Hepatite C: uma bomba relógio
Carlos Norberto Varaldo - Economista, presidente do Grupo Otimismo de Apoio a Portadores de Hepatite C, autor do livro Convivendo com a hepatite C, experiências e informações de um portador do vírus
Estado de MInas: 28/07/2014
Carlos Norberto Varaldo - Economista, presidente do Grupo Otimismo de Apoio a Portadores de Hepatite C, autor do livro Convivendo com a hepatite C, experiências e informações de um portador do vírus
Estado de MInas: 28/07/2014
Descoberta em 1989, a
hepatite C mata, hoje, em alguns países, mais do que a Aids, segundo
pesquisa publicada no periódico médico Annals of Internal Medicine, em
2012. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), estima-se que
sejam afetadas 170 milhões de pessoas no mundo. Segundo a OMS, no
Brasil a doença infecta cinco vezes mais brasileiros do que o vírus HIV e
a doença pode atingir 3 milhões de pessoas no país, sendo a maioria
ainda desconhecida.
No Brasil, ainda temos uma baixa taxa de diagnóstico em função do preconceito reinante em nossa sociedade em relação à doença, que ficou popularmente conhecida por ser transmitida principalmente pelo contágio via seringas contaminadas. Uma realidade distante, mas que até hoje estigmatiza milhares de pessoas, especialmente a geração infectada entre as décadas de 70 e 80, época em que o controle de materiais usados nos consultórios odontológicos, estúdios de tatuagem e piercing, ou mesmo em manicures, era muito precário se comparado aos padrões atuais.
Além disso, até 1992 não havia testes para verificar a existência do vírus HCV em sangue de doadores. Por esse motivo, qualquer pessoa que recebeu transfusão de hemoderivados antes de 1993 deve ser testada para avaliar se foi contaminada, assim como quem ficou exposto a uma situação de risco no período. É preciso vencer a barreira do preconceito e investir no alerta à sociedade sobre a gravidade dessa epidemia.
A hepatite C é uma doença silenciosa que pode demorar até 20 anos para se manifestar. Se não diagnosticada precocemente, ela pode “aparecer” em estágio avançado, evoluindo para uma fibrose, cirrose ou até câncer no fígado. Neste ano, em que a doença completa 25 anos desde sua descoberta, a OMS lançou o primeiro guia para manuseio da hepatite C . O documento tem como objetivo ajudar todos os países a melhorar o tratamento e os cuidados com a hepatite e, dessa forma, reduzir as mortes por câncer de fígado e cirrose.
Portanto há muito que trabalhar para erradicar essa epidemia, ainda mais se considerarmos o potencial de pacientes não diagnosticados. Embora atualmente os tratamentos disponíveis elevem a hepatite C ao status de uma das poucas doenças crônicas que podem ser curadas, o Brasil ainda não disponibiliza os tratamentos mais modernos, resultado do excesso de burocracia no registro de novos medicamentos.
No Brasil, o excessivo rigor e a demora para aprovação dessas terapias estão diretamente relacionados ao custo dos novos medicamentos, considerados caros. Mas, afinal, quanto vale a cura da hepatite C? O custo do tratamento da doença não deve ser medido pelo preço do medicamento, mas sim pelo gasto elevado com o tratamento de um paciente que fica mais tempo nos hospitais e consultórios médicos para tratar comorbidades decorrentes da doença. Em geral, quando se opta por soluções medicamentosas priorizando o preço em detrimento da eficiência, o valor acaba saindo mais alto para a sociedade, pois, no médio prazo, o gasto com pacientes que sofrem com os efeitos colaterais agressivos de muitas dessas drogas, que já poderiam ser substituídas, ultrapassa o valor do investimento de substâncias mais modernas.
É importante lembrar que o tratamento da hepatite C é finito, curando a grande maioria dos casos. Por isso a importância de, além de investir na modernização e diversificação de drogas que combatam a doença, viabilizar o diagnóstico precoce.
O futuro do tratamento da hepatite C no mundo caminha para uma forma muito simples, via medicamento oral, mas essa realidade ainda vai demorar mais alguns anos para chegar ao Brasil. Isso não significa ficar parado. Temos a obrigação de investir no diagnóstico e tratamento precoce da enfermidade, ao mesmo tempo em que se desburocratiza o registro para diversificação de medicamentos no país. Neste 28 de julho, data em que é comemorado o Dia Mundial do Combate às Hepatites Virais, instituído pela Organização Mundial da Saúde (OMS), temos a obrigação de debater o tema e nos conscientizarmos do potencial que temos para sermos, no combate à hepatite C, o modelo que fomos para o mundo na luta contra a AIDS.
No Brasil, ainda temos uma baixa taxa de diagnóstico em função do preconceito reinante em nossa sociedade em relação à doença, que ficou popularmente conhecida por ser transmitida principalmente pelo contágio via seringas contaminadas. Uma realidade distante, mas que até hoje estigmatiza milhares de pessoas, especialmente a geração infectada entre as décadas de 70 e 80, época em que o controle de materiais usados nos consultórios odontológicos, estúdios de tatuagem e piercing, ou mesmo em manicures, era muito precário se comparado aos padrões atuais.
Além disso, até 1992 não havia testes para verificar a existência do vírus HCV em sangue de doadores. Por esse motivo, qualquer pessoa que recebeu transfusão de hemoderivados antes de 1993 deve ser testada para avaliar se foi contaminada, assim como quem ficou exposto a uma situação de risco no período. É preciso vencer a barreira do preconceito e investir no alerta à sociedade sobre a gravidade dessa epidemia.
A hepatite C é uma doença silenciosa que pode demorar até 20 anos para se manifestar. Se não diagnosticada precocemente, ela pode “aparecer” em estágio avançado, evoluindo para uma fibrose, cirrose ou até câncer no fígado. Neste ano, em que a doença completa 25 anos desde sua descoberta, a OMS lançou o primeiro guia para manuseio da hepatite C . O documento tem como objetivo ajudar todos os países a melhorar o tratamento e os cuidados com a hepatite e, dessa forma, reduzir as mortes por câncer de fígado e cirrose.
Portanto há muito que trabalhar para erradicar essa epidemia, ainda mais se considerarmos o potencial de pacientes não diagnosticados. Embora atualmente os tratamentos disponíveis elevem a hepatite C ao status de uma das poucas doenças crônicas que podem ser curadas, o Brasil ainda não disponibiliza os tratamentos mais modernos, resultado do excesso de burocracia no registro de novos medicamentos.
No Brasil, o excessivo rigor e a demora para aprovação dessas terapias estão diretamente relacionados ao custo dos novos medicamentos, considerados caros. Mas, afinal, quanto vale a cura da hepatite C? O custo do tratamento da doença não deve ser medido pelo preço do medicamento, mas sim pelo gasto elevado com o tratamento de um paciente que fica mais tempo nos hospitais e consultórios médicos para tratar comorbidades decorrentes da doença. Em geral, quando se opta por soluções medicamentosas priorizando o preço em detrimento da eficiência, o valor acaba saindo mais alto para a sociedade, pois, no médio prazo, o gasto com pacientes que sofrem com os efeitos colaterais agressivos de muitas dessas drogas, que já poderiam ser substituídas, ultrapassa o valor do investimento de substâncias mais modernas.
É importante lembrar que o tratamento da hepatite C é finito, curando a grande maioria dos casos. Por isso a importância de, além de investir na modernização e diversificação de drogas que combatam a doença, viabilizar o diagnóstico precoce.
O futuro do tratamento da hepatite C no mundo caminha para uma forma muito simples, via medicamento oral, mas essa realidade ainda vai demorar mais alguns anos para chegar ao Brasil. Isso não significa ficar parado. Temos a obrigação de investir no diagnóstico e tratamento precoce da enfermidade, ao mesmo tempo em que se desburocratiza o registro para diversificação de medicamentos no país. Neste 28 de julho, data em que é comemorado o Dia Mundial do Combate às Hepatites Virais, instituído pela Organização Mundial da Saúde (OMS), temos a obrigação de debater o tema e nos conscientizarmos do potencial que temos para sermos, no combate à hepatite C, o modelo que fomos para o mundo na luta contra a AIDS.
Nenhum comentário:
Postar um comentário