sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Câncer rastreado‏

De 2% a 3% dos casos da doença registrados no país atingem as crianças



Amanda Damasceno de Souza
Bibliotecária do Centro de Quimioterapia Antiblástica e Imunoterapia (CQAI)

Estado de Minas: 27/12/2013 

O Registro Hospitalar de Câncer (RHC) é uma fonte sistemática de informações, de coleta, armazenamento e análise de dados a partir do prontuário de pacientes diagnosticados com câncer e tratado em hospitais de alta complexidade. As informações do RHC são fontes para as estimativas sobre câncer no Brasil, realizadas pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), para pesquisa clínico-epidemiológica institucional da Secretaria de Saúde de Minas Gerais e essenciais também na produção de trabalhos científicos que possam auxiliar nos avanços do tratamento da doença. A coleta desses dados deve abranger todas as clínicas que apresentem casos de câncer: quimioterapia, radioterapia, ginecologia, cirurgia, mastologia, dermatologias, entre outras. O câncer infantil corresponde de 2% a 3% de todos os tumores no Brasil e, na América Latina, representam de 0,5% a 3% do total de neoplasias malignas. No ano passado, o Inca estimou que até fim de 2013 ocorreriam 11,5 mil casos de câncer em crianças e adolescentes no país.

O RHC do Centro de Quimioterapia Antiblástica e Imuntoerapia (CQAI), unidade Santa Casa de Belo Horizonte, realizou um importante trabalho entre 2000 e 2013, registrando um total de 13.196 casos de câncer. De acordo com os registros, os tumores mais frequentes em homens foram de próstata, com 28,3% dos casos, seguido de sistemas hematopoético e reticuloendotelial (12,7%) e esôfago (11,6%). Nas mulheres, os tumores mais frequentes são: mama com 54,7%, colo do útero (12,9%) e sistemas hematopoético e reticuloendotelial (8,4%). Os 10 anos de trabalho intenso desses registros contribuem para os estudos sobre o diagnóstico da doença em vários estágios – em 2012, em torno de 2,7 mil pessoas morreram.

O CQAI realizou também estudos sobre o câncer infantil com base nos dados do RHC da Santa Casa de Belo Horizonte. De 2000 a 2009, foram registrados 600 casos em pacientes com até 18 anos. Os resultados mostraram que a maioria dos pacientes eram provenientes da Região Metropolitana de Belo Horizonte, totalizando 25,3%. Os principais tumores na pediatria foram leucemia (35,8% dos casos), linfomas (15,7%) e sistema nervoso central. Outro estudo que abordou somente a leucemia em crianças e adolescentes, entre 2000 a 2011 detectou 312 crianças, com 217 casos de leucemia linfoblástica aguda, 39 com o tipo mielóide aguda e 11 de mielóide crônica. A leucemia é a neoplasia mais frequentes em crianças em MInas.

Conhecer o perfil epidemiológico dos pacientes com câncer é importante para planejar mudanças na assistência e contribuir com dados para estatísticas epidemiológicas do estado. Esses dados fornecem informações aos gestores de saúde para tomada de decisão no enfrentamento desse problema. Uma vez que o RHC é uma importante fonte de informação para estudos epidemiológicos, para o planejamento e fluxo de atendimento de pacientes oncológicos, para a criação de políticas e campanhas de prevenção e detecção do câncer em Minas, é fundamental que esta sistemática seja adotada por todos os centros que se especializaram no tratamento oncológico.

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