O tempo e a eternidade
João Paulo
Estado de Minas: 08/02/2014
O jesuíta João Batista Libanio integrou em sua vida a dimensão da fé, do saber e da ação transformadora |
Crer para libertar. Em poucas palavras,
talvez essa seja uma maneira digna de expressar o itinerário de João
Batista Libanio, teólogo jesuíta que morreu na semana passada, deixando
em obra e ações um testamento para os homens do nosso tempo. Com mais de
100 livros publicados, a maior parte em conjunto com outros pensadores –
inclinação de um homem que sempre quis estar ao lado dos irmãos –,
Libanio foi também uma fonte pessoal de exemplos, em ações e militância.
Com a profundidade de um erudito e a inspiração de um pastor, estendeu
sua existência entre os pilares do tempo presente e da eternidade.
A tensão entre as grandes questões contemporâneas, sendo a injustiça social a mais candente entre elas, e a busca de uma teologia fundamental alimentaram uma vida plena, que foi ainda colorida por características humanas exemplares. João Batista Libanio tinha vivo senso de humor, era humilde, enfrentava com a mesma dedicação tarefas intelectuais e organizativas. Doutor pela Universidade Gregoriana de Roma, com estudos na Alemanha com o teólogo Karl Rhaner, diretor do Colégio Pio Brasileiro em Roma durante o Concílio Vaticano II, Libanio não ficou encastelado na tentadora carreira de intelectual no seio da Igreja. Foi sempre um pensador da vida.
Além da ação pastoral e de assessoria a movimentos internos da instituição, ele foi um dos animadores do projeto de criação das comunidades eclesiais de base, um dos pilares da Teologia da Libertação, que ele ajudou a formular. Sua obra, de certa forma, mimetiza a riqueza da vida. Ao lado de livros de teologia sistemática, escreveu ensaios de análise de conjuntura, textos sobre a questão urbana, estudos sobre a fé, livros de metodologia do pensamento e de filosofia. Em muitos de seus trabalhos se encontrava ainda a vocação didática, o convite para o diálogo, o esforço em formar cidadãos na seara do pensamento. Libanio não era homem de sermões, na acepção popular do termo, mas de diálogo, sempre ancorado no sentido transcendente da realidade. Era amigo de Platão, mas era ainda mais amigo da verdade.
A Teologia da Libertação é um dos grandes projetos de emancipação humana do século 20. Além de sua dimensão política, com a opção pelos pobres e abertura aos problemas sociais da América Latina, onde surgiu, a Teologia da Libertação traz nova dimensão intelectual e cria um plano original de reflexão. O teólogo passa a ter sua tarefa teórica condicionada pela fé do povo. “Não há oposição entre fé e política, entre fé e luta libertadora, entre fé e compromisso social”, sintetizou Libanio no livro Igreja contemporânea – Encontro com a modernidade. Além do movimento interno, a Teologia da Libertação marca uma inclinação prática da Igreja em direção aos pobres, deslocando ainda os paradigmas da contemporaneidade, como a relação com a natureza, a valorização das mulheres e das etnias, e a dinâmica em direção ao ecumenismo.
A religião é uma dimensão marcante do jeito de ser do brasileiro. No entanto, por motivos diversos, nem sempre ela é considerada uma via importante para o conhecimento do país e da realidade social. Com teólogos como João Batista Libanio e Leonardo Boff, com pensadores como Henrique Cláudio de Lima Vaz, entre outros, pode ser que estejamos perdendo uma via fundamental para a compreensão de nossa realidade, que poderia se somar ao trabalho de sociólogos, cientistas políticos, economistas e antropólogos. A distância que grande parte dos intelectuais mantém da teologia – empurrando-a para o campo estrito da religião ou da psicologia individual, quando não do pensamento mágico e antípoda à ciência – é sinal de uma miopia voluntária e pouco produtiva. Não apenas pelo volume da obra, mas por sua consistência e pluralidade, o trabalho de Libanio pode ser um guia precioso para nosso tempo e para a nossa realidade.
Cenários e fé
Para o leitor leigo em questões teológicas e para aquele que não tem fé, mesmo assim a obra de Libanio traz contribuições fundamentais. Em dois pequenos livros em que analisa a conjuntura da Igreja, o autor organiza de forma inteligente e articulada o contexto da instituição em nosso tempo. Cenários da Igreja, como o título indica, faz uso da categoria de cenário (em vez de modelo) para propor uma visão prospectiva da Igreja. O livro procura descrever os cenários existentes hoje, sempre a partir de um duplo movimento: um que impulsiona a Igreja a dar conta de suas questões internas; e outro que estabelece ligação com o mundo social, político e econômico.
Nessa chave, Libanio passa então a examinar os diferentes cenários: a Igreja instituição, a Igreja carismática, a Igreja pregação e a Igreja da práxis libertadora. Em cada uma dessas possibilidades, o teólogo trata de temas que dizem respeito a questões morais, litúrgicas, doutrinais e filosóficas, com o cuidado de resgatar em cada cenário os aspectos positivos e problemáticos. Dialético, Libanio não cai em momento algum na tentação positivista de ver um caminho único e mecânico, destacando sempre a presença da consciência humana nas escolhas.
Em outra obra que também parte da análise de conjuntura, Igreja contemporânea – Encontro com a modernidade, Libanio parte de uma questão mais abrangente: de que maneira o embate com o projeto da modernidade (a ciência aí incluída) alterou as perspectivas da Igreja e que novas questões estão postas para a renovação da instituição?. O teólogo passa em revista o clima anterior ao Concílio Vaticano II, analisa os movimentos que prepararam o encontro e seu desenrolar, estuda os anos pós-conciliares para concluir com a caminhada da Igreja na América Latina e com o movimento da nova evangelização, no contexto da globalização e do neoliberalismo.
Outra questão sempre presente na obra do teólogo é o tema da fé. Libanio, com argúcia, separa religião de fé, trazendo o debate para a situação de orfandade sentida pelo homem contemporâneo. “Por escolha, fé constitui o substantivo de nossa reflexão. A religião se transformará num dos adjetivos da fé: a fé religiosa.” Com isso, o teólogo se aproxima de um universo que ele, no título de um de seus livros, faz questão de nomear: um mundo de muitas crenças e pouca libertação. O desafio é conjugar os impulsos das muitas formas religiosas (inclusive com suas estéticas e festas), com o compromisso social sério, que obriga a conjugar a crença com responsabilidade acerca dos problemas sociais, de modo a evitar tanto a alienação como as os esquematismos reducionistas de algumas ideologias.
Crer num mundo de muitas crenças e pouca libertação é um livro que percorre um caminho complexo, que se equilibra entre questões de natureza teológica, histórica e, por fim, políticas. Libanio analisa as tensões internas na formulação da fé, com suas variantes históricas; reflete sobre a articulação da fé com a subjetividade e o desafio de se abrir para o mundo e o cosmos; e aborda o difícil tema da articulação entre fé e razão (apontando o quanto são interdependentes e não opostas). O teólogo mostra ainda como o coração da fé cristã gira em torno de Jesus para, por fim, debater sobre o que significa “crer na América Latina”, um tema caro ao autor e à Teologia da Libertação. Em síntese, a fé cristã se revela “pessoal, eclesial-comunitária e histórica”.
Ensinar a pensar
João Batista Libanio ajudou a formar muitos religiosos e cidadãos. Professor em várias universidades, sendo a última delas a Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (Faje), no Bairro Planalto, em BH, o teólogo deixava claras as marcas de sua própria formação rigorosa. Seus livros são vazados por um estilo sempre dialógico, perpassado de instrumentos pedagógicos e sugestões de aprofundamento. Como Libanio certamente se deparou com a dificuldade em trabalhar conceitos e análises mais exigentes no terreno de superficialidade vigente na sociedade de consumo, dedicou parte de sua obra ao incentivo ao trabalho intelectual e à oferta de ferramentas metodológicas para quem quer aprender a aprender.
O livro A arte de formar-se, por exemplo, é uma espécie de manual de sobrevivência na selva da informação. Numa sociedade que se vangloria de ser chamada de “sociedade do conhecimento”, muito se perde pela aposta no acúmulo de informação, pela superficialidade do dado, pelo prazer de manipular centenas de fontes. Para Libânio, a tarefa é exatamente ensinar a pensar em meio a tanta informação. Mais que isso, substituir a técnica da formação pela arte de formar-se.
O livro propõe um caminho rigoroso, mas também prazeroso, para quem busca o conhecimento. Dividido em pequenas seções, com temas para reflexão e diálogo, A arte de formar-se tem oito capítulos, cada um deles atento a um pilar que sustenta o edifício do conhecimento: aprender a conhecer e a pensar; aprender a fazer; aprender a viver juntos; aprender a viver com os outros; aprender a ser; aprender a discernir a vontade de Deus; aprender a amar; aprender a ser lúcido: exercício de pensar; e aprender a cuidar da Terra.
Amparado em muitos pensadores laicos, como Paulo Freire e Edgar Morin, e ainda na tradição da filosofia católica, de Santo Inácio à Teologia da Libertação, o autor propõe um programa de formação pessoal que é ao mesmo tempo ligado ao saber e à ação. Trata-se não apenas de ampliar as possibilidade de conhecimento, mas também de compromisso ético com mundo e com os problemas de nosso tempo. Para quem – e são muitos – sente vontade de estudar frente à banalidade do que é vendido hoje como saber, mas não sabe por onde começar, A arte de formar-se pode ser um instrumento fundamental.
Na mesma linha, Libanio publicou o livro Introdução à vida intelectual. Logo na abertura, referindo-se ao fundador de sua ordem, Inácio de Loyola, criador dos exercícios espirituais, o autor lembra que o próprio santo pedia moderação aos estudantes em suas penitências, de modo a reservar energia para o estudo. Os jesuítas sabem que é preciso fé, mas que não se avança nas sendas da verdade sem a operosa dedicação ao saber. Trata-se de livro que se desdobra a partir das atitudes mais simples às tarefas mais complexas da vida intelectual.
João Batista Libanio deixou obra e exemplo. Não seria exagerado dizer que cumpriu sem esperar reconhecimento o mais difícil e bem-aventurado dos destinos: contribuir na tarefa da libertação. Como ainda há muito o que fazer, deixou, junto com a herança, um compromisso.
jpaulocunha.mg@diariosassociados.com.br
A tensão entre as grandes questões contemporâneas, sendo a injustiça social a mais candente entre elas, e a busca de uma teologia fundamental alimentaram uma vida plena, que foi ainda colorida por características humanas exemplares. João Batista Libanio tinha vivo senso de humor, era humilde, enfrentava com a mesma dedicação tarefas intelectuais e organizativas. Doutor pela Universidade Gregoriana de Roma, com estudos na Alemanha com o teólogo Karl Rhaner, diretor do Colégio Pio Brasileiro em Roma durante o Concílio Vaticano II, Libanio não ficou encastelado na tentadora carreira de intelectual no seio da Igreja. Foi sempre um pensador da vida.
Além da ação pastoral e de assessoria a movimentos internos da instituição, ele foi um dos animadores do projeto de criação das comunidades eclesiais de base, um dos pilares da Teologia da Libertação, que ele ajudou a formular. Sua obra, de certa forma, mimetiza a riqueza da vida. Ao lado de livros de teologia sistemática, escreveu ensaios de análise de conjuntura, textos sobre a questão urbana, estudos sobre a fé, livros de metodologia do pensamento e de filosofia. Em muitos de seus trabalhos se encontrava ainda a vocação didática, o convite para o diálogo, o esforço em formar cidadãos na seara do pensamento. Libanio não era homem de sermões, na acepção popular do termo, mas de diálogo, sempre ancorado no sentido transcendente da realidade. Era amigo de Platão, mas era ainda mais amigo da verdade.
A Teologia da Libertação é um dos grandes projetos de emancipação humana do século 20. Além de sua dimensão política, com a opção pelos pobres e abertura aos problemas sociais da América Latina, onde surgiu, a Teologia da Libertação traz nova dimensão intelectual e cria um plano original de reflexão. O teólogo passa a ter sua tarefa teórica condicionada pela fé do povo. “Não há oposição entre fé e política, entre fé e luta libertadora, entre fé e compromisso social”, sintetizou Libanio no livro Igreja contemporânea – Encontro com a modernidade. Além do movimento interno, a Teologia da Libertação marca uma inclinação prática da Igreja em direção aos pobres, deslocando ainda os paradigmas da contemporaneidade, como a relação com a natureza, a valorização das mulheres e das etnias, e a dinâmica em direção ao ecumenismo.
A religião é uma dimensão marcante do jeito de ser do brasileiro. No entanto, por motivos diversos, nem sempre ela é considerada uma via importante para o conhecimento do país e da realidade social. Com teólogos como João Batista Libanio e Leonardo Boff, com pensadores como Henrique Cláudio de Lima Vaz, entre outros, pode ser que estejamos perdendo uma via fundamental para a compreensão de nossa realidade, que poderia se somar ao trabalho de sociólogos, cientistas políticos, economistas e antropólogos. A distância que grande parte dos intelectuais mantém da teologia – empurrando-a para o campo estrito da religião ou da psicologia individual, quando não do pensamento mágico e antípoda à ciência – é sinal de uma miopia voluntária e pouco produtiva. Não apenas pelo volume da obra, mas por sua consistência e pluralidade, o trabalho de Libanio pode ser um guia precioso para nosso tempo e para a nossa realidade.
Cenários e fé
Para o leitor leigo em questões teológicas e para aquele que não tem fé, mesmo assim a obra de Libanio traz contribuições fundamentais. Em dois pequenos livros em que analisa a conjuntura da Igreja, o autor organiza de forma inteligente e articulada o contexto da instituição em nosso tempo. Cenários da Igreja, como o título indica, faz uso da categoria de cenário (em vez de modelo) para propor uma visão prospectiva da Igreja. O livro procura descrever os cenários existentes hoje, sempre a partir de um duplo movimento: um que impulsiona a Igreja a dar conta de suas questões internas; e outro que estabelece ligação com o mundo social, político e econômico.
Nessa chave, Libanio passa então a examinar os diferentes cenários: a Igreja instituição, a Igreja carismática, a Igreja pregação e a Igreja da práxis libertadora. Em cada uma dessas possibilidades, o teólogo trata de temas que dizem respeito a questões morais, litúrgicas, doutrinais e filosóficas, com o cuidado de resgatar em cada cenário os aspectos positivos e problemáticos. Dialético, Libanio não cai em momento algum na tentação positivista de ver um caminho único e mecânico, destacando sempre a presença da consciência humana nas escolhas.
Em outra obra que também parte da análise de conjuntura, Igreja contemporânea – Encontro com a modernidade, Libanio parte de uma questão mais abrangente: de que maneira o embate com o projeto da modernidade (a ciência aí incluída) alterou as perspectivas da Igreja e que novas questões estão postas para a renovação da instituição?. O teólogo passa em revista o clima anterior ao Concílio Vaticano II, analisa os movimentos que prepararam o encontro e seu desenrolar, estuda os anos pós-conciliares para concluir com a caminhada da Igreja na América Latina e com o movimento da nova evangelização, no contexto da globalização e do neoliberalismo.
Outra questão sempre presente na obra do teólogo é o tema da fé. Libanio, com argúcia, separa religião de fé, trazendo o debate para a situação de orfandade sentida pelo homem contemporâneo. “Por escolha, fé constitui o substantivo de nossa reflexão. A religião se transformará num dos adjetivos da fé: a fé religiosa.” Com isso, o teólogo se aproxima de um universo que ele, no título de um de seus livros, faz questão de nomear: um mundo de muitas crenças e pouca libertação. O desafio é conjugar os impulsos das muitas formas religiosas (inclusive com suas estéticas e festas), com o compromisso social sério, que obriga a conjugar a crença com responsabilidade acerca dos problemas sociais, de modo a evitar tanto a alienação como as os esquematismos reducionistas de algumas ideologias.
Crer num mundo de muitas crenças e pouca libertação é um livro que percorre um caminho complexo, que se equilibra entre questões de natureza teológica, histórica e, por fim, políticas. Libanio analisa as tensões internas na formulação da fé, com suas variantes históricas; reflete sobre a articulação da fé com a subjetividade e o desafio de se abrir para o mundo e o cosmos; e aborda o difícil tema da articulação entre fé e razão (apontando o quanto são interdependentes e não opostas). O teólogo mostra ainda como o coração da fé cristã gira em torno de Jesus para, por fim, debater sobre o que significa “crer na América Latina”, um tema caro ao autor e à Teologia da Libertação. Em síntese, a fé cristã se revela “pessoal, eclesial-comunitária e histórica”.
Ensinar a pensar
João Batista Libanio ajudou a formar muitos religiosos e cidadãos. Professor em várias universidades, sendo a última delas a Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (Faje), no Bairro Planalto, em BH, o teólogo deixava claras as marcas de sua própria formação rigorosa. Seus livros são vazados por um estilo sempre dialógico, perpassado de instrumentos pedagógicos e sugestões de aprofundamento. Como Libanio certamente se deparou com a dificuldade em trabalhar conceitos e análises mais exigentes no terreno de superficialidade vigente na sociedade de consumo, dedicou parte de sua obra ao incentivo ao trabalho intelectual e à oferta de ferramentas metodológicas para quem quer aprender a aprender.
O livro A arte de formar-se, por exemplo, é uma espécie de manual de sobrevivência na selva da informação. Numa sociedade que se vangloria de ser chamada de “sociedade do conhecimento”, muito se perde pela aposta no acúmulo de informação, pela superficialidade do dado, pelo prazer de manipular centenas de fontes. Para Libânio, a tarefa é exatamente ensinar a pensar em meio a tanta informação. Mais que isso, substituir a técnica da formação pela arte de formar-se.
O livro propõe um caminho rigoroso, mas também prazeroso, para quem busca o conhecimento. Dividido em pequenas seções, com temas para reflexão e diálogo, A arte de formar-se tem oito capítulos, cada um deles atento a um pilar que sustenta o edifício do conhecimento: aprender a conhecer e a pensar; aprender a fazer; aprender a viver juntos; aprender a viver com os outros; aprender a ser; aprender a discernir a vontade de Deus; aprender a amar; aprender a ser lúcido: exercício de pensar; e aprender a cuidar da Terra.
Amparado em muitos pensadores laicos, como Paulo Freire e Edgar Morin, e ainda na tradição da filosofia católica, de Santo Inácio à Teologia da Libertação, o autor propõe um programa de formação pessoal que é ao mesmo tempo ligado ao saber e à ação. Trata-se não apenas de ampliar as possibilidade de conhecimento, mas também de compromisso ético com mundo e com os problemas de nosso tempo. Para quem – e são muitos – sente vontade de estudar frente à banalidade do que é vendido hoje como saber, mas não sabe por onde começar, A arte de formar-se pode ser um instrumento fundamental.
Na mesma linha, Libanio publicou o livro Introdução à vida intelectual. Logo na abertura, referindo-se ao fundador de sua ordem, Inácio de Loyola, criador dos exercícios espirituais, o autor lembra que o próprio santo pedia moderação aos estudantes em suas penitências, de modo a reservar energia para o estudo. Os jesuítas sabem que é preciso fé, mas que não se avança nas sendas da verdade sem a operosa dedicação ao saber. Trata-se de livro que se desdobra a partir das atitudes mais simples às tarefas mais complexas da vida intelectual.
João Batista Libanio deixou obra e exemplo. Não seria exagerado dizer que cumpriu sem esperar reconhecimento o mais difícil e bem-aventurado dos destinos: contribuir na tarefa da libertação. Como ainda há muito o que fazer, deixou, junto com a herança, um compromisso.
jpaulocunha.mg@diariosassociados.com.br
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