O medo de dizer não
aos filhos, aos irmãos, aos amigos, nos dias hedonistas atuais, onde a
regra é mostrar-se sempre “bem” e demonstrar ao respeitável público do
facebook que se está sempre no gozo dos prazeres da vida, tem
contribuído para a deturpação dos valores, para a não aceitação de
limites, para o desrespeito dos direitos dos próximos e para a
desorganização do tecido social. Hedonismo, aqui usado, não no sentido
filosófico-epicurista, da busca necessária e genuína do prazer como
recompensa de um esforço, mas no sentido do prazer pelo prazer, do
demonstrar-se sempre feliz, independente das circunstâncias.
Meu ilustre colega psiquiatra, José Sebastião, certa feita disse-me: “O caráter molda-se no não. Ele dá a dimensão dos direitos e deveres”. Na verdade, a compreensão do “não” constitui a primeira introjeção do conceito de lei, da noção do espaço pessoal – inviolável sem a permissão do outro e dos nossos deveres com relação aos direitos da coletividade.
Se à criança não é ensinado o valor do não, teremos, com muita probabilidade, adolescentes e adultos com desvios de condutas e, como consequência, a violência que hoje é, no Brasil, a maior causa de mortes entre jovens. Homicídios, acidentes de trânsito, suicídios, principalmente entre homens jovens em idade produtiva, são responsáveis por quase 10% do total de mortes anualmente no país: muito mais que numa guerra.
A violência é gerada por conflitos onde uma ou mais partes não cedem: não foram educados para aceitar as frustrações e os impedimentos. Não contemporizam, não compreendem e nem aceitam princípios, o que leva a comportamentos sugestivos de psicopatologias das mais variadas magnitudes.
Na adolescência, com o inevitável contato com o mundo fora de casa e com o complexo de super-homem, surgem pesadamente as consequências da ausência das negativas e, em muitos casos, o uso de drogas lícitas e ilícitas na tentativa de aplacar as dores e os desequilíbrios afetivo-emocionais. Não apenas o álcool, a maconha, a cocaína e o crack, mas também o uso indiscriminado e cada vez mais irrestrito de antidepressivos, ansiolíticos, antipsicóticos etc.
A consequência do uso abusivo dos entorpecentes é o advento frequente de condutas antissociais, as agressões às famílias, os comportamentos esquizoides. Os extremos dessas condutas perversas são o que mais se vê na maior parte do tempo dos nossos telejornais, na forma de matricídios, homicídios, latrocínios e agressões de toda ordem (isso tem viciado muito a audiência, aproximando-a ou do pânico ou da indiferença ou do sadismo).
As outras drogas citadas, vendidas geralmente com prescrição médica, vêm sendo usadas em uma escala impressionante, mesmo em depressões reativas, como nas perdas, para desfavorecer a tristeza, o pesar, a tolerância. O hedonismo não permite mais a dor, o luto, o arrependimento. Como contraponto, provoca o riso sem a graça, o achar-se iluminado quando tudo está escuro.
Vivemos uma época de trevas onde impera o sim. E caminhamos celeremente para uma época em que teremos muitas saudades de um não bem dito: ene-a-o-til. Dever-se-ia buscar entre tese e antítese uma hipótese que permitisse o sim e o não viverem em harmonia, principalmente na educação das novas gerações.
Meu ilustre colega psiquiatra, José Sebastião, certa feita disse-me: “O caráter molda-se no não. Ele dá a dimensão dos direitos e deveres”. Na verdade, a compreensão do “não” constitui a primeira introjeção do conceito de lei, da noção do espaço pessoal – inviolável sem a permissão do outro e dos nossos deveres com relação aos direitos da coletividade.
Se à criança não é ensinado o valor do não, teremos, com muita probabilidade, adolescentes e adultos com desvios de condutas e, como consequência, a violência que hoje é, no Brasil, a maior causa de mortes entre jovens. Homicídios, acidentes de trânsito, suicídios, principalmente entre homens jovens em idade produtiva, são responsáveis por quase 10% do total de mortes anualmente no país: muito mais que numa guerra.
A violência é gerada por conflitos onde uma ou mais partes não cedem: não foram educados para aceitar as frustrações e os impedimentos. Não contemporizam, não compreendem e nem aceitam princípios, o que leva a comportamentos sugestivos de psicopatologias das mais variadas magnitudes.
Na adolescência, com o inevitável contato com o mundo fora de casa e com o complexo de super-homem, surgem pesadamente as consequências da ausência das negativas e, em muitos casos, o uso de drogas lícitas e ilícitas na tentativa de aplacar as dores e os desequilíbrios afetivo-emocionais. Não apenas o álcool, a maconha, a cocaína e o crack, mas também o uso indiscriminado e cada vez mais irrestrito de antidepressivos, ansiolíticos, antipsicóticos etc.
A consequência do uso abusivo dos entorpecentes é o advento frequente de condutas antissociais, as agressões às famílias, os comportamentos esquizoides. Os extremos dessas condutas perversas são o que mais se vê na maior parte do tempo dos nossos telejornais, na forma de matricídios, homicídios, latrocínios e agressões de toda ordem (isso tem viciado muito a audiência, aproximando-a ou do pânico ou da indiferença ou do sadismo).
As outras drogas citadas, vendidas geralmente com prescrição médica, vêm sendo usadas em uma escala impressionante, mesmo em depressões reativas, como nas perdas, para desfavorecer a tristeza, o pesar, a tolerância. O hedonismo não permite mais a dor, o luto, o arrependimento. Como contraponto, provoca o riso sem a graça, o achar-se iluminado quando tudo está escuro.
Vivemos uma época de trevas onde impera o sim. E caminhamos celeremente para uma época em que teremos muitas saudades de um não bem dito: ene-a-o-til. Dever-se-ia buscar entre tese e antítese uma hipótese que permitisse o sim e o não viverem em harmonia, principalmente na educação das novas gerações.
Nenhum comentário:
Postar um comentário