Probióticos ajudam a conter a hipertensão
Cientistas australianos constatam que ingerir estes micro-organismos por
mais de nove semanas reduz pressão arterial, com a melhora nos níveis
de colesterol e açúcar no sangue
Vilhena Soares
Estado de Minas: 28/07/2014
Os probióticos (
micro-organismos vivos que auxiliam no funcionamento da flora
intestinal) também contribuem para o bom funcionamento do coração. É o
que mostra estudo feito por cientistas da Austrália. Eles analisaram a
pressão arterial de pessoas que consumiram suplemento com essas
bactérias benéficas e constataram melhora na pressão sanguínea,
principalmente nas hipertensas. Segundo o grupo, os probióticos agem no
controle do colesterol e do açúcar no organismo e assim auxiliam na
regularização do fluxo sanguíneo. A descoberta, publicada na revista
Hypertension, pode ajudar indivíduos saudáveis a se proteger desses
males e melhorar a dieta de quem sofre com problemas no coração.
Nove estudos científicos serviram de objeto de análise. “A pequena coleção de trabalhos que analisamos sugere que o consumo regular desses micro-organismos pode ser parte de um estilo de vida saudável. Isso inclui as bactérias presentes no iogurte, no leite, em queijo fermentado e azedo e nos suplementos de probióticos”, destacou, em um comunicado, Jing Sun, autora principal da pesquisa e professora da Faculdade de Medicina da Universidade de Griffith.
Foram analisadas 543 pessoas, entre saudáveis, hipertensas e cardíacas. Uma parte ingeriu suplementos de probióticos e outra não (veja infográfico). Os cientistas notaram uma estabilidade na pressão de todos os que ingeriram as bactérias. Além disso, constataram melhoras mais significativas nas pessoas que os consumiram por um tempo mais longo. “Dois estudos tiveram uma curta duração de ingestão, de três a quatro semanas, o que pode ter afetado os resultados globais da análise. Porém, foi observada uma estabilidade maior em pessoas que consumiram os probióticos por nove semanas”, destacou Sun.
Os efeitos positivos foram mais significativos também nos participantes hipertensos. Segundo a cientista, essa influência benéfica sobre a pressão arterial é consequência de outros efeitos sobre a saúde humana, incluindo a melhoria do colesterol total e a redução da glicose no sangue. “Os probióticos ajudam a regular o sistema hormonal, que, por sua vez, regula a pressão sanguínea”, explica. Sun pondera, porém, que estudos adicionais ainda são necessários.
“Já sabemos que algumas bactérias que vivem no nosso corpo estão lá para o nosso bem, como na boca, onde evitam infecções. As probióticas auxiliam o intestino a entrar em equilíbrio e funcionar melhor”, ressalta Rafael Munerato, cardiologista do Laboratório Exame, e não participante do estudo. De acordo com Munerato, esses micro-organismos presentes em iogurte e coalhada auxiliam a liberação de hormônios que regulam a quantidade de gordura, açúcar e outros nutrientes, o que auxilia na circulação de sangue, regularizando a pressão.
Alta concentração Os cientistas australianos ressaltam que somente os produtos com unidades formadoras de colônias (UFC) acima de 10, o equivalente a 100 milhões de bactérias, trouxeram benefícios à pressão sanguínea. Isso se explica pela “força” do suplemento, com quantidade maior do que a presente em alguns alimentos vendidos em mercados, segundo Rosália Torres, cardiologista e professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
“Não é qualquer tipo de produto com probióticos que traz esses benefícios. Em alguns, a quantidade não é suficiente. Deveria haver um controle maior para que a compra fosse realmente algo consciente”, destaca a especialista, informando, em seguida, que há soluções farmacêuticas com a quantidade de UFC recomendada.
Torres também explica que a melhora obtida na pressão sanguínea dos participantes do estudo australiano é pequena e pode ser comparada com os benefícios obtidos com o controle do consumo de sal. “É uma melhora suave, mas, ainda assim, pode auxiliar as pessoas que precisam controlar a dieta e as que querem evitar problemas de pressão arterial. Ao ser incorporados em reeducações alimentares adequadamente por um médico, os probióticos podem servir como um auxiliar, um bom coadjuvante na luta para conter a pressão alta”, destaca.
Gorduras do fígado são eliminadas
Os probióticos também podem ajudar na redução do acúmulo de gordura no fígado. Pesquisadores espanhóis realizaram experimento que comprovou esse efeito da suplementação dessas bactérias em ratos obesos. A descoberta, detalhada na revista Plos One, pode auxiliar futuramente em tratamentos mais eficazes contra a obesidade e o diabetes.
No estudo foram utilizados três tipos de micro-organismos vivos, com concentrações distintas de bactérias. Os ratos, que se tornaram obesos em decorrência de uma mutação genética induzida, receberam essas soluções durante 30 dias. Depois desse período, os ratos tiveram redução da gordura acumulada no fígado, o que, em excesso, pode causar a esteatose hepática.
“As estirpes probióticas reduziram a esteatose hepática agindo com um efeito anti-inflamatório”, explica, no artigo divulgado, Julio Plaza-Diaz, professor do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular da Universidade de Granada e um dos autores do estudo. De acordo com os cientistas, a doença hepática não seria curada com probióticos, mas os micro-organismos podem ser utilizados como terapia de apoio em utilização conjunta com outros tratamentos.
Outro ponto positivo do trabalho foi a prova de que nenhum malefício foi diagnosticado nas cobaias após o uso de probióticos durante tratamento, o que elimina possíveis agressões ao organismo causadas pelo suplemento. “As camadas intestinais parecem normais em todos os grupos experimentais. Esses resultados sugerem que os probióticos não alteram a morfologia desses órgãos, reforçando a segurança em seu uso para terapias”, destaca Plaza-Diaz.
Nove estudos científicos serviram de objeto de análise. “A pequena coleção de trabalhos que analisamos sugere que o consumo regular desses micro-organismos pode ser parte de um estilo de vida saudável. Isso inclui as bactérias presentes no iogurte, no leite, em queijo fermentado e azedo e nos suplementos de probióticos”, destacou, em um comunicado, Jing Sun, autora principal da pesquisa e professora da Faculdade de Medicina da Universidade de Griffith.
Foram analisadas 543 pessoas, entre saudáveis, hipertensas e cardíacas. Uma parte ingeriu suplementos de probióticos e outra não (veja infográfico). Os cientistas notaram uma estabilidade na pressão de todos os que ingeriram as bactérias. Além disso, constataram melhoras mais significativas nas pessoas que os consumiram por um tempo mais longo. “Dois estudos tiveram uma curta duração de ingestão, de três a quatro semanas, o que pode ter afetado os resultados globais da análise. Porém, foi observada uma estabilidade maior em pessoas que consumiram os probióticos por nove semanas”, destacou Sun.
Os efeitos positivos foram mais significativos também nos participantes hipertensos. Segundo a cientista, essa influência benéfica sobre a pressão arterial é consequência de outros efeitos sobre a saúde humana, incluindo a melhoria do colesterol total e a redução da glicose no sangue. “Os probióticos ajudam a regular o sistema hormonal, que, por sua vez, regula a pressão sanguínea”, explica. Sun pondera, porém, que estudos adicionais ainda são necessários.
“Já sabemos que algumas bactérias que vivem no nosso corpo estão lá para o nosso bem, como na boca, onde evitam infecções. As probióticas auxiliam o intestino a entrar em equilíbrio e funcionar melhor”, ressalta Rafael Munerato, cardiologista do Laboratório Exame, e não participante do estudo. De acordo com Munerato, esses micro-organismos presentes em iogurte e coalhada auxiliam a liberação de hormônios que regulam a quantidade de gordura, açúcar e outros nutrientes, o que auxilia na circulação de sangue, regularizando a pressão.
Alta concentração Os cientistas australianos ressaltam que somente os produtos com unidades formadoras de colônias (UFC) acima de 10, o equivalente a 100 milhões de bactérias, trouxeram benefícios à pressão sanguínea. Isso se explica pela “força” do suplemento, com quantidade maior do que a presente em alguns alimentos vendidos em mercados, segundo Rosália Torres, cardiologista e professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
“Não é qualquer tipo de produto com probióticos que traz esses benefícios. Em alguns, a quantidade não é suficiente. Deveria haver um controle maior para que a compra fosse realmente algo consciente”, destaca a especialista, informando, em seguida, que há soluções farmacêuticas com a quantidade de UFC recomendada.
Torres também explica que a melhora obtida na pressão sanguínea dos participantes do estudo australiano é pequena e pode ser comparada com os benefícios obtidos com o controle do consumo de sal. “É uma melhora suave, mas, ainda assim, pode auxiliar as pessoas que precisam controlar a dieta e as que querem evitar problemas de pressão arterial. Ao ser incorporados em reeducações alimentares adequadamente por um médico, os probióticos podem servir como um auxiliar, um bom coadjuvante na luta para conter a pressão alta”, destaca.
Gorduras do fígado são eliminadas
Os probióticos também podem ajudar na redução do acúmulo de gordura no fígado. Pesquisadores espanhóis realizaram experimento que comprovou esse efeito da suplementação dessas bactérias em ratos obesos. A descoberta, detalhada na revista Plos One, pode auxiliar futuramente em tratamentos mais eficazes contra a obesidade e o diabetes.
No estudo foram utilizados três tipos de micro-organismos vivos, com concentrações distintas de bactérias. Os ratos, que se tornaram obesos em decorrência de uma mutação genética induzida, receberam essas soluções durante 30 dias. Depois desse período, os ratos tiveram redução da gordura acumulada no fígado, o que, em excesso, pode causar a esteatose hepática.
“As estirpes probióticas reduziram a esteatose hepática agindo com um efeito anti-inflamatório”, explica, no artigo divulgado, Julio Plaza-Diaz, professor do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular da Universidade de Granada e um dos autores do estudo. De acordo com os cientistas, a doença hepática não seria curada com probióticos, mas os micro-organismos podem ser utilizados como terapia de apoio em utilização conjunta com outros tratamentos.
Outro ponto positivo do trabalho foi a prova de que nenhum malefício foi diagnosticado nas cobaias após o uso de probióticos durante tratamento, o que elimina possíveis agressões ao organismo causadas pelo suplemento. “As camadas intestinais parecem normais em todos os grupos experimentais. Esses resultados sugerem que os probióticos não alteram a morfologia desses órgãos, reforçando a segurança em seu uso para terapias”, destaca Plaza-Diaz.
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