Considerada por muitos como bobagem, se não tratada corretamente problema pode evoluir para uma septicemia. Muitos casos se tornam crônicos, devido ao uso prolongado de antibióticos.
Luciane Evans
Estado de Minas: 28/11/2012
Por pouco a educadora física Tamara Faleiro não foi vítima de infecção generalizada, principal causa de morte nas unidades de terapia intensiva (UTIs) do país. Com febre alta, calafrios e muita dor na região da pélvis, Tamara, em 2009, foi internada às pressas em um hospital de Belo Horizonte e, depois dos exames de sangue e urina, a equipe médica lhe deu o diagnóstico: infecção urinária (IU). “Sempre foi algo que achava que era fácil de curar. Mas, depois que passei por isso, descobri que o problema é algo mais sério”, conta. Em 2011, a educadora física foi internada novamente pelo mesmo problema e, desde então, está há um ano se tratando com antibióticos. “Já tentei tirar o remédio, mas logo comecei a ter os mesmos sintomas”, lamenta.
O caso de Tamara não é raro, tampouco distante da realidade feminina. A infecção no trato urinário é a mais comum no ser humano, tendo como principal vítima as mulheres. A Associação Americana de Urologia estima que metade da população feminina sofra, ao menos uma vez na vida, desse mal. “É um problema extremamente comum. Sessenta e três por cento das mulheres já foram ou serão acometidas pela infecção urinária. Há dois tipos mais frequentes: as cistites e as pielonefrites. A primeira é o que chamamos de infecção baixa, pois está restrita à bexiga e à uretra, caracteriza-se por dor ou ardência ao urinar, podendo ter presença de sangue na urina. Já as pielonefrites são geralmente quadros mais graves, e caracterizam-se pelo acometimento também dos rins. Nesses casos, há dor lombar, febre e um intenso mal-estar e pode evoluir para uma septicemia quando a infecção cai na corrente sanguínea”, explica o diretor do Núcleo de Nefrologia de Belo Horizonte e diretor institucional da Sociedade Mineira de Nefrologia, José Augusto Menezes.
De acordo com ele, caso a paciente esteja passando por um momento de baixa resistência, o mal pode evoluir para uma doença renal crônica, que o levará a fazer sessões de hemodiálise. “Essa é uma doença muitíssimo comum, mas pode ser extremamente grave”, alerta. Para o presidente da Sociedade Brasileira de Urologia – seção Minas Gerais, José Eduardo Távora, as pessoas devem encarar o mal com muita atenção aos sintomas. “Somente nos Estados Unidos, o tratamento para o distúrbio tem um custo de US$ 12 bilhões por ano”, preocupa-se.
No mesmo tom, o urologista João Carlos Guedes da Silva destaca que a IU é a segunda causa que leva à infecção generalizada, perdendo apenas para a pneumonia. “Ela é mais comum nas mulheres, porque o canal vaginal e o ânus estão muito próximos. E a infecção é causada por bactérias que migram do intestino grosso para o canal da vagina, sendo que em 90% dos casos a mais comum é a Escherichia coli. Esses micro-organismos da flora intestinal têm capacidade de reprodução imensa: se multiplicam a cada 10 minutos. Para ter uma ideia, acredita-se que 50% do peso desidratado das fezes humanas sejam de corpos bacterianos”, avisa João, esclarecendo que a migração dessas vilãs para a uretra da mulher tem muitos fatores.
Um deles é o desequilíbrio da flora intestinal. “O ideal é a pessoa evacuar uma vez a cada 24 horas. Se isso não ocorre, a quantidade dessas bactérias fica alta no intestino e elas começam a migrar para fora do ambiente, buscando um lugar ácido, úmido e escuro. Na diarreia, essa contaminação é ainda mais fácil, porque elas saem e a distância da vagina e do ânus é curta, coisa de poucos centímetros”, diz o urologista. Outro fator que pode motivar a infecção é a relação sexual com coito anal seguido pelo vaginal. “Nesse caso há a contaminação direta. Além disso, há a infecção associada ao ato sexual. Há muitas mulheres que sempre têm infecção logo após as relações, o que não tem nada a ver com o parceiro. É que o movimento do pênis leva as bactérias para dentro do canal vaginal”, aponta.
A infecção urinária pode ser ocasionada também pelo famoso “segurar o xixi”. João Carlos explica que com o alto ritmo de proliferação das bactérias, uma vez que elas entram na bexiga e ficam ali por muito tempo, provocam a infecção. “O ideal é que mulher urine a cada duas horas, mas para isso precisa estar hidratada, bebendo muito líquido. A recomendação é tomar um copo de água por hora”, aconselha. A prevenção, segundo lembra o nefrologista José Augusto Menezes, funciona como uma grande aliada. “São medidas simples, como evitar calças apertadas, que aumentam o calor local, não usar calcinhas de material sintético, dando preferências às de algodão. E sempre que possível fazer uma higiene local”, diz.
TRATAMENTO As pessoas, diante dos primeiros sintomas da doença, usam analgésicos como forma de se tratar. “Eles servem para aliviar os sintomas, não para tratar. Vai passar a dor, mas o problema continua”, alerta José Augusto Menezes. Segundo destaca o urologista José Eduardo Távora, há 10 anos, Belo Horizonte tinha o maior índice do país de automedicação para infecção urinária. “Hoje, com a retenção da receita para antibióticos, isso felizmente mudou.” Postergar o tratamento, de acordo com João Carlos, é dar chance à bactéria de migrar para os rins.
O antibiótico é, geralmente, a forma mais usada de tratar o problema, mas, segundo Menezes, se a mulher tem mais de três episódios da doença por ano, uma terapia tem sido usada. “Trata-se de um tratamento para aumentar a resistência à bactéria Escherichia coli”, revela.
Por pouco a educadora física Tamara Faleiro não foi vítima de infecção generalizada, principal causa de morte nas unidades de terapia intensiva (UTIs) do país. Com febre alta, calafrios e muita dor na região da pélvis, Tamara, em 2009, foi internada às pressas em um hospital de Belo Horizonte e, depois dos exames de sangue e urina, a equipe médica lhe deu o diagnóstico: infecção urinária (IU). “Sempre foi algo que achava que era fácil de curar. Mas, depois que passei por isso, descobri que o problema é algo mais sério”, conta. Em 2011, a educadora física foi internada novamente pelo mesmo problema e, desde então, está há um ano se tratando com antibióticos. “Já tentei tirar o remédio, mas logo comecei a ter os mesmos sintomas”, lamenta.
O caso de Tamara não é raro, tampouco distante da realidade feminina. A infecção no trato urinário é a mais comum no ser humano, tendo como principal vítima as mulheres. A Associação Americana de Urologia estima que metade da população feminina sofra, ao menos uma vez na vida, desse mal. “É um problema extremamente comum. Sessenta e três por cento das mulheres já foram ou serão acometidas pela infecção urinária. Há dois tipos mais frequentes: as cistites e as pielonefrites. A primeira é o que chamamos de infecção baixa, pois está restrita à bexiga e à uretra, caracteriza-se por dor ou ardência ao urinar, podendo ter presença de sangue na urina. Já as pielonefrites são geralmente quadros mais graves, e caracterizam-se pelo acometimento também dos rins. Nesses casos, há dor lombar, febre e um intenso mal-estar e pode evoluir para uma septicemia quando a infecção cai na corrente sanguínea”, explica o diretor do Núcleo de Nefrologia de Belo Horizonte e diretor institucional da Sociedade Mineira de Nefrologia, José Augusto Menezes.
De acordo com ele, caso a paciente esteja passando por um momento de baixa resistência, o mal pode evoluir para uma doença renal crônica, que o levará a fazer sessões de hemodiálise. “Essa é uma doença muitíssimo comum, mas pode ser extremamente grave”, alerta. Para o presidente da Sociedade Brasileira de Urologia – seção Minas Gerais, José Eduardo Távora, as pessoas devem encarar o mal com muita atenção aos sintomas. “Somente nos Estados Unidos, o tratamento para o distúrbio tem um custo de US$ 12 bilhões por ano”, preocupa-se.
No mesmo tom, o urologista João Carlos Guedes da Silva destaca que a IU é a segunda causa que leva à infecção generalizada, perdendo apenas para a pneumonia. “Ela é mais comum nas mulheres, porque o canal vaginal e o ânus estão muito próximos. E a infecção é causada por bactérias que migram do intestino grosso para o canal da vagina, sendo que em 90% dos casos a mais comum é a Escherichia coli. Esses micro-organismos da flora intestinal têm capacidade de reprodução imensa: se multiplicam a cada 10 minutos. Para ter uma ideia, acredita-se que 50% do peso desidratado das fezes humanas sejam de corpos bacterianos”, avisa João, esclarecendo que a migração dessas vilãs para a uretra da mulher tem muitos fatores.
Um deles é o desequilíbrio da flora intestinal. “O ideal é a pessoa evacuar uma vez a cada 24 horas. Se isso não ocorre, a quantidade dessas bactérias fica alta no intestino e elas começam a migrar para fora do ambiente, buscando um lugar ácido, úmido e escuro. Na diarreia, essa contaminação é ainda mais fácil, porque elas saem e a distância da vagina e do ânus é curta, coisa de poucos centímetros”, diz o urologista. Outro fator que pode motivar a infecção é a relação sexual com coito anal seguido pelo vaginal. “Nesse caso há a contaminação direta. Além disso, há a infecção associada ao ato sexual. Há muitas mulheres que sempre têm infecção logo após as relações, o que não tem nada a ver com o parceiro. É que o movimento do pênis leva as bactérias para dentro do canal vaginal”, aponta.
TRATAMENTO As pessoas, diante dos primeiros sintomas da doença, usam analgésicos como forma de se tratar. “Eles servem para aliviar os sintomas, não para tratar. Vai passar a dor, mas o problema continua”, alerta José Augusto Menezes. Segundo destaca o urologista José Eduardo Távora, há 10 anos, Belo Horizonte tinha o maior índice do país de automedicação para infecção urinária. “Hoje, com a retenção da receita para antibióticos, isso felizmente mudou.” Postergar o tratamento, de acordo com João Carlos, é dar chance à bactéria de migrar para os rins.
O antibiótico é, geralmente, a forma mais usada de tratar o problema, mas, segundo Menezes, se a mulher tem mais de três episódios da doença por ano, uma terapia tem sido usada. “Trata-se de um tratamento para aumentar a resistência à bactéria Escherichia coli”, revela.
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