Começar de novo
Brasileiros assistem ao revival dos grupos de pagode que fizeram sucesso na década de 1990
Ana Clara Brant
Estado de Minas: 06/09/2014 04:00
Salgadinho, Chrigor e Márcio Art formaram o grupo Amigos do Pagode 90 |
Quem não se lembra dos hits Eu me apaixonei pela pessoa errada, Inaraí, Lá vem o negão, Cilada ou Agamamou? Clássicos do pagode dos anos 1990 estão mais em alta do que nunca. O revival foi impulsionado pela volta do grupo Os Morenos, o retorno de Rodriguinho para Os Travessos e a união do Raça Negra com o Só Pra Contrariar na turnê de celebração dos 25 anos de carreira do primeiro e dos 30 do segundo. Sem falar na criação dos Amigos do Pagode 90, formado por Salgadinho (ex-vocalista do Katinguelê), Chrigor (ex-Exaltasamba) e Márcio Art (ex-Art Popular).
A semente desse movimento foi plantada há cinco anos, quando Salgadinho criou uma empresa justamente para valorizar o samba e o pagode noventista. “As gravadoras enfrentaram uma queda brusca, aí tive essa ideia e fui atrás de parceiros. Ano passado, fizemos o trio com o Chrigor e o Márcio, apesar de cada um ter o seu projeto solo. Nossa iniciativa incentivou a volta de outros músicos, grupos e compositores daquela época”, comenta o cantor.
Um deles é Alexandre Pires, que reassumiu os vocais do Só Pra Contrariar (SPC) temporariamente, pois em 2015 vai retomar a carreira solo. O mineiro de Uberlândia acredita que há um clima de nostalgia no ar e a volta de grupos dos anos 1990 serviu de incentivo a colegas para retomarem o trabalho. “É muito bacana fazer parte dessa onda. O movimento do samba romântico teve uma força muito grande, fez parte da vida de muita gente. Essa volta acaba trazendo o saudosismo que atinge um grande público, conquistando novos fãs”, afirma Pires.
Para Salgadinho, um fator explica a retomada: o não surgimento de artistas do gênero. Se os anos 1980 foram do rock e a década de 1990 do pagode, agora a fase é do sertanejo e do funk. Pelo fato de terem grande apelo e boa parte dos artistas vir de camadas mais pobres da população, ele acredita que os pagodeiros sofreram preconceito. “Ninguém tem dúvida: a década de 1990 foi nossa. Surgiram talentos que estão aí até hoje. Claro que aparece um ou outro, mas aquela geração ficou bem marcada. É por isso que nossas músicas estão na boca do povo até hoje”, garante.
Anderson Leonardo, vocalista do Molejo, que acaba de lançar o DVD de seus 25 anos de estrada, conta que muitos fãs querem mostrar aos filhos e até aos netos as canções que sempre curtiram. O público sempre acaba pedindo as mais antigas, revela. “Em determinadas épocas, cobram muitas novidades, mas, no geral, a gente nunca deixa de tocar Caçamba, Brincadeira de criança, Paparico e Dança da vassoura. Essas músicas maravilhosas, inocentes e alegres falam de amor. São eternas”, destaca o irreverente pagodeiro, que chega a fazer com o Molejão de 10 a 12 shows mensais. “Nunca deixamos a chama apagar. Já ficamos cinco anos sem gravar, mas agora estamos com tudo de novo”, assegura.
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