sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Eduardo Almeida Reis-Eleições‏

As críticas muito me divertem, porque não me alcançam, e tenho a certeza de que os críticos falam da boca para fora, sem acreditar no que dizem
 

Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 27/12/2013 




As primeiras pesquisas de intenção de votos para o Governo do Estado do Rio de Janeiro só fazem confirmar a tradição do eleitor de escolher o pior entre os piores. Não digo “eleitor carioca”, porque o Rio e São Paulo, bem como Brasília, têm milhões de eleitores nascidos em outros estados.

Não deixa de ser curioso notar que os candidatos atuais não disputam ideias, mas minutos de televisão. Vale qualquer tipo de promessa ou acordo, com a só condição de que o outro disponha de minutos de televisão. Os resultados aí estão cada vez piores, como se fosse possível, mas têm sido. Nas pesquisas do Rio, a metade das intenções de votos está prometida a dois cavalheiros que, num país civilizado, estariam na cadeia há muito tempo. Um dos dois deve ser eleito. Fazer o quê?

Ainda bem que para a Presidência da República uma voz maviosa se alevanta – e que voz!, caro e preclaro leitor do Estado de Minas. Pena que na deputação estadual, a maviosidade da mesmíssima voz tenha sido usada para fazer discurso contra mim, quando me tornou pesona non grata ao estado em que faz política, pois nasceu em Pernambuco em novembro de 1972.

Refiro-me ao ilustre político Randolph Frederich Rodrigues Alves – eleito senador mais jovem do Brasil e o mais votado da história do Amapá – conhecido como Randolfe Rodrigues (PSol-AP). Professor de história formado pela Universidade Federal do Amapá é potencial candidato à presidência da República Federativa do Brasil em 2014.

Se fosse religioso, juro que rezaria de cotio, a cote, cotidianamente pelo pernambucano de Garanhuns, porque tenho visto o que acontece aos que falam mal de mim. As críticas muito me divertem, porque não me alcançam, e tenho a certeza de que os críticos falam da boca para fora, sem acreditar no que dizem.

Um ilustrado governador, que me processou por “direitos difusos” reclamando R$ 50 milhões, acabou cassado, coitado, e não foi por mim. Ilustre senador, que ficou meia hora na tribuna do Senado falando mal de mim – por acaso, liguei a tevê na hora e me diverti com a oratória de sua excelência – dois ou três anos depois apareceu na mesma tevê, em cores, algemado pela Polícia Federal por furto na condição de secretário de Saúde do estado em que faz política. Que se pode esperar de um secretário de Saúde, médico, que rouba o povo?

Triste seria merecer reproche de homens de bem, mas tenho tido a sorte de ser exprobado por ladrões ou por ingênuos, caso de Randolph Frederich Rodrigues Alves, cuja voz, e só ela, diz da sua pureza de sentimentos.

Comi mosca

Não sei se as moscas estão incluídas entre os insetos que fazem parte da alimentação regular de mais de um bilhão de pessoas neste planeta faminto. Em maio de 2013 a FAO recomendou insetos na alimentação mundial. Algumas espécies como a formiga tanajura e a larva do besouro Pachymerus nucleorum, conhecida como larva de coquinho, são consumidas regularmente no interior do Brasil. Usei “comer mosca” no sentido de não entender a ironia de um cronista e repassar o seu texto no maior entusiasmo.

Só mais tarde percebi que o rapaz inventou a meia ironia, que consiste na inclusão de uma verdade incontestável entremeio a uma porção de assertivas irônicas. Que é ironia? João do Rio disse que é o lirismo da desilusão. Vem do grego eiróneía,as “ação de interrogar fingindo ignorância; dissimulação”.

Hoje, na rubrica retórica, é a figura por meio da qual se diz o contrário do que se quer dar a entender; uso de palavra ou frase de sentido diverso ou oposto ao que deveria ser empregado, para definir ou denominar algo, enquanto na rubrica literatura é a figura, caracterizada pelo emprego inteligente de contrastes, usada literariamente para criar ou ressaltar certos efeitos humorísticos.

Se você inclui uma verdade incontestável no meio de uma lista irônica acaba confundido a cuca do leitor apressado, como aconteceu comigo. Fiquei para morrer de vergonha. Espero ter aprendido a lição.

 O mundo é uma bola

27 de dezembro de 1831: Charles Darwin embarca no HMS Beagle para sua viagem ao redor do mundo. Em 1935, a Pérsia passa a se chamar Irã. Em 1939, criação do DIP, Departamento de Imprensa e Propaganda do Estado Novo, na ditadura Getúlio Vargas. Em 1945, criação do FMI, o Fundo Monetário Internacional. Em 1949, os Países Baixos reconhecem a independência da Indonésia. Em 1978, depois de 40 anos de franquismo, a Espanha aprova uma constituição democrática. Em 2007, assassinada no Paquistão Benazir Bhutto, duas vezes primeira-ministra, educada em Harvard e em Oxford, advogada, a primeira mulher a ocupar o cargo de chefe de governo de um Estado muçulmano moderno.

Em 1797, nascimento de Domitila de Castro Canto e Melo, marquesa de Santos, que foi a Rose de dom Pedro I. Em 1822 nasceu Louis Pasteur, cientista francês, benfeitor da humanidade. A exemplo de vários outros gênios, nunca foi aluno brilhante no colégio e na universidade.

Ruminanças
 “Havia aqui, por toda parte, ‘amantes espirituais de Stálin’. Eram jornalistas, intelectuais, poetas, romancistas. Outros punham nas paredes retratos de Stálin. Era uma pederastia idealizada, utópica e fotográfica” (Nelson Rodrigues, 1912–1980).

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