sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Apenas registro histórico - Ailton Magioli‏

Disco da trilha do musical Milton Nascimento - Nada será como antes, de Charles Möeller e Claudio Botelho, não funciona fora do espetáculo e fica devendo brasilidade ao ouvinte 

Ailton Magioli
Estado de Minas: 08/02/2013 
O lançamento em CD da trilha do musical Milton Nascimento – Nada será como antes, da dupla Charles Möeller e Claudio Botelho, repete a velha história conhecida de público e crítica de que nem toda trilha sonora funciona fora de cena. Por mais que o repertório de clássicos do Clube da Esquina, associado aos arranjos da experiente Delia Fischer e ao talento de jovens solistas, tenha apelo suficiente para atrair ouvintes, o formato, no caso, à la Broadway, contribui para tornar o produto repetitivo, dando a impressão de se tratar, às vezes, de música única, além de raramente distinguir um solista do outro.

Que o diga Cláudio Lins, o filho de Lucinha e Ivan Lins, que, mesmo diante de carreira solo fonográfica estabelecida no mercado, pouco se distingue dos outros companheiros de elenco ao cantar os hits Caçador de mim e Travessia. O mesmo ocorre com a experiente Marya Bravo, filha do cantor e compositor Zé Rodrix (1947-2009), com trajetória reconhecida em musicais, além de discos gravados, que também não se sobressai em Maria, Maria, Cais e O quem foi feito devera. 

Apesar de praticamente único do gênero, com os autores das músicas vivíssimos e em plena atuação, dificilmente o CD Milton Nascimento – Nada será como antes terá vida própria, distante da encenação. Depois da temporada de estreia no Rio, o musical da dupla carioca de experts no formato tem apresentações em São Paulo (veja box). Produzido pelo percussionista Lui Coimbra, o disco, que chega ao mercado pelo selo MP, B Discos, de João Mário Linhares, o produtor de Chico Buarque, Ney Matogrosso e Roberta Sá, veio para ficar mais como registro histórico do espetáculo, que marca os 50 anos de carreira de Milton.

Ainda que acabe revelando talentos como Estrela Blanco (Canção amiga, Aqui é o país do futebol e Amor de índio), Tatit Köhler (Cigarra e Milagre dos peixes), Wladimir Pinheiro (Morro velho, Canto latino, Sentinela e Menino), Jonas Hammar (Caxangá), Cássia Raquel (Caicó), Sérgio Dlacinc (Fé cega, faca amolada) e Pedro Sol (Para Lennon e McCartney e Amor de índio), Milton Nascimento – Nada será como antes vai ficar devendo brasilidade ao ouvinte. E ao espectador, também, com certeza.

 A presença do coro, formado pelo próprio elenco, cantando arranjos vocais de Jules Vandystadi em algumas faixas (Clube da esquina, Raça, Saudades dos aviões da Panair e Credo) também reforça o clima repetitivo da trilha, que tem mesmo a seu favor as pérolas que fizeram a história da música mineira. Resta aguardar a passagem do musical pelos palcos da cidade para conferir a performance ao vivo, que tem tudo para ser melhor do que o disco. com direito a solos, ainda, de Délia Fisher (Clube da Esquina II) e Lui Coimbra (San Vicente), além de interpretações coletivas de Paula e Bebeto e Ponta de areia.

Em Sampa


Com direção da dupla Cláudio Botelho e Charles Möller, o musical Nada será como antes, que está em cartaz até o começo de março no Teatro Clara Nunes, no Rio de Janeiro, prepara-se para embarcar para a capital paulista. O espetáculo estreia em São Paulo em 22 de março em novo espaço, no Teatro Geo, em Pinheiros. Fazendo sucesso na temporada carioca desde agosto, segundo os produtores, ainda não há nenhuma definição sobre a turnê pelo país, que incluiria Belo Horizonte.

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