meio do Centro Franco-Brasileiro de Ecoendoscopia, o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, uma fundação de saúde do Rio Grande do Sul e agora o Hospital Sírio Libanês”, revela José Luis Paccos.
O médico ressalta que a técnica, ao atuar em nível celular, permite detecção bem mais precoce do câncer, evitando assim tratamentos mais pesados, como químio e radioterapia. E devido à ótima precisão, no caso de retirada de material para biópsia, consegue-se escolher com extrema capacidade apenas o que realmente precisa ser extraído, além de identificar também outras doenças inflamatórias.
Evolução lenta
“O câncer de intestino começa sempre na forma de uma lesão benigna, que vai evoluindo lentamente até se transformar num tumor maligno. A fase de benignidade é longa, durante a qual é possível retirar a lesão (um pólipo) e, com isso, impedir sua degeneração e o aparecimento do câncer”, explica o médico José Celso Guerra, presidente da Sociedade Brasileira de Endoscopia de Minas Gerais.
“Entretanto, trata-se de uma doença que se desenvolve silenciosamente. Quando se manifesta, o tumor já está razoavelmente grande, demandando cirurgia e terapias próprias de combate a cânceres e, dependendo da situação, a possibilidade de sobrevida é baixa”, revela ele.
A qualquer alteração observada no ritmo intestinal, como constipação, diarreia constante, anemia, sangue ou catarro nas fezes, além de emagrecimento, é importante buscar ajuda médica, pois são indícios de que a doença pode estar presente. A colonoscopia é o principal exame para detectar alterações no intestino, identificando qualquer lesão precursora e retirando-a para biópsia.
“A pessoa começa a ficar mais vulnerável a partir dos 40 anos e a possibilidade de desenvolver um câncer colorretal praticamente dobra a cada década seguinte. E caso haja parentes próximos, como pais, irmãos, tios ou avós, que desenvolveram a doença, o risco aumenta bastante”, avisa. Por esses fatores, exames de colonoscopia são obrigatórios nessa fase da vida.
O câncer de intestino apresenta também fatores ambientais. Alimentação muito rica em gordura animal e em corantes e bem pobre em fibras favorece a incidência de câncer no intestino. Os defumados, da mesma forma que os corantes, também contêm substâncias carcinogenéticas. O melhor é se alimentar de cereais, ricos em fibras protetoras do intestino. “Independentemente dos fatores, o importante mesmo é se precaver. Mesmo que não haja histórico familiar ou que não apresente nenhum sintoma relevante, vale a pena fazer uma primeira colonoscopia por volta dos 50 anos e, a partir do resultado, fazer uma programação de novos exames com o médico”, diz José Celso Guerra.
Detectado um câncer, segundo ele, o grau da lesão é que vai determinar o procedimento. “Se for um tumor maligno, mas que ainda não invadiu a parede do intestino, basta retirá-lo. Caso já tenha invadido a parede, a cirurgia é necessária para extirpar parte do intestino e identificar o grau de invasão. Se necessário, é preciso então partir para sessões de quimioterapia e/ou radioterapia”, informa. No sábado ocorre ainda o VII Congresso Mineiro de Enfermagem em Endoscopia.
Discutir o problema e apontar soluções que amenizá-lo é motivo, nesta sexta-feira e sábado, na Associação Médica de Minas Gerais, do 9º Seminário Mineiro de Gastroenterologia e Endoscopia Digestiva de Minas Gerais. O encontro reunirá médicos de todo o país em torno de novidades relacionadas à coloproctologia, à gastroenterologia e à endoscopia digestiva, especialidades que previnem e tratam doenças ligadas ao intestino. Entre elas, está uma nova técnica endoscópica, ainda não disponível em Minas, mas que se mostra um grande avanço no combate à doença.
Segundo o endoscopista do Hospital Sírio Libanês José Luis Paccos, trata-se da endomicroscopia confocal, capaz de obter imagens de alta resolução da camada mucosa do trato gastrointestinal (do esôfago ao reto). A técnica (veja infografia) baseia-se na iluminação da mucosa com um laser, que é absorvido por um agente fluorescente, sendo a luz depois refletida para a captura das imagens, que ficam mais níticas e aumentadas. “Fazemos um exame em tempo real com a vantagem de a análise ser em nível celular, como num microscópio convencional. É uma técnica não invasiva, que detecta com toda a segurança várias doenças”, afirma José Luis Paccos. O exame é feito com o mesmo aparelho de endoscopia.
As principais contra-indicações do exame são gravidez, asma, insuficiência renal e antecedentes de alergia aos produtos utilizados no exame. O médico lembra que, apesar de ser uma técnica em desenvolvimento desde 2004, somente agora a endomicroscopia confocal está sendo regularizada pelos órgãos competentes e adotada comercialmente. “Poucos centros de saúde contam com equipamentos para realizá-la. Somente a Santa Casa de São Paulo, por meio do Centro Franco-Brasileiro de Ecoendoscopia, o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, uma fundação de saúde do Rio Grande do Sul e agora o Hospital Sírio Libanês”, revela José Luis Paccos.
O médico ressalta que a técnica, ao atuar em nível celular, permite detecção bem mais precoce do câncer, evitando assim tratamentos mais pesados, como químio e radioterapia. E devido à ótima precisão, no caso de retirada de material para biópsia, consegue-se escolher com extrema capacidade apenas o que realmente precisa ser extraído, além de identificar também outras doenças inflamatórias.
Evolução lenta
“O câncer de intestino começa sempre na forma de uma lesão benigna, que vai evoluindo lentamente até se transformar num tumor maligno. A fase de benignidade é longa, durante a qual é possível retirar a lesão (um pólipo) e, com isso, impedir sua degeneração e o aparecimento do câncer”, explica o médico José Celso Guerra, presidente da Sociedade Brasileira de Endoscopia de Minas Gerais.
“Entretanto, trata-se de uma doença que se desenvolve silenciosamente. Quando se manifesta, o tumor já está razoavelmente grande, demandando cirurgia e terapias próprias de combate a cânceres e, dependendo da situação, a possibilidade de sobrevida é baixa”, revela ele.
A qualquer alteração observada no ritmo intestinal, como constipação, diarreia constante, anemia, sangue ou catarro nas fezes, além de emagrecimento, é importante buscar ajuda médica, pois são indícios de que a doença pode estar presente. A colonoscopia é o principal exame para detectar alterações no intestino, identificando qualquer lesão precursora e retirando-a para biópsia.
“A pessoa começa a ficar mais vulnerável a partir dos 40 anos e a possibilidade de desenvolver um câncer colorretal praticamente dobra a cada década seguinte. E caso haja parentes próximos, como pais, irmãos, tios ou avós, que desenvolveram a doença, o risco aumenta bastante”, avisa. Por esses fatores, exames de colonoscopia são obrigatórios nessa fase da vida.
O câncer de intestino apresenta também fatores ambientais. Alimentação muito rica em gordura animal e em corantes e bem pobre em fibras favorece a incidência de câncer no intestino. Os defumados, da mesma forma que os corantes, também contêm substâncias carcinogenéticas. O melhor é se alimentar de cereais, ricos em fibras protetoras do intestino. “Independentemente dos fatores, o importante mesmo é se precaver. Mesmo que não haja histórico familiar ou que não apresente nenhum sintoma relevante, vale a pena fazer uma primeira colonoscopia por volta dos 50 anos e, a partir do resultado, fazer uma programação de novos exames com o médico”, diz José Celso Guerra.
Detectado um câncer, segundo ele, o grau da lesão é que vai determinar o procedimento. “Se for um tumor maligno, mas que ainda não invadiu a parede do intestino, basta retirá-lo. Caso já tenha invadido a parede, a cirurgia é necessária para extirpar parte do intestino e identificar o grau de invasão. Se necessário, é preciso então partir para sessões de quimioterapia e/ou radioterapia”, informa. No sábado ocorre ainda o VII Congresso Mineiro de Enfermagem em Endoscopia.
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