É até possível que o Brasil se dê conta de que não pode continuar convivendo com essas manifestações pacíficas que terminam em quebra-quebra e pancadaria
Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 23/11/2013
Desde a primeira hora em que circulou a notícia do sumiço do servente de pedreiro Amarildo, muita coisa não me soou bem. Logo apareceram faixas “Onde está Amarildo?” pintadas por profissionais, sinal de que a iniciativa não era comunitária e havia gente graúda por trás da campanha veiculada pelos jornais e tevês.
O sumiço da engenheira Patrícia Amieiro na mesma região – seu automóvel foi encontrado crivado de balas – não provocou a milionésima parte da comoção despertada pelo sumiço do servente de pedreiro. Pensei que as faixas fossem iniciativa do pessoal do tráfico, que continua atuando na Rocinha apesar da UPP, como também atua no Leblon, metro quadrado mais valorizado da Cidade Maravilhosa.
Comentei o fato com as pessoas próximas de mim e achei que era o único a desconfiar da história, até receber e-mail de leitora residente em Brasília transcrevendo texto do economista Rodrigo Constantino, presidente do Instituto Liberal, que esmiuça diversos aspectos do episódio.
Portanto, o economista Constantino também desconfiou: o auê pelo sumiço do servente é patrocinado pela esquerda caviar, que andou realizando banquetes e leilões para pagar os honorários dos advogados que se ocupam do caso. Errei quando atribuí o auê ao tráfico, mas acertei por tabela, considerando que o consumo das drogas traficadas pelos profissionais da Rocinha tem relação estreita com alguns muitos setores da esquerda caviar.
Mais dia, menos dia, o affaire Amarildo será totalmente esclarecido, como também o sumiço de Patrícia. É até possível que o Brasil se dê conta de que não pode continuar convivendo com essas manifestações pacíficas que terminam em quebra-quebra e pancadaria, com as interrupções das rodovias por qualquer motivo e até sem motivo algum, que nunca foram sinônimos de democracia, nem aqui nem na China, como também em Havana, Cuba.
Filosomias
Quando trabalhei numa pequena cidade do oeste de Minas, cujo destacamento policial era composto de um cabo PM e só ele, notei que o patrício ficava na estação esperando a passagem do trem das 18 horas. Quase sempre selecionava um ou dois passageiros descidos da composição e os metia na cadeia, lá mesmo na estação, para embarcá-los no trem da manhã seguinte.
Curioso, perguntei: “Como é que o senhor sabe que o sujeito é um bandido?”. E ele, que sempre me prestava continência pela função que ocupei na empresa dona da cidade, de 6 mil habitantes, explicou: “Vejo na filosomia dele, doutor”. Na hora, morri de rir da filosomia, que depois encontrei em Camões como sinônimo de fisionomia.
Você, caro e preclaro leitor, já notou que todo bandido tem cara de bandido? Pois fique sabendo que, há séculos, os criadores de cavalos árabes evitam usar garanhões de fronte estreita e alongada, como a da lebre, chamados chevaux à nez busqué. Isso porque acham que os tais cavalos transmitem suas taras à descendência.
É também sabido que um edito (decreto, ordem) da Idade Média, citado por Valesio e Loyseau, prescrevia: “No caso de dois indivíduos suspeitos, aplicar a tortura no mais feio”. A mesmíssima tortura que vem sendo usada desde tempos imemoriais até por instituições supostamente civilizadas como o pessoal da Inquisição, que o papa Francisco não nos ouça.
Homenagens
O rabino Henry Sobel voltou a morar nos Estados Unidos, depois de ter sido homenageado no Brasil por seu combate à “ditadura”. Parece-me – e o leitor dirá se tenho razão – que é um exagero homenagear um cavalheiro preso em Palm Beach, Flórida, em março de 2007, furtando cinco gravatas da grife Louis Vuitton, no valor de US$ 680. Depois de combater os “anos de chumbo”, o religioso passou a bispar gravatas Vuitton. Incidiu em crime religioso, considerando que é rabino e bispar significa “desempenhar a função de bispo”, com o regionalismo pernambucano “tomar para si o que é de outrem, furtar, afanar”.
Sobel nasceu em Lisboa, Portugal, dia 9 de janeiro de 1944, sua família mudou-se para Nova York onde foi ordenado rabino por volta de 1970 e veio para o Brasil combater a “ditadura”. O misto de combatente, religioso e larápio tem sido muito homenageado e vai morar em Miami, distante 105km de Palm Beach, onde foi preso.
O mundo é uma bola
23 de novembro de 1913: fundação da primeira universidade tecnológica e décima escola de engenharia do Brasil, a Universidade Federal de Itajubá. Em 1944, Leopoldina Ferreira Paulo doutora-se em ciências biológicas na Universidade do Porto. É o primeiro doutoramento de mulher em Portugal com a tese “Alguns caracteres morfológicos das mãos dos portugueses.
Em 1838 nasceu José Gonçalves da Silva, primeiro governador constitucional da Bahia na República, único deposto pelo povo. Em 1887 nasceu o ator britânico Boris Karloff, nome artístico de William Henry Pratt, que esticou as canelas em 1969.
Em 1933 veio ao mundo em São Luís, João Clemente Jorge Trinta, o carnavalesco Joãosinho Trinta. Em 1962 nasceu em Salvador, Antônio Carlos Santos de Freitas, que o leitor conhece como Carlinhos Brown.
Hoje é o Dia do Engenheiro Eletricista.
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