sábado, 2 de agosto de 2014

Arnaldo Viana - Velotrolando‏

Velotrolando 
 
Arnaldo Viana - arnaldoviana.mg@diariosassociados.com.br
Estado de Minas: 02/08/2014


Cidadã, dona de casa, tem o controle do orçamento doméstico. Mês a mês, separava 10% dos recursos destinados à manutenção da família e os depositava em uma conta especial. O dinheiro era para satisfazer o sonho do neto de 3 anos: um velotrol. Branco com faixas azuis. Chegou o dia da compra. Levou o menino à loja de brinquedos. Fizeram a escolha. Foram na conversa mole do vendedor e saíram com um modelo turbinado. Potência: duas pedaladas por segundo. “Irado”, disse o atendente. Vó e neto marcaram data da estreia. Seria em julho, nas férias proporcionadas pela Copa do Mundo, no complexo esportivo do bairro, na Região Oeste de BH.

Chega o dia. Manhã de inverno, sol morno. A cidadã, com o brinquedo a reboque, de mãos dadas com o neto. “Vó, vou pedalar muito.” Chegam à portaria da área de lazer e, quando estão a meio pé da entrada, esbarram no zelador. “Minha senhora, me desculpe, mas não permitimos criança com velotrol. Não pode usar o brinquedo neste parque.” A vovó quis saber, entender. “Por quê?” O homem não soube explicar. Melhor, então, seria escrever uma carta ao jornal, reclamando, lamentando o disparate. A resposta da prefeitura: “A entrada de brinquedos, como velotrol, é vedada por não haver uma pista específica para crianças”.

Questão de segurança. Imaginem moleques de 2, 3 anos pedalando a 50, 60 metros por hora, em pista livre? Risco enorme de acidentes. E mais: os pais que não cuidam de paramentar os filhos com capacete, roupa antifogo, joelheiras, cotoveleiras e óculos especiais. E habilitação para a meninada conduzir veículo em espaço público? E a manutenção do velotrol? Verificação de freios, direção, condição das rodas, refletores luminosos de alerta.

Imaginem a discussão entre técnicos e autoridades de trânsito em um burocrático gabinete das medidas necessárias à liberação da área para a molecada pedalar. Pista especial com sinalização vertical e horizontal, indicativo de direção, controle eletrônico do limite de velocidade, aviso de curvas e cruzamentos perigosos. Alertas da obrigatoriedade do uso de equipamentos de segurança e da habilitação, da exibição do selo de vistoria do velotrol, da apólice de seguro. E, principalmente, do certificado de curso de educação de trânsito.

E, para alertar os pais, publicação de estatísticas de acidentes com velotrol em parques, com número de mortos e feridos. E sem deixar de lado as causas mais frequentes, que, como no caso dos adultos em veículos motorizados, deve ser a imprudência. Imprudência no pedal. Divulgar registros de pegas em velocidade igual ou superior a 30 metros por hora. Portanto, vovó, não é simples assim. Pegar o menino, o velotrol e ir ao parque brincar.

Indignação do Negão: Os rios secam e os lagos minguam. Técnicos e políticos jogam a culpa na chuva, que se recusa a chegar. Nem procuram saber por que a chuva não vem. Não se preocupam ou não se interessam? Uma boa pista é seguir a rota do desmatamento para abrir espaço às lavouras e à criação de pastagens. E não deixar de reparar nas imensas florestas de eucalipto. A chuva quer, mas não pode chegar a lugares devastados.

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