domingo, 27 de outubro de 2013

Cuidados ao fazer plástica‏

Operar por modismo ou para agradar os outros não é boa ideia



Alexandre Meira - Cirurgião plástico do Hospital Mater Dei, preceptor de residência médica do Hospital Universitário São José e Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig)


Estado de Minas: 27/10/2013 


Nos dias atuais, em que a exigência do bem-estar e do belo visual se tornam cada dia mais importantes em nossas vidas, a cirurgia plástica registra aumento de procedimentos significativo a cada ano. Difícil achar quem nunca fez e, se ainda não a fez, gostaria de fazer. Aí se iniciam as dúvidas de cada um: riscos, o que fazer, se vale ou não a pena, onde e com quem operar. Em primeiro lugar, deverá fazer uma cirurgia estética aquela pessoa que se sente realmente incomodada com algumas de suas características, o que não implica obrigatoriamente em ser um defeito. Saúde é o bem-estar físico, social e emocional. A “doença” a ser tratada dessa pessoa está em cuidar de seu bem-estar social e emocional. Não opere por modismo, não opere para agradar aos outros, não opere seu corpo para resolver outros problemas que não o desconforto com a parte do corpo que realmente incomoda.

Segundo: achar o médico para operar você. Sem dúvida, cirurgia estética deve ser realizada por um cirurgião plástico, que, obrigatoriamente, deverá estar ligado à Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (www.cirurgiaplastica.org.br). Esse profissional deverá ter feito dois anos de cirurgia geral e mais três de cirurgia plástica e ter sido submetido a uma prova para obter o título de especialista em cirurgia plástica. O profissional, além da formação técnica, deve ter formação nos aspectos psicossociais e humanos que envolvem a cirurgia estética e deverá ter capacidade suficiente para, junto ao paciente, avaliar suas queixas e analisar o que poderá e deverá ser feito. Isso é muito importante, pois observamos que muitas queixas no pós-operatório estão relacionadas à insatisfação com os resultados, que muitas vezes estão bons, mas insuficientes dentro daquilo que o paciente desejava e esperava. Isso somente poderá ser prevenido com uma orientação adequada e bem entendida pelo paciente no pré-operatório, orientando sobre o biótipo de cada pessoa, características da pele, cicatrizes, limitações das próprias técnicas cirúrgicas. Enfim, informações completas e verdadeiras para que o paciente não seja iludido com possibilidades e resultados milagrosos, o que realmente o deixará infeliz posteriormente caso esse “milagre” não seja alcançado. O cirurgião plástico, que deverá ser o avaliador e sabedor de tudo isso, será o responsável por todo esse esclarecimento, pois é normal e comum o paciente chegar ao consultório do cirurgião muitas vezes com sonhos fora da realidade. Isso deverá ser avaliado e ponderado antes da cirurgia. Depois de feita, não há volta. 

Enfim, onde operar. O ambiente deverá ser hospitalar, seja um hospital propriamente dito ou uma clínica que tenha centro cirúrgico com toda a estrutura hospitalar para atendimento de qualquer intercorrência. Jamais em um consultório médico ou clínica que não tenha a estrutura básica exigida pelos padrões do Conselho Federal de Medicina e Vigilância Sanitária. Muitíssimo importante também o acompanhamento sempre do anestesista, profissional que deverá fazer a avaliação pré-anestésica, acompanhar o paciente durante toda a cirurgia e nas primeiras horas do pós- operatório na sala de recuperação pós- anestésica. Cabe ao cirurgião assistente ponderar junto ao paciente em que ambiente deverá realizar a sua cirurgia, levando em consideração os fatores de riscos do próprio paciente, o tamanho da cirurgia, equipe disponível e também onde o paciente e seus familiares se sentirão mais seguros.

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