quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Controle os carboidratos e coma de tudo - Carolina Cotta‏

No Dia Mundial do Diabetes, lembrado hoje, especialistas falam da importância de o paciente aprender a dosar porção diária que pode ingerir. Há falta de informação sobre a dieta a ser seguida 

Carolina Cotta
Estado de Minas: 14/11/2012 


É bem provável que você conheça um diabético. Dados da Internacional Diabetes Federation (IDF) estimam a existência de 12 milhões de portadores da doença apenas entre nós, brasileiros. É possível também que já tenha ouvido essa pessoa dizer que ela nunca pode ingerir açúcar, embora a veja exagerando em pães e massas. Fato é que comendo açúcar ou pão o portador do diabetes está consumindo carboidrato, fonte de energia para o funcionamento do organismo. Pensando nesses erros  que interferem no curso da doença, na data em que se celebra o Dia Mundial do Diabetes, o Estado de Minas traz orientações sobre a alimentação para que as pessoas diabéticas possam conviver melhor com a doença.

Todos os alimentos são convertidos em açúcar quando entram na corrente sanguínea, sendo o carboidrato o principal. Com ajuda da insulina, um hormônio, o açúcar é transformado em energia para as células. Segundo o endocrinologista Rodrigo Lamounier, diretor do Departamento de Atividade Física da Sociedade Brasileira de Diabetes, não existe proibição na alimentação, mesmo para o portador da doença. “Dieta para diabético é coisa fora de moda”, frisa Lamounier. Hoje é cada vez mais comum a técnica da contagem de carboidratos, em que o paciente aprende a calcular quanto pode comer para, a partir daí, fazer suas escolhas. Afinal, o mais importante é a quantidade e não a fonte de carboidrato.
Para a contagem dessa importante fonte de energia, encontrada em massas, grãos e frutas, o paciente precisa aprender a ler rótulos e consultar tabelas personalizadas. Segundo a enfermeira Glauciane Lilian Carvalho Mendes, especialista em educação em diabetes, basta observar os tamanhos das porções e os carboidratos correspondentes à quantidade ingerida dos alimentos. Se 200ml de leite desnatado têm 10g de carboidrato e o paciente tomou 100ml da bebida, isso significa que ele consumiu 5g da porção que lhe é permitida. O método pode ser adotado por qualquer diabético, independentemente do tipo de diabetes e de tratamento que ele segue, com medicamentos orais ou insulina.

O paciente tem uma meta de carboidratos fixa para cada refeição e deve consultar a lista de substituição ou equivalentes, respeitando o total de gramas previamente definido. “O paciente tem a liberdade de escolher o tipo e a quantidade de alimentos que vai consumir, contabilizando os gramas de carboidratos ingeridos e calculando a dose de insulina certa”, explica a enfermeira. É assim que um diabético, desde que seguindo o método corretamente, pode comer o tão sonhado pedaço de bolo de chocolate sem que prejudique o controle de sua glicose. Hoje já se sabe que o mais importante é o equilíbrio e não a proibição na alimentação.

LIBERDADE COM ERROS Mesmo com tamanha liberdade, os diabéticos ainda erram na alimentação. Segundo Glauciane – que com a educação em diabetes visa reduzir o impacto da doença na vida das pessoas, implementando estratégias que facilitem seu controle e reduzam complicações –, os principais erros ainda ocorrem por falta de informação. Os mais comuns ainda passam pelas ideias de que pessoas com diabetes devem comer “alimentos dietéticos”, seguir uma “dieta com várias restrições” e “nunca ingerir açúcar”. Mas a alimentação de quem tem diabetes segue os mesmos padrões das recomendações nutricionais para a população em geral, tendo como guia a pirâmide alimentar.

É preciso escolher bem os alimentos no dia a dia, priorizando os naturais, como vegetais, frutas secas, cereais integrais e laticínios desnatados. É bom evitar frituras e alimentos ricos em gorduras. Outra indicação é a ingestão de, no mínimo, dois litros de água por dia e a adoção de horários regulares de refeição para evitar a hipoglicemia, a baixa de glicose no sangue. O controle da alimentação e o uso correto da medicação podem garantir vida longa a esses pacientes. “O diabetes mal controlado é responsável por muitos problemas graves. Mas quem cuida bem da doença pode ter uma vida completamente normal”, acrescenta Rodrigo Lamounier.

Cirurgia ou stent?

A cirurgia com implantes de ponte (safena, mamária ou radial) é melhor que a angioplastia com stent medicamentoso no tratamento da doença cardíaca em pacientes diabéticos. A conclusão é do estudo Future Revascularization Evaluation in Patients with Diabetes Melitus: Optimal Managemment of Miltivessel Disease (Futuro da Evolução da Revascularização em Pacientes com Diabetes Melitus:  Gestão Ideal da Doença), que acaba de ser publicado no News England Journal of Medicine. 

Por cinco anos, 140 centros cardiológicos nas Américas e na Europa, entre eles o Incor, de São Paulo, acompanharam a evolução de 1.900 pacientes diabéticos cardíacos com obstrução em três artérias coronárias principais, as vias de acesso do sangue com oxigênio e nutrientes até o músculo cardíaco. Tal situação caracteriza o estágio avançado da doença coronária, fase em que é preciso intervir diretamente na obstrução para garantir a vida do paciente.

Em comparação com a angioplastia com stent medicamentoso, os pacientes diabéticos cardíacos submetidos à cirurgia morreram menos, tanto por causas diversas (11% no grupo de cirurgia contra 16% no de angioplastia com stent medicamentoso), quanto por motivos cardíacos (7% contra 11%). Também tiveram menos infarto na evolução da doença (6% contra 14%) e necessitaram menos de novas intervenções (5% contra 13%).

Segundo o cardiologista Whady Hueb, coordenador do Freedom no Incor, a indicação de angioplastia com stent para esses pacientes deve ser criteriosa. “Para diabéticos com múltiplas obstruções nas artérias, baixa comorbidade e idade não muito avançada, o indicado é a cirurgia. No caso de apenas uma obstrução ou obstruções de baixo impacto, comorbidades importantes e idade avançada, a angioplastia com stent pode ser cogitada”, afirma.

Estima-se que 75% dos diabéticos brasileiros desenvolverão doença cardíaca coronária em algum momento da vida, sendo que parte significativa deles terá necessidade de passar por intervenção invasiva no coração. Para Roberto Kalil, diretor da Divisão de Cardiologia Clínica do Incor, o estudo sobre a doença certamente contribuirá para orientar a conduta médica no assunto. (CC)

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