Ainda hoje...
Divertia-me assistindo ao telejornal nipônico, que me deixava informado das últimas notícias sem entender absolutamente nada
Eduardo Almeida Rei
Estadode Minas: 08/02/2014
Adoro quando a
GloboNews anuncia: “Ainda hoje, 21h30, Navegador”. É sinal de que terei
meia hora para escrever aqui no computador. Tentei assistir ao programa
duas vezes: não entendi absolutamente nada. É programa feito para
telespectador inteligente, o que me exclui da lista. Vi que é feito por
quatro cavalheiros, uns mais, outros menos cabeludos, todos com dentes
muito brancos, que se divertem sobre uma tela que faz as vezes de mesa,
passam a mão na mesa-tela e aparecem números, fatos, figuras, lembrando
vagamente certas mesas do kardecismo, doutrina reencarnacionista
formulada por Allan Kardec (pseudônimo de Hippolyte Léon DenizardRivail,
escritor francês, 1804-1869), que pretende explicar, segundo uma
perspectiva cristã, o movimento cíclico pelo qual um espírito retorna à
existência material após a morte do antigo corpo em que habitava, o
período intermediário em que se mantém desencarnado, e a evolução ou
regressão de caráter moral e intelectual que experimenta na continuidade
deste processo. Navegador me lembra, também, a tevê a cabo decente que
tive em BH. Havia telejornal de emissora japonesa, em japonês, com os
japonismos próprios daquele povo. Divertia-me assistindo ao telejornal
nipônico, que me deixava informado das últimas notícias sem entender
absolutamente nada. Muito melhor do que os nossos telejornais, que nos
entopem de mortes e tragédias no mundo inteiro, sem exclusão do
Paquistão e do Afeganistão.
Esporte
Que é esporte? Temos o
Ministério do Esporte, jornalistas esportivos, editorias de esportes,
mas implico solenemente com o fato de o pôquer ser considerado esporte.
Vejamos a definição de esporte no Houaiss: “Prática metódica, individual
ou coletiva, de jogo ou qualquer atividade que demande exercício físico
e destreza, com fins de recreação, manutenção do condicionamento
corporal e da saúde e/ou competição”. Será que o pôquer está incluído em
“recreação”? Soube que foi incluído como “esporte mental” pela
Federação Internacional dos Esportes da Mente (Imsa), que já tem xadrez,
bridge, damas, go e outros “esportes” mentais de estratégia e
habilidade. José Damiani, presidente da Imsa, disse que ficou muito
feliz com a inclusão do pôquer nessa lista. Quanto ao go, que ninguém
conhece, é jogo nacional japonês de origem chinesa em que dois
contendores dispõem alternadamente 180 pedras cada um, pretas e brancas,
sobre um tabuleiro dividido em quadrados por 19 linhas horizontais e 19
verticais, procurando conquistar território. Se é assim, acho que
escrever é esporte e o sujeito que escreve deve ser considerado
esportista, sobretudo o cronista, que vive na corda bamba, porque
desempenha função remunerada quando há milhares, milhões de candidatos
dispostos a escrever de graça. Que me diz o leitor do sexo? Exige
exercício físico e destreza, além de contribuir para o condicionamento
corporal e a saúde. Só aí temos a inclusão de todos os meus amigos,
maiores de 60, na lista dos atletas olímpicos, se fazem a milionésima
parte do que dizem fazer. Tiro é considerado esporte olímpico e o Brasil
teve um medalhista há muitos anos. Cá entre nós: é esporte? Sempre
atirei razoavelmente e tive companheira que não errava um tiro:
mosquetão, fuzil, revólver 357 magnum. Serpentes rastejando no terreiro
ou no alto de uma jabuticabeira eram abatidas com um tirinho nas
respectivas cabecinhas. Um dom, aptidão natural sem qualquer treinamento
– e os treinos são pressupostos das atividades esportivas.
Cheiro de charuto
Afamanado
jornalista festejou a redução do número de fumantes de charutos no
Brasil. De repente, não gosta de cheiro de charuto e arrumou um namorado
que charuteia. É verdade que o cheiro varia bastante, considerando que
há charutos vendidos a R$ 1 e outros que custam mais que R$ 100 cada um.
Importantes jornais têm publicado artigos com mapas coloridos mostrando
que vem diminuindo o número de fumantes de cigarros neste país grande e
bobo. Ótimo! Dia virá, e não deve estar distante, em que o Piscinão de
Ramos, com hino, bandeira e constituição, imitará o estado
norte-americano do Colorado, permitindo a venda de cigarros para “uso
recreativo”. E a gente se diverte, até porque de amargo já basta o
noticiário televisivo.
O mundo é uma bola
8 de fevereiro de
1314: Ismail I ibnFaraj torna-se o quinto rei nasrida de Granada,
sucedendo ao seu tio Abu al-JuyuchNasr, deposto por uma rebelião. Ismail
reinará até 1325 e o vosso philosopho, do tanto que tem falado da
dinastia nasrida, não aguenta mais copiar o que diz a Wikipédia, mesmo
porque ninguém se interessa pelos nasridas. Em 1725, com a morte de
Pedro, o Grande, Catarina I assume o trono da Rússia, hoje ocupado por
Vladimir Putin, que está fazendo história. Em 1919, primeira viagem
aérea turística. Um avião adaptado com assentos voa de Paris para
Londres levando 12 malucos novidadeiros. Em 1953, criação do Exército
Popular da Coreia do Norte, que tem prestado bons serviços à família que
comanda aquele país. Em 1957, o rei Saud, da Arábia Saudita, visita os
Estados Unidos e obtém do governo norte-americano promessa de ajuda
militar. Ainda bem que os EUA não sugeriram que as mulheres sauditas
pudessem conduzir veículos automotores.
Ruminanças
“O voto
deve ser rigorosamente secreto. Só assim, afinal, o eleitor não terá
vergonha de votar no seu candidato” (Apparício Fernando de Brinkerhoff
Torelly, o barão de Itararé, 1895-1971).
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