Intervenções aparecem em orelhões e placas
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Cada vez que um sujeito passa pela rua Wizard, na Vila Madalena (zona oeste de São Paulo), depara-se com uma pergunta, escrita num orelhão: "Você já abraçou alguém hoje?". E não é só lá.
A frase tem sido espalhada por orelhões, muros, postes e até em ônibus em quase todas as regiões da cidade.
É escrita de forma bem simples: um canetão atômico preto e em letra cursiva.
"Eu não abracei ninguém", responde a faxineira Edicleide Santos, 40, ao passar pela mensagem. "Nunca tinha parado para ver. A frase é bonita", diz, observando o orelhão.
"Mais amor, por favor", "Pire" e "Permita-se" são outras frases encontradas pelas ruas de São Paulo. Elas estão em muros, placas de trânsito, lixeiras e postes de luz.
Parte dessas mensagens é feita por anônimos, mas também há trabalhos de coletivos de arte como Vamo pra Rua e Mais Amor, Por Favor.
PARE OU PIRE?
Como as pichações que conhecemos, essas novas intervenções urbanas são feitas sem permissão da prefeitura e às vezes atrapalham a cidade.
A placa de trânsito "PARE", por exemplo, virou "PIRE" na rua Armando Pinto, no Alto de Pinheiros. A brincadeira pode confundir os motoristas.
A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) diz que, por causa de depredação, troca cerca de 1.200 placas por mês em toda a cidade, a um custo mínimo de R$ 90 mil. Mas não sabe informar quantas são trocadas especialmente por causa de pichação.
Artistas têm outra opinião. "Acho que pode atrapalhar, mas faz parte do jogo urbano. É muito pouco provável que o motorista olhe para a placa e pire de verdade", brinca Carlos Inada, produtor cultural.
Outras mensagens podem ter até utilidade pública, como a "Watch your steps" (observe seus passos), escrita em escadas. Mas isso não é unanimidade. "É um alerta, mas não acho que seja arte", diz o espanhol Albert Turbina, 25, ao passar pela rua Aspicuelta.
A novidade também está na internet, em páginas como a Instagrafite e "As Ruas Falam", na rede social Pinterest.
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