terça-feira, 27 de novembro de 2012

Pópera [Paulo Szot]


Pópera
Paulo Szot, cantor lírico brasileiro de maior destaque internacional, canta em SP repertório com clássicos da Broadway e da MPB
Gary Hershorn/Reuters
Paulo Szot
Paulo Szot
IRINEU FRANCO PERPETUOCOLABORAÇÃO PARA A FOLHACinco anos depois, o cantor lírico brasileiro de maior destaque internacional volta a se apresentar em São Paulo.
O barítono paulista Paulo Szot (pronuncia-se "xót"), 43, canta hoje na Sala São Paulo, na série beneficente da Tucca (Associação para Crianças e Adolescentes com Câncer).
Acompanhado da Sinfônica do Conservatório de Tatuí (SP), que será regida por João Maurício Galindo, ele faz um repertório híbrido.
Na primeira parte, sem amplificação, interpreta os eruditos "Rückert-Lieder", de Gustav Mahler (1860-1911). Depois do intervalo, pega no microfone para uma seleção de musicais da Broadway e de "standards" do jazz e da MPB, com arranjos de Roberto Sion.
Trata-se do mesmo tipo de mescla que ele vai mostrar com a Filarmônica de Nova York, em junho do ano que vem, com transmissão para todo o território dos EUA.
"É o que venho fazendo: sempre que posso, canto o que gosto, independente do gênero", diz Szot à Folha.
Ao abordar o repertório popular, a empostação muda. "É outra embocadura, por uma questão mais de estilo do que de técnica vocal", diz. "No musical, muita coisa se perderia sem a amplificação, por causa da importância da palavra. E o microfone acaba permitindo outros recursos."
Nessa área, seu repertório acaba focado em um repertório que vai até a década de 1950. "Gosto dos clássicos da Broadway, que são mais adequados à minha voz, e me sinto confortável cantando-os", afirma. "Não me aventuro em musicais modernos porque não são muito meu estilo."
TEMPORADAS
Szot considera que, em um certo sentido, uma apresentação como a de hoje pode ser mais trabalhosa de colocar de pé do que um grande papel de ópera. "Na ópera, já está tudo concebido e escrito. Preparar um show dá muito trabalho, porque você tem que criar o espetáculo", afirma.
Ainda nessa linha, Szot realiza no ano que vem, no Hotel Carlyle, em Nova York, a terceira temporada de seu show de jazz.
Ele entra em estúdio em 2013 para gravar dois discos para um selo nova-iorquino.
O repertório dos discos é baseado no dos anos anteriores, em que foi acompanhado, sucessivamente, pelo Bob Albanese Trio e por Billy Stritch, o pianista de Liza Minelli, e incluiu no repertório alguns dos itens de música brasileira que canta hoje na Sala São Paulo.

    Tenho orgulho de ser brasileiro, diz Szot
    Carreira de cantor lírico deu salto ao vencer prêmio por atuação no musical da Broadway "South Pacific", em 2008
    "Finalmente temos uma voz masculina brasileira nesse teatro maravilhoso", diz ele sobre o Met de Nova York
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHAO último papel de ópera que Paulo Szot interpretou em São Paulo foi o de Fígaro, em "As Bodas de Fígaro", de Mozart, em 2006. No ano seguinte, fez sua derradeira aparição na cidade como solista do "Réquiem", de Gabriel Fauré, no Municipal.
    De lá para cá, sua carreira deu um salto. E o estouro internacional deveu-se à Broadway -sua atuação no musical "South Pacific" garantiu-lhe, em 2008, o Prêmio Tony de melhor ator, além de lhe abrir as portas do Metropolitan de Nova York.
    Em 2010, ele estreou na casa nova-iorquina como protagonista de "O Nariz", de Chostakóvitch, inspirada no conto homônimo de Gógol, sob regência do mítico maestro russo Valery Gergiev.
    Descendente de poloneses, Szot demonstrou familiaridade com o idioma de Chostakóvitch e vem fazendo sucesso no papel. Volta a cantá-lo na Ópera de Roma, em fevereiro do ano que vem, e no próprio Metropolitan, em outubro.
    ORGULHO
    Em abril deste ano, Szot interpretou Lescaut em uma badalada produção da ópera "Manon", de Jules Massenet, que teve a diva russa Anna Netrebko no papel-título.
    A montagem do Metropolitan foi transmitida ao vivo para cinemas de vários países, mas não para o Brasil.
    Antes dele, a soprano fluminense Bidu Sayão (1902-1999) atuou em várias transmissões radiofônicas do Met.
    "Sempre digo que sou muito orgulhoso de vir do Brasil, e agora, depois da Bidu, finalmente temos uma voz masculina brasileira nesse teatro maravilhoso", diz Szot.
    "Claro que cantar no Metropolitan, com todos esses monstros da música, é um sonho e uma grande felicidade, mas a responsabilidade também aumenta."
    NARIZ E MORCEGO
    Na próxima temporada do Met, além de "O Nariz", ele faz o papel de Falke em uma produção em inglês da opereta "O Morcego", de Johann Strauss 2º, em dezembro de 2013 e janeiro de 2014.
    Em março do ano que vem, estreia em outro templo da ópera: no Scala, de Milão, Szot interpreta o papel-título de "Coração de Cachorro", do russo Aleksandr Raskátov, 59, baseada na novela homônima de Mikhail Bulgákov.
    "Nessa ópera, como em 'O Nariz', a música é dificílima e bastante exigente, mas a história é uma delícia", comenta o artista.
    No que tange aos musicais, ele não descarta uma nova temporada na Broadway. "Teria que encontrar um título que, como foi em 'South Pacific', se encaixasse com meu temperamento e estilo vocal", afirma. (IRINEU FRANCO PERPETUO)
    PAULO SZOT
    QUANDO hoje, às 21h
    ONDE Sala São Paulo (pça. Júlio Prestes, s/nº, tel. 0/xx/11/3367-9500)
    QUANTO de R$ 100 a R$ 300
    CLASSIFICAÇÃO livre

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