SP, 35 graus
SÃO PAULO - Este domingo foi o dia mais quente do ano na capital paulista. Em plena primavera, mais de 35 graus. Foi-se o tempo em que um Mário de Andrade podia brincar com as inconstâncias e as surpresas do clima na cidade. Quase sempre faz calor, muito calor.
Quase sempre a chapa esquenta, como se diz, para quem se aventura a conduzir a cidade. São Paulo queima currículos políticos. Vota pela mudança na prefeitura. Quase sempre.
A eleição de ontem não fugiu à regra. A maioria negou às forças que compuseram a administração Kassab mais quatro anos na prefeitura. Assume Fernando Haddad, o "homem novo" do velho PT.
Ganhar é um grande trunfo, decerto, para Haddad, para Lula -que repetiu o feito de inventar um candidato e derrotar José Serra- e para os petistas. Mas governar esta metrópole é uma tarefa da qual poucos saíram maiores do que entraram.
Luiza Erundina e Marta Suplicy que o digam. As duas tentaram reeleger-se prefeitas depois de terem passado quatro anos na administração da capital. Fracassaram.
Com Erundina, um PT ainda selvagem multiplicou as arestas e as frentes de combate sem ter divisões para tanto. Na versão mais adocicada, com Marta, operou pela primeira vez a inversão que depois marcaria suas votações na capital. Tornou-se a legenda preferida nas populosas e mal assistidas periferias da cidade.
Agora, um discurso se unifica no partido. Da presidente Dilma Rousseff aos vereadores no entorno de Haddad, a palavra de ordem é "conquistar a classe média", seja lá o que se entenda por classe média.
Mas como operar na prática essa distensão com o eleitorado, também populoso, que habita o centro expandido de São Paulo? Eis o enigma que Haddad terá quatro anos para decifrar, se pretende sobreviver àquela que talvez seja a maior prova de fogo da política brasileira -governar a capital paulista.
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