Não consigo imaginar como podem milhões de pessoas viver nos países nórdicos em regiões que têm 'noites' durando meses
Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 09/08/2013
Houaiss
diz que o substantivo edifício vem do latim aedificìum,ìí 'edifício',
entrou em nosso idioma no século XIV e tem, entre várias acepções, “obra
arquitetônica, de certa importância, destinada a abrigar os diversos
tipos de atividades humanas; edificação, casa, prédio, imóvel” como
também “prédio de vários pavimentos”.
Esse prédio de vários
pavimentos, mais que as outras edificações, implica negócio chamado
“convivência humana” e é aí que a porca torce o rabo, que o zagueiro do
time de futebol do doutor Marcus Tullius Cicero (103 – 43 a.C.),
encarregado de marcar um Messi, um Neymar, diria em latim de beque:
ibidem porcina caudam torquet.
Ainda que as unidades residenciais
num edifício de vários pavimentos sejam separadas por lajes e paredes,
há um tipo de convivência inevitável incluindo barulhos, vagas nas
garagens, escadas ou elevadores, corredores, portarias, fachadas e falta
de educação generalizada.
É sabido que morar nunca foi sinônimo
de luxo: você pode morar muito bem, com todo o conforto, sem mármores,
granitos azuis, cristais e outras frescuras inventadas pour épater le
bourgeois, que, diz o Google, é uma frase francesa convertida em grito
de guerra dos poetas de França no final do século XIX, como Baudelaire e
Rimbaud, significando “escandalizar a classe média ou burguesia”.
Hoje,
com a classe média inventada neste país grande e bobo, qualquer piso de
R$ 30 o metro quadrado espanta o burguês. Na roça trirriense, um
pedreiro fazia pisos lindíssimos de cimento branco, iguais aos que vi na
casa de um bilionário paulistano em mil novecentos e muito antigamente.
Portanto,
sem vizinhos em baixo, em cima e do lado, um piso bem feito em cimento
branco resulta da melhor supimpitude, desde que você tenha água
encanada, rede de esgotos, luz elétrica e segurança. Quando a ONU
calculou em 100 mil o número de mortos nos primeiros dois anos de guerra
civil na Síria, andei lendo que o número de assassinatos no Brasil
andava em 154 por dia. Peguei a calculadora chinesa de nove reais e
multipliquei 154 por 365 dias para encontrar 56.210 mortes/ano, ou
112.420 em dois anos, isto é, mais 12.420 que os mortos na guerra civil
dos sírios.
Dia desses, como lhes contei, a internet andou
exibindo a fortuna do sultão do Brunei, país asiático de 5.765 km2 e 400
mil habitantes, em que se fala malaio. Renda per capita: US$ 51 mil, a
quinta maior do mundo. Morri de pena do sultão ao constatar que seu
Boeing, cuja decoração custou mais de 100 milhões de dólares, não tem
bidê no banheiro de ouro. Só a decoração, porque o avião custou outros
100 milhões. Brunei tem petróleo e gás para dar e vender, daí a fortuna
do sultão Haji Hassanal Bolkiah Mu'izzaddin Waddaulah ibni Al-Marhum
Sultan Haji Omar Ali Saifuddien Sa'adul Khairi Waddien, nascido em 1946,
educado na Royal Military Academy Sandhurst (RMAS), Inglaterra, que vai
entrar na história como homem sem bidê.
Alegria, alegria!
Aviso
aos navegantes: começou minha temporada de alegria. Todo ano é assim
quando os dias começam a espichar depois do solstício de inverno.
Alegria que não acaba com o solstício de verão ainda no período quente:
detesto frio. Não consigo imaginar como podem milhões de pessoas viver
nos países nórdicos em regiões que têm “noites” durando meses. Não deve
ser à toa que aquelas regiões continuam com os recordes mundiais de
suicídios.
Alegrias não conjuminam (está dicionarizada!) com
assuntos escabrosos. Faz tempo, muito tempo mesmo, que venho evitando
falar de certo ministro, pelo seguinte: um texto toma o meu tempo e
implica o gasto de tinta e papel com uma figura que não vale um traque.
Só no Brasil uma figurinha abjeta, como a do paranaense, chegaria a
ministro de Estado. E aí recorro a um e-mail que recebi de amiga
residente em Brasília, DF, com o título: LATIM, língua maravilhosa!
Vejamos:
“O vocábulo ‘maestro’ vem do latim ‘magister’ e esse, por sua vez, do
advérbio ‘magis’, que significa ‘mais’ ou ‘mais que’. Na antiga Roma o
‘magister’ era o que estava acima dos restantes pelos seus conhecimentos
e habilitações.
Por exemplo, o ‘Magister equitum’ era o ‘Chefe
de cavalaria’ e o ‘Magister Militum’ o ‘Chefe Militar’. Já o vocábulo
‘ministro’ vem do latim ‘minister’ e esse, por sua vez, do advérbio
‘minus’ que significa ‘menos’ ou ‘menos que’. Na antiga Roma, o
‘minister’ era o servente ou o subordinado que apenas tinha habilidades
ou era jeitoso.
Como se vê, o latim explica a razão pela qual um
imbecil pode ser ministro e não maestro”. Explica, também, a longa
permanência do paranaense à frente do ministério. Menos que digno de
nota num texto de jornal, aquilo é subnitrato de pó de bosta.
O mundo é uma bola
Dia
9 de agosto de 48 a.C., Júlio César derrota Pompeu na Batalha de
Farsalo. Pompeu foge para o Egito, onde seria assassinado. Em 1483,
inauguração da Capela Cistina. Em 1902, coroação de Eduardo VII, do
Reino Unido. Em 1969, Sharon Tate e mais quatro pessoas são mortas pelos
bandidos da Família Manson. Charles Milles Manson está preso até hoje
dando despesas ao governo dos EUA, quando teria sido muito mais simples
sumir com ele.
Ruminanças
“Temos as lembranças que merecemos” (Gérard Bauer, 1888-1967).
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