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Ansiedade prejudica aprendizado
Junia Oliveira
Estado de Minas: 28/07/2014
Habilidades ligadas à emoção estão diretamente relacionadas ao desempenho escolar. E nessa equação a matemática é o principal determinante. Estudo feito este ano por uma instituição internacional mostra como a ansiedade interfere no aprendizado da disciplina, assim como a percepção do estudante sobre seu potencial e a motivação para o sucesso na vida acadêmica e no mercado de trabalho. O levantamento envolveu 3 mil jovens do 5º ano do ensino fundamental e das três séries do nível médio de escolas particulares. No fim deste mês, começa uma nova etapa incluindo alunos da rede pública. Minas Gerais é um dos estados participantes.
No estudo promovido pela Comunidade Internacional de Cooperação na Educação – Mind Group, os alunos foram submetidos a questionários de habilidades socioemocionais, resolução de problemas em conjunto e matemática, com raciocínio lógico e quantitativo. O cruzamento de dados revelou que quanto maiores os níveis de ansiedade em relação a avaliações e o uso de estratégias para resolver problemas, piores foram os desempenhos em matemática.
A ansiedade também indicou uma relação negativa com a prioridade de resolução de problemas. Por sua vez, estudantes que demonstraram alta prioridade de resolução conjunta de problemas tiveram, além de bom desempenho em matemática, maiores níveis de engajamento em uma tarefa, autorregulação (consciência para administrar tempo e recursos pessoais) e execução (atuação de maneira organizada, sistemática e eficiente).
De acordo com a mestre em psicologia do desenvolvimento e uma das autoras do estudo, Sandra Regina Resende Garcia, havia evidências de que promover o desenvolvimento do aluno nas habilidades sociomocionais tem impacto na sua evolução na parte cognitiva (português e matemática). A novidade da pesquisa é a identificação da maneira como essas habilidades se relacionam. “É importante que isso seja parte do desenvolvimento da criança. Não é só pesquisar diagnósticos, mas melhorar aspectos importantes para o desempenho escolar.”
Entre os alunos do 5º ano, os que concordam com a afirmação “O mais gratificante para mim é entender o conteúdo o melhor possível” têm desempenho em matemática 20% maior do que aqueles que discordam dela. Entre quem acredita não ir bem durante as provas, o desempenho é 10% menor na disciplina. Por outro lado, os alunos que melhor desenvolveram suas estratégias de estudo (compreender a importância dos conteúdos estudados e o objetivo da tarefa) tiveram resultado 32% maior na resolução conjunta de problemas.
Já para os estudantes do ensino médio, acreditar no próprio potencial é sinônimo de motivação. Entre os que concordaram com a frase “Se eu estudar de forma adequada serei capaz de aprender os conteúdos ensinados” o desempenho foi 25% maior do que aqueles que discordaram dela. Quem se declarou ansioso, presa do nervosismo responsável pelo famoso “branco”, tem resultado 13% abaixo.
CONTROLE De acordo com a consultora da Mind Group, há evidências de que o desenvolvimento dessas habilidades socioemocionais – controle da ansiedade e a importância àquilo que se faz – passa pela emoção. Além disso, o controle delas vai implicar o sucesso do aluno, seja no desempenho escolar ou na vida adulta no ambiente de trabalho. “Se você vai ansioso para uma tarefa, não consegue extrair e não acerta a resolução dos problemas de matemática, não consegue se concentrar e fazer leitura de dados interessantes.”
A dificuldade dos brasileiros e dos mineiros foi apontada também pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). O Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) avaliou a capacidade de 85 mil estudantes do mundo inteiro, na faixa etária de 15 anos, para resolver problemas de matemática. E pela primeira vez testou as habilidades não cognitivas, ligadas a características como autonomia, raciocínio crítico, liderança, facilidade de relacionamento e tolerância. O Brasil ficou na 38ª posição no ranking, que classificou 44 países. O Pisa revelou também que só 2% dos alunos brasileiros conseguiram resolver problemas de matemática mais complexos. Entre os estrangeiros, esse índice estava na casa dos 11%.
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