quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Intimidades à solta - Ruy Castro


RUY CASTRO
Intimidades à solta
RIO DE JANEIRO - David Petraeus, 60, general americano vergado de medalhas e ex-comandante das tropas dos EUA no Iraque e no Afeganistão, teve de renunciar ao cargo de diretor da CIA (Agência Central de Inteligência) porque o FBI (polícia federal) descobriu um caso extraconjugal entre ele e sua biógrafa, a escritora Paula Broadwell, 40. A história estourou porque o FBI recebeu denúncias de uma segunda mulher, agora identificada como Jill Kelley, 37, que estaria recebendo mensagens ameaçadoras de Paula.
Petraeus, Paula e Jill são todos casados, pais de filhos e amigos entre si e dos respectivos cônjuges. Viajavam juntos de férias e as patroas trocavam receitas de waffle. Em 2011, Paula foi para o Afeganistão e propôs biografar Petraeus. Ele topou e, sem muita vida social a cumprir, os dois tinham as longas noites de Cabul, à luz das estrelas e dos tiroteios, para as entrevistas. Mas parece que a biografia foi longe demais.
Diz-se que o marido de Paula farejou o "affair", mas, por ser fã do general, decidiu ficar quieto -foi o que deu a entender nos e-mails em código que mandou para o "New York Times", nos quais o nome de Petraeus só faltou sair por extenso. Só que, publicado o livro, Petraeus deu um gelo em Paula, bandeou-se para Jill, e Paula não se conformou, daí o barraco.
Paula e Jill são mulheres atraentes, interessantes. Quanto a Petraeus, está longe de lembrar um Paul Newman aos 30 anos, mas seu enorme poder devia fazê-lo parecer do balacobaco para elas. Infelizmente, a CIA, cuja matéria-prima é o segredo, não pode permitir que as piores intimidades sobre seu chefe fiquem à solta, voando pelo ciberespaço e se pondo ao alcance de qualquer "nerd" ou de inimigos dos EUA. Petraeus tinha mesmo de renunciar.
É como vivo dizendo: é perigoso biografar vivos. Eles não são confiáveis. E muito menos na cama.

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