Eduardo Amaral Gomes
Médico ortopedista e traumatologista
Estado de Minas: 28/06/2014
A osteoporose (do
grego osteón = osso + porose = estado de porosidade mórbida) é uma
doença sistêmica que acomete o esqueleto humano, de evolução crônica e
silenciosa. É caracterizada pela diminuição da massa óssea e
deteriorização de sua microarquitetura, tornando os ossos frágeis, finos
e quebradiços, ensejando o aparecimento de faturas que, tecnicamente,
podem ser consideradas patológicas. Mais frequente em mulheres acima de
50 anos, na proporção de seis mulheres para cada homem. O padrão típico é
uma mulher branca, magra, franzina, fumante e na pós-menopausa.
Os
principais tipos de osteoporose são: a) osteoporose pós-menopausa: por
diminuição gradativa do hormônio estrógeno; b) osteoporose senil:
pessoas idosas e sedentárias; c) osteoporose idiopática ou primária: tem
forte componente genético; d) osteoporose secundária: pessoas
sedentárias, com várias doenças, além do uso constante de medicamentos,
como corticosteroides e anticonvulsivantes.
O diagnóstico da
osteoporose pode ser feito clinicamente. O uso de radiografia pode ser
um indicador. O diagnóstico precoce pode ser feito pela densitometria
óssea, um exame indolor, não invasivo e de custo relativamente
acessível. As fraturas podem ser a primeira manifestação da doença,
decorrentes de traumas mínimos, como uma simples torção ou movimento
mais brusco. As fraturas podem surgir em qualquer osso do esqueleto, mas
as quatro mais comuns são: a) fratura de coluna vertebral; b) fratura
do punho; c) fratura do colo do úmero; d) fratura do colo do fêmur.
Assim:
a) fratura da coluna vertebral: são as mais frequentes, com 50% de
todas as fraturas osteoporóticas. Pode ocorrer espontaneamente ou após
queda em posição assentada ou movimento brusco de flexão do tronco. A
vértebra torna-se achatada, em forma de cunha, com dor lombar ou dorsal,
sendo progressiva, limitante e não melhora com os remédios habituais. O
diagnóstico é feito pela radiografia simples, ressonância nuclear
magnética ou tomografia computadorizada. O tratamento é essencialmente
conservador, com repouso, analgésicos e uso de coletes ortopédicos,
limitando-se o tratamento cirúrgico a casos específicos e pontuais; b)
fratura do punho: ocupa o segundo lugar das fraturas osteoporóticas,
ocorrendo quando de uma queda com o punho estendido, pois o punho é o
para-choque natural de todas as quedas. A fratura, a maioria dita de
Colles, pode ser das mais simples, com tratamento conservador, usando-se
aparelho gessado, até as mais complexas, quando o tratamento cirúrgico
se impõe; c) fratura do colo do úmero: de ocorrência comum, é o
resultado de uma queda sobre o ombro ou com o braço estendido.
Dependendo do grau de cominução (fragmentos ósseos), a fratura pode ser
de tratamento conservador ou cirúrgico; d) fratura do colo do fêmur: é a
mais grave das fraturas osteoporóticas, de indicação eminentemente
cirúrgica. A estatística é preocupante: 20% a 35% das pessoas idosas com
fraturas do quadril morrerão dentro de um ano. Cerca de 10% a 20%
ficarão incapacitadas.
Quanto ao tratamento global da
osteoporose, pode-se dizer que a prevenção é o melhor remédio. Esta deve
começar na infância e adolescência, com prática constante de exercícios
físicos e ingestão adequada de cálcio e vitamina D. Nos adultos, os
exercícios físicos são fundamentais, além da ingestão de cálcio e
vitamina D. O uso de agentes que diminuem a reabsorção óssea, como os
bifosfonatos (alendronato e risedronato), entre outros, são extremamente
úteis. Podem ainda ser usados os estimuladores de formação óssea, como o
ranelato de estrôncio e o paratormônio. O uso da calcitonina pode ser
benéfico. A terapia com estrógeno na pós-menopausa reduz enormemente a
ocorrência de fraturas do quadril, de 40% a 50%, e as vertebrais em 50%.
A reversão total da osteoporose, principalmente a primária, não é
possível até o momento.
Portanto, o objetivo principal com o
tratamento da osteoporose é a prevenção de fraturas. Como as fraturas
são decorrentes, em 90% dos casos, de quedas, a prevenção das quedas é
fundamental, como também é o objetivo fundamental do tratamento da
osteoporose.
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