EM DIA COM A PSICANÁLISE »
O país que queremos
Regina Teixeira da Costa
Estado de Minas: 23/03/2014
Há alguns dias, publiquei o artigo “Entre o melhor e pior”, e disse que movimentos de protesto pelos quais as pessoas vão às ruas denunciam a distorção de gastar tanto na Copa do Mundo em um país onde nem em 10 anos se gastará soma igual na educação e saúde da população.
Ainda opinei que, com problemas estruturais, o nosso não deveria sediar a Copa. É um luxo para o qual não estamos preparados. Os protestos confirmam grande insatisfação e é preciso escutar isso.
Brasileiros percebem que o momento é de mover os pauzinhos para termos o país que queremos. Errei ao dizer que no Brasil não se gasta soma igual com saúde e educação. Gasta-se sim, até mais se falamos em números exatos, mas a percepção que temos do real é de que não. Vivemos na carência social, moral e ética. Isso que nos trouxe a um cenário assustador e de intranquilidade.
E mesmo com o que o país gasta, os investimentos ainda são insuficientes. É o real que demonstra nos sintomas a que assistimos a cada dia, não só na boca de cada um, como na nossa porta e também na mídia.
Segundo decreto publicado no Diário Oficial da União em 2013, as áreas de saúde, educação e programas sociais receberão R$ 152,7 bilhões dos R$ 937,4 bilhões de todas as receitas previstas para este ano – ou 16,3%.
Em 2014, o Ministério do Planejamento informou investimentos na saúde no valor de R$ 100,3 bilhões. Para a educação, R$ 92,4 bi. A previsão de gastos com a Copa do Mundo é de R$ 33 bilhões. Portanto, está retificado meu equívoco.
No entanto, sabemos que se o papel aceita tudo, o real é de outra matéria: ou essas cifras são insuficientes ou mal administradas ou desviadas, porque infelizmente sabemos que a corrupção granjeia nosso país, e há tendências perversas no ser humano, não se podem controlar completamente os repasses.
Quantas notícias temos de roubos, formação de quadrilha, dinheiro nas cuecas; merenda escolar deteriorada e perdida, abandonada sem distribuição; posto de saúde sem instrumentos e recursos; médicos mal remunerados, com salários em atraso, entre outras perversões do sistema?
Existem infelizmente administradores desonestos que se encarregam do controle dos gastos públicos. Tanto para a formação de recursos humanos, como para a interiorização com qualidade do acesso ao sistema de saúde e na educação para todos, são necessários muito mais recursos, bem como administração mais cuidadosa, porque são preciosas demais para a população.
Assim, os movimentos populares de rua iniciados desde o ultimo ano espelham uma grande insatisfação e o temor pelos rumos assumidos no país, reiniciando uma onda de desconfiança e desestabilização. Dinheiro para Cuba e outros países de ideologia comunista desencadearam maior contrariedade ainda.
A prova disso é a Marcha da Família com Deus e pela Liberdade (que ocorreu em 1964, em São Paulo) convocando a população para ontem (dia 22) sair às ruas. Uma das demandas, pasmem, é a intervenção militar contra a corrupção e a violência no país. E tais medidas radicais da extrema-direita ameaçam a democracia e remetem à antiga bipolaridade ditadura versus comunismo, relançada agora.
Precisamos de novos modelos sim, outro sistema político que de fato nos represente, um sistema prisional decente e sim, da participação popular para fazer o país que desejamos. O difícil é não cair nos trilhos destrutivos de acreditar que militares fizeram melhor e sejam preferíveis à democracia. Isso é um tremendo equívoco e perigoso demais.
Existe aqui um povo que quer mudar um país. O problema é: como fazê-lo?.
Regina Teixeira da Costa
Estado de Minas: 23/03/2014
Há alguns dias, publiquei o artigo “Entre o melhor e pior”, e disse que movimentos de protesto pelos quais as pessoas vão às ruas denunciam a distorção de gastar tanto na Copa do Mundo em um país onde nem em 10 anos se gastará soma igual na educação e saúde da população.
Ainda opinei que, com problemas estruturais, o nosso não deveria sediar a Copa. É um luxo para o qual não estamos preparados. Os protestos confirmam grande insatisfação e é preciso escutar isso.
Brasileiros percebem que o momento é de mover os pauzinhos para termos o país que queremos. Errei ao dizer que no Brasil não se gasta soma igual com saúde e educação. Gasta-se sim, até mais se falamos em números exatos, mas a percepção que temos do real é de que não. Vivemos na carência social, moral e ética. Isso que nos trouxe a um cenário assustador e de intranquilidade.
E mesmo com o que o país gasta, os investimentos ainda são insuficientes. É o real que demonstra nos sintomas a que assistimos a cada dia, não só na boca de cada um, como na nossa porta e também na mídia.
Segundo decreto publicado no Diário Oficial da União em 2013, as áreas de saúde, educação e programas sociais receberão R$ 152,7 bilhões dos R$ 937,4 bilhões de todas as receitas previstas para este ano – ou 16,3%.
Em 2014, o Ministério do Planejamento informou investimentos na saúde no valor de R$ 100,3 bilhões. Para a educação, R$ 92,4 bi. A previsão de gastos com a Copa do Mundo é de R$ 33 bilhões. Portanto, está retificado meu equívoco.
No entanto, sabemos que se o papel aceita tudo, o real é de outra matéria: ou essas cifras são insuficientes ou mal administradas ou desviadas, porque infelizmente sabemos que a corrupção granjeia nosso país, e há tendências perversas no ser humano, não se podem controlar completamente os repasses.
Quantas notícias temos de roubos, formação de quadrilha, dinheiro nas cuecas; merenda escolar deteriorada e perdida, abandonada sem distribuição; posto de saúde sem instrumentos e recursos; médicos mal remunerados, com salários em atraso, entre outras perversões do sistema?
Existem infelizmente administradores desonestos que se encarregam do controle dos gastos públicos. Tanto para a formação de recursos humanos, como para a interiorização com qualidade do acesso ao sistema de saúde e na educação para todos, são necessários muito mais recursos, bem como administração mais cuidadosa, porque são preciosas demais para a população.
Assim, os movimentos populares de rua iniciados desde o ultimo ano espelham uma grande insatisfação e o temor pelos rumos assumidos no país, reiniciando uma onda de desconfiança e desestabilização. Dinheiro para Cuba e outros países de ideologia comunista desencadearam maior contrariedade ainda.
A prova disso é a Marcha da Família com Deus e pela Liberdade (que ocorreu em 1964, em São Paulo) convocando a população para ontem (dia 22) sair às ruas. Uma das demandas, pasmem, é a intervenção militar contra a corrupção e a violência no país. E tais medidas radicais da extrema-direita ameaçam a democracia e remetem à antiga bipolaridade ditadura versus comunismo, relançada agora.
Precisamos de novos modelos sim, outro sistema político que de fato nos represente, um sistema prisional decente e sim, da participação popular para fazer o país que desejamos. O difícil é não cair nos trilhos destrutivos de acreditar que militares fizeram melhor e sejam preferíveis à democracia. Isso é um tremendo equívoco e perigoso demais.
Existe aqui um povo que quer mudar um país. O problema é: como fazê-lo?.
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