Estado de Minas: 12/08/2013
Poderosa
multinacional deve ter assessoria de imprensa da melhor supimpitude, mas
estava dispensada de exagerar. Deu-se que recebi aviso de vencimento de
dívida que teria com ela, multinacional, que só conheço de nome. De vez
em quando recebo ameaças do gênero. São ladrões que veem o meu endereço
eletrônico no jornal e mandam e-mails exigindo depósitos em determinada
conta bancária dentro de 48 horas, sob pena de ter o meu nome inscrito
no Serasa. Ladroeira elementar, porque o aviso vem com erros primários
em nome de uma “empresa” de cobranças que funcionaria numa salinha de um
prédio paulistano.
Mesmo conhecendo a multinacional de fama, nunca tive qualquer tipo de contato com ela, mas tenho amigo que representa no Brasil uma empresa concorrente daquela que, supostamente, me ameaçava. Repassei-lhe os dados da ameaça e ele os remeteu para os seus amigos da concorrente.
Dia seguinte, recebo e-mail da multinacional avisando que está tomando as providências para identificar e processar os ladrões que agem em seu nome. Curiosidade no texto da assessoria de imprensa: “Eduardo. É cediço que a nossa empresa etc.”. Cediço... É de cabo de esquadra!
Claro que conheço o adjetivo, mas não me lembrava de tê-lo visto em textos do gênero. Aurélio e Aulete/digital advogam a provável etimologia do espanhol cedizo, enquanto Houaiss diz que a origem é controversa. Os significados é que são de arromba: “em processo de putrefação, estragado, podre, desagradável ao paladar, salobro, que está fora de uso, ultrapassado”.
Por derivação, em sentido figurado, temos: “sabido de todos, antigo, velho”. Daí a pergunta que faço ao leitor: não seria mais simples escrever “É sabido que a nossa empresa”? Sou capaz de apostar que o assessor de imprensa tem doutorado em comunicação social. Multinacionais dão muita importância aos mestrados e doutorados. Sem doutorado, é cediço que ninguém escreve cediço.
Inevitável
Logo cedo, frio inenarrável, telefonema de um amigo afrancesado, natural de Curvelo (MG), para dizer que pás não tem acento. Foi numa frase em francês que copiei do Google. Ora, bolas, no texto expliquei que não falo uma palavra daquele idioma. Transcrevi a frase e o curvelano não perdoou.
O episódio lembrou-me a lição de um dos maiores fazendeiros do Brasil, imigrante italiano que começou capinando café como empregado rural e construiu um império. Num rápido sobrevoo de suas terras, antes de pousar, o empresário via quase tudo que estava carecendo de reparo com urgência. Por exemplo: atraso na capina de um cafezal. E dizia aos seus administradores: “Vocês ficam preocupados com a pulga e não veem o elefante”.
Aí é que está: uma porteira caída é a pulga, enquanto um talhão de café sem capinar é o elefante. A porteira você conserta depois; o cafezal precisava de capina ontem. No meu texto criticado ao dealbar da aurora, o elefante, o cerne, o fulcro é a feijoada. O acento no pas era e continua sendo irrelevante.
É do gênio de Sérgio Porto, sob pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta, a constatação de que “uma feijoada só é completa quando tem ambulância de plantão”. Realmente, não sei como sobrevivi às feijoadas do Real Astória no calorão do Rio e a tantas outras ao longo dos séculos. Depois de quase idoso ainda tive companheira que adorava feijoadas pantagruélicas. E me prezo de ser amigo do João Dias, o rei da feijoada do Mercado Central de Belo Horizonte.
Só agora, graças a ilustre delegado mineiro, descobri que a salvação da feijoada está na couve. A couve é anti-inflamatória e cicatrizante, ajuda a fixar o cálcio nos ossos, tem fitoquímicos naturais de ação desintoxicante, fortalece o sistema imunológico e tem uma quantidade incrível de vitaminas e minerais, magnésio à beça, além de rejuvenescer – garante o doutor delegado.
E aduz, o que significa dizer que apresenta provas, nos conformes de sua experiência na polícia civil de Minas: a couve combate a celulite, ajuda a eliminar a gordura, regula os hormônios, desintoxica e ajuda a melhorar o humor. Graças às feijoadas, sou bem-humorado até hoje. Não me abespinham as críticas do curvelano ao francês que transcrevo do Google.
O mundo é uma bola
12 de agosto de 1099: na Batalha de Ascalão, os exércitos da Primeira Cruzada voltam a vencer o Califado Fatímida. Os fatímidas, que talvez somassem 50 mil homens, eram comandados pelo vizir al-Afdal Shahanshah. Ainda hoje, nas manifestações de rua, é difícil calcular o número de pessoas. Por aí, dá para imaginar a contagem dos fatímidas em Ascalão, que ninguém sabe onde fica, a não ser que consulte o Google.
Em 1927, na Revolta dos Fifis, o capitão-de-fragata Filomeno da Câmara de Melo Cabral e o doutor Fidelino de Souza Figeiredo tentam, sem sucesso, derrubar o governo português.
Dia 12 de agosto é aprovado o Formulário Ortográfico de 1943, que seria observado no Brasil até 31 de dezembro de 2008, quando inventaram a bagunça que aí está e há de ser derrubada.
No sábado 12 de agosto de 2006, véspera do Dia dos Pais, o repórter Guilherme Portanova e o técnico Alexandre Coelho Calado, da Rede Globo, foram sequestrados em São Paulo pelo PCC.
Hoje é o Dia Nacional das Artes.
Ruminanças
“A arte nasce da dor como a pérola” (Monteiro Lobato, 1882-1948).
Mesmo conhecendo a multinacional de fama, nunca tive qualquer tipo de contato com ela, mas tenho amigo que representa no Brasil uma empresa concorrente daquela que, supostamente, me ameaçava. Repassei-lhe os dados da ameaça e ele os remeteu para os seus amigos da concorrente.
Dia seguinte, recebo e-mail da multinacional avisando que está tomando as providências para identificar e processar os ladrões que agem em seu nome. Curiosidade no texto da assessoria de imprensa: “Eduardo. É cediço que a nossa empresa etc.”. Cediço... É de cabo de esquadra!
Claro que conheço o adjetivo, mas não me lembrava de tê-lo visto em textos do gênero. Aurélio e Aulete/digital advogam a provável etimologia do espanhol cedizo, enquanto Houaiss diz que a origem é controversa. Os significados é que são de arromba: “em processo de putrefação, estragado, podre, desagradável ao paladar, salobro, que está fora de uso, ultrapassado”.
Por derivação, em sentido figurado, temos: “sabido de todos, antigo, velho”. Daí a pergunta que faço ao leitor: não seria mais simples escrever “É sabido que a nossa empresa”? Sou capaz de apostar que o assessor de imprensa tem doutorado em comunicação social. Multinacionais dão muita importância aos mestrados e doutorados. Sem doutorado, é cediço que ninguém escreve cediço.
Inevitável
Logo cedo, frio inenarrável, telefonema de um amigo afrancesado, natural de Curvelo (MG), para dizer que pás não tem acento. Foi numa frase em francês que copiei do Google. Ora, bolas, no texto expliquei que não falo uma palavra daquele idioma. Transcrevi a frase e o curvelano não perdoou.
O episódio lembrou-me a lição de um dos maiores fazendeiros do Brasil, imigrante italiano que começou capinando café como empregado rural e construiu um império. Num rápido sobrevoo de suas terras, antes de pousar, o empresário via quase tudo que estava carecendo de reparo com urgência. Por exemplo: atraso na capina de um cafezal. E dizia aos seus administradores: “Vocês ficam preocupados com a pulga e não veem o elefante”.
Aí é que está: uma porteira caída é a pulga, enquanto um talhão de café sem capinar é o elefante. A porteira você conserta depois; o cafezal precisava de capina ontem. No meu texto criticado ao dealbar da aurora, o elefante, o cerne, o fulcro é a feijoada. O acento no pas era e continua sendo irrelevante.
É do gênio de Sérgio Porto, sob pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta, a constatação de que “uma feijoada só é completa quando tem ambulância de plantão”. Realmente, não sei como sobrevivi às feijoadas do Real Astória no calorão do Rio e a tantas outras ao longo dos séculos. Depois de quase idoso ainda tive companheira que adorava feijoadas pantagruélicas. E me prezo de ser amigo do João Dias, o rei da feijoada do Mercado Central de Belo Horizonte.
Só agora, graças a ilustre delegado mineiro, descobri que a salvação da feijoada está na couve. A couve é anti-inflamatória e cicatrizante, ajuda a fixar o cálcio nos ossos, tem fitoquímicos naturais de ação desintoxicante, fortalece o sistema imunológico e tem uma quantidade incrível de vitaminas e minerais, magnésio à beça, além de rejuvenescer – garante o doutor delegado.
E aduz, o que significa dizer que apresenta provas, nos conformes de sua experiência na polícia civil de Minas: a couve combate a celulite, ajuda a eliminar a gordura, regula os hormônios, desintoxica e ajuda a melhorar o humor. Graças às feijoadas, sou bem-humorado até hoje. Não me abespinham as críticas do curvelano ao francês que transcrevo do Google.
O mundo é uma bola
12 de agosto de 1099: na Batalha de Ascalão, os exércitos da Primeira Cruzada voltam a vencer o Califado Fatímida. Os fatímidas, que talvez somassem 50 mil homens, eram comandados pelo vizir al-Afdal Shahanshah. Ainda hoje, nas manifestações de rua, é difícil calcular o número de pessoas. Por aí, dá para imaginar a contagem dos fatímidas em Ascalão, que ninguém sabe onde fica, a não ser que consulte o Google.
Em 1927, na Revolta dos Fifis, o capitão-de-fragata Filomeno da Câmara de Melo Cabral e o doutor Fidelino de Souza Figeiredo tentam, sem sucesso, derrubar o governo português.
Dia 12 de agosto é aprovado o Formulário Ortográfico de 1943, que seria observado no Brasil até 31 de dezembro de 2008, quando inventaram a bagunça que aí está e há de ser derrubada.
No sábado 12 de agosto de 2006, véspera do Dia dos Pais, o repórter Guilherme Portanova e o técnico Alexandre Coelho Calado, da Rede Globo, foram sequestrados em São Paulo pelo PCC.
Hoje é o Dia Nacional das Artes.
Ruminanças
“A arte nasce da dor como a pérola” (Monteiro Lobato, 1882-1948).
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