domingo, 28 de outubro de 2012

Batalha entre conteúdos na web está só começando


ANÁLISE
RONALDO LEMOS
COLUNISTA DA FOLHA

Algo está mudando rapidamente no mundo dos vídeos da internet.
Em queda, estão as produções amadoras, com bebês, gatos e candidatos a celebridades que tanto marcaram a estética da segunda metade dos anos 2000.
Em alta, temos uma crescente profissionalização, com conteúdos querendo não só atrair audiência mas também fidelizá-la.
Isso é um sintoma de como a internet se consolida como nova "janela" de distribuição. É só pensar nos seriados americanos: estreiam na TV aberta ou a cabo e, em seguida, estão disponíveis em sites como o iTunes, que vende episódios "no varejo" a US$ 1,99 (cerca de R$ 4).
Só que a internet não quer ser só "mais uma janela", complementando as anteriores. Ela ambiciona ser "a janela". Nesse sentido, despontam séries produzidas diretamente para a rede, como "House of Cards", exibida pelo Netflix.
O YouTube também está se transformando. O site passou a remunerar produtores de conteúdo original: quando uma websérie decola, tem chance de gerar receita significativa (há milhares de produtores faturando mais de US$ 100 mil -cerca de R$ 200 mil por ano).
Esse modelo sacodiu o mercado. Surgiram empresas especializadas em achar talentos amadores. Dão um "banho de loja" neles: melhoram a produção e os roteiros. Daí, passam a agenciá-los, dividindo ganhos.
Isso não significa que a vida das webséries anda fácil.
Neste ano, o YouTube apostou cada vez mais em conteúdo tradicional, licenciado de empresas como Disney ou Universal.
A reclamação é que, assim, produtores independentes ficam à margem. Sem destaque nas recomendações do site, a audiência cai. Enquanto isso, a de conteúdos tradicionais cresce. O embate entre o conteúdo amador, semiprofissional e profissional na internet é em si uma boa websérie. Com várias temporadas pela frente.

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