sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Casarão de isopor - São Luiz do Paraitinga


Casarão de isopor
Após reforma de R$ 1,4 mi, casa histórica de São Luiz do Paraitinga nem foi inaugurada e já está com os parapeitos das janelas despedaçados-eles foram feitos de isopor
Apu Gomes/Folhapress
O casarão após a reconstrução
O casarão após a reconstrução
FELIPE LUCHETE
APU GOMES
ENVIADOS ESPECIAIS A SÃO LUIZ DO PARAITINGA (SP)

Destruído pelas enchentes de 2010 e reerguido ao custo de R$ 1,4 milhão, um casarão histórico de São Luiz do Paraitinga (a 182 km de São Paulo) ainda nem foi inaugurado e já está com os parapeitos das janelas despedaçados. A estrutura foi feita de isopor.
A reforma, bancada pelo governo estadual, terminou no mês passado. Há cerca de duas semanas, começaram a aparecer as falhas.
Segundo a Secretaria Estadual de Cultura, responsável pelo projeto arquitetônico e pelo pagamento, os danos foram resultado de vandalismo. A Polícia Militar não tem registro de ocorrência.
Vizinhos do imóvel já reclamavam da mudança em relação ao projeto original do casarão, que com a reforma acabou perdendo as janelas de madeira.
O lugar será sede de uma biblioteca municipal e fica ao lado da igreja matriz, que foi ao chão no mesmo período e ainda está em obras.
ISOPOR
O uso do isopor, ou EPS, também causou surpresa na vizinhança, embora seja comum na construção civil.
Folha enviou imagens da obra a seis especialistas nas áreas de construção, arquitetura e patrimônio histórico. A maioria pediu para não ter o nome divulgado.
Um professor da USP disse que não via problemas no uso do material. Já um docente da Unicamp afirmou que o emprego de isopor em parapeitos não é usual.
Um arquiteto disse que o EPS é "vagabundo" e não deveria ser usado no térreo, em ponto de acesso público.
Um projetista e consultor em fachadas afirmou que "esse tipo de moldura é muito vulnerável". Um engenheiro especializado em reconstrução de patrimônio disse que optaria por outro material.
O consultor Paulo Sérgio Galeão, ex-servidor do Iphan (instituto federal de patrimônio histórico), disse que "ficou chocado" ao ver o isopor.
RESISTÊNCIA
Para a Secretaria Estadual de Cultura, "é errado concluir que as avarias existentes decorrem da qualidade do material".
A moldura com EPS, diz a pasta, tem alta resistência e é reforçada por uma tela em poliéster e um acabamento em cimento.
Em nota, a secretaria declarou ainda que o projeto foi aprovado por todos os órgãos competentes e que a empresa contratada para a construção já foi acionada para fazer a recuperação dos parapeitos, sem nenhum custo adicional.
Ainda não há data para a inauguração da biblioteca.

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