Há milhares de fobias, que não cabem neste espaço. Tenho outras, como, por exemplo, a tatoophobia, fobia de gente tatuada
Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 17/05/2013
Phobia, como sabe
o leitor, é strong fear or dislike: an irrational or very powerful fear
and dislike of something such as spiders or confined sapaces.
Irracional? Pois sim. Tenho fobia de bores, que me perseguem nas
reuniões sociais. Bores, sabemos todos, são os chatos. Chatos preênseis
adoram o philosopho: são os chatos que prendem, seguram a vítima pelo
braço. E os chatos perdigoteiros, hein? Exigem que a gente frequente
festas levando guarda-chuva, que em BH chamam sombrinha. Spiders, que
vimos aí atrás, são aracnídeos, classe de artrópodes quelicerados,
cosmopolita, que reúne 50.000 spp. distribuídas em 11 ordens,
vulgarmente conhecidos por aranhas, ácaros e escorpiões; caracterizam-se
pela presença de quatro pares de patas e um par de palpos, pelo corpo
dividido em cefalotórax e abdome e pela ausência de antenas.
Há
milhares de fobias, que não cabem neste espaço. Tenho outras, como, por
exemplo, a tatoophobia, fobia de gente tatuada. Não consigo entender o
que leva uma pessoa a tatuar-se. E a onda, antes restrita aos
presidiários e aos marinheiros de péssimos antecedentes, parece ter
tomado conta do pedaço. Paciência, mas paciência fóbica. Este belo
suelto, que já passa das 190 palavras, vem a propósito dos programas Dr.
Oz, do médico turco-americano Mehmet Cengiz Oz, de muito sucesso na
tevê dos Estados Unidos. Tenho visto alguns divertidíssimos e outros
chatíssimos. Noite dessas, tivemos programa sobre phobias, com uma jovem
e bela senhora que tem pavor de aranhas, e um convidado da área psi
especialista em curar fobias, que teria curado o turco-americano da
acrofobia, medo mórbido de alturas.
Saudoso amigo, engenheiro que
se afazendou no Pantanal, tinha fobia de pererecas, designação comum a
diversos anfíbios anuros arborícolas, especialmente aqueles da família
dos hilídeos, geralmente de cor verde ou marrom, pele lisa, grandes
pernas traseiras e dedos com ventosas: caçote, rã, raineta, rela,
tanoeiro. O Pantanal tem pererecas à beça e à bessa. Como viver por lá
se o fazendeiro tem fobia delas? O engenheiro solucionou o problema
passando a coçar as cabecinhas das pererecas, que ficam quietinhas e
adoram ser coçadas. Com aranhas deve ser mais difícil. Torço para que a
bela norte-americana consiga curar-se de sua fobia, que as dos chatos,
perdigoteiros e tatuados já perdi a esperança.
Bulgária em foco
Ligo
o televisor e fico sabendo que o parlamento búlgaro aceitou a renúncia
do primeiro-ministro empenhado no combate à corrupção, naquele que é o
país mais pobre da Europa. Donde se conclui que os búlgaros se preocupam
com a corrupção. O ilustrado primeiro-ministro Boyko Borisov aumentou a
conta de luz, houve protestos e sua excelência renunciou. Papas
renunciam; primeiros-ministros, outrossim. Enquanto seu lobo não vem,
cuidemos do custo Brasil. Confesso não saber se vou falar dos pericustos
ou dos sobrecustos, mas o fato é que escrevo num dia em que a médica
agendada para examinar o olho do senhor Gilson, hora marcada, tudo
bonitinho, fez que o senhor Gilson viajasse hora e meia de ônibus para
dar com o nariz na porta do consultório: a doutora não compareceu.
Portanto, só de ônibus foram três horas, noves fora o tempo de espera,
que os coletivos não partem de 10 em 10 minutos.
Enquanto isso,
vosso philosopho remanejava os compromissos agendados para esperar, em
casa, a visita de um pedreiro que viria completar serviço iniciado na
véspera, integralmente pago em moeda corrente no país. O pedreiro e seu
ajudante foram à casa do leitor de Tiro e Queda? Sim, porque aqui não
vieram. E isso num dia em que perdi duas horas de trabalho tentando
cancelar uma assinatura de jornal e um plano de saúde, pelas seguintes
razões: o jornal não circula na cidade em que passei a residir e o plano
de saúde, que atua em 70 municípios, não atende por aqui. O telefonema
que dei ao jornal, via celular, passou de 30 minutos e o negócio só foi
resolvido quando ameacei a operadora de telemarketing e sua chefe de
telefonar ao dono do jornal, meu amigo, que demitiria as duas. Quanto ao
plano de saúde, ainda não sei como vão terminar as coisas e preciso
encerrar estas 304 bem traçadas palavras para cuidar de outros assuntos
igualmente importantes.
O mundo é uma bola
17
de maio de 1814: instituído o Dia Nacional da Noruega. Tenho leitora
mineira que faz mestrado naquele frio. Em 1846, Adolphe Sax patenteia o
saxofone. Dei um caríssimo ao neto mais velho: pergunta se ele quis
estudar. Em 1990, Assembleia Geral da Organização Mundial de Saúde (OMS)
retira a homossexualidade de sua lista de doenças mentais. Salvo melhor
juízo, é tempo de incluir na lista a hoje raríssima heterossexualidade.
Em 2009, depois de 25 anos de guerra civil, o grupo separatista Tigres
de Liberação do Tamil Eelam anuncia sua rendição ao governo do Sri
Lanka, ex-Ceilão, ex-Taprobana. Em 1900, nasceu o aiatolá Ruhollah
Khomeini, autor do Livro verde, deliciosa obra que ensina os muçulmanos a
obrar voltados para Meca. Hoje é o Dia Internacional da Internet.
Ruminanças
“Rejubila-me
a notícia de que há bons policiais investigando e prendendo maus
policiais. Pelo andar da política brasileira, não seria de espantar que
os maus prendessem os bons.” (R. Manso Neto)
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