segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Depressão e suicídios, os dramas das tribos no Estado




PABLO PEREIRA - 
Agência Estado

O Estado de S. Paulo - 29/10/2012
 
 Um dos principais tormentos das tribos guarani caiová em Mato Grosso do Sul é o suicídio de jo­vens. Agripino Silva, 23 anos, um rapaz da aldeia Ipo"y, acampamen­to de uma fazenda em Paranhos, perto da fronteira com o Paraguai, foi encontrado morto na madrugada do último sábado. A suspeita é que se trate de suicídio, confor­me os primeiros relatos da comu­nidade registrados na Funai.
"O caso está sendo investiga­do pela polícia", disse ontem a indigenista Juliana Mello Vieira, da Funai de Ponta Porã, que aten­de as comunidades daquela área. A indigenista explicou que a si­tuação de Ipo"yj á está mais avan­çada que a dos índios que ocu­pam Pyelito Kue, em Tacuru. De acordo com a Funai, vivem em Ipo"y cerca de 70 famílias, entre 300 e 400 pessoas.
Para um dos líderes da região, Apyka Rendju ("luz brilhante", em guarani), que já foi ameaçado de morte e não divulga seu nome em português, o caso parece ser mais um das centenas de suicídios que ocorrem entre os caio­vá. Segundo dados do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), lembra o líder guarani, cerca de 1,5 mil índios já morreram desta forma no sul de MS em mais de uma década.
DEPRESSÃO 
De acordo com Apy­ka Rendju, são pessoas que en­tram em depressão e se matam. Ele criticou a demora da polícia no episódio. "O pessoal da comu­nidade se revoltou contra a demo­ra para a retirada do corpo", disse Apyka Rendju. "O corpo ficou lá durante todo o calorento dia de sábado", afirmou. Para ele, a on­da de suicídios na região, que já dura mais de uma década, se deve à situação difícil da condição indígena em contato com a colonização branca e a indefinição da questão fundiária. "É muito difí­cil para algumas pessoas aguenta­rem a situação", conta ele, que vi­ve em Caarapó, cidade vizinha de Dourados e Ponta Porã. Uma das causas imediatas, segundo líde­res indígenas, é o alcoolismo.
Até ontem à tarde, a polícia ain­da não sabia a causa da morte. A Funai aguarda o laudo do IML para avançar na investigação. Só depois de concluído o laudo o corpo será liberado para as ceri­mônias fúnebres.

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