quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

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Estudo divulgado na conferência da ONU diz que nações em desenvolvimento também têm de reduzir emissões de gases. Secretário-geral da ONU clama por um compromisso de todos 



Estado de Minas: 05/12/2012 

Doha –Ainda que os países industrializados deixem de emitir gases com efeito estufa em 2030, os países em desenvolvimento também devem reduzir suas emissões para conter o aumento da temperatura global em mais dois graus Celsius, indica um estudo divulgado ontem pelo Grantham Instituto de Pesquisa em Mudanças Climáticas e Meio Ambiente e pelo Centro para Mudança Climática, Economia e Política, durante a Conferência das partes para Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas (COP-18).
O estudo reconhece a desigualdade profunda entre os países ricos, que construíram seu crescimento usando combustíveis fósseis, e os países pobres, que serão particularmente atingidos pelas mudanças climáticas. Mas este princípio, defendido pelos países emergentes para não serem submetidos às mesmas exigências que os países desenvolvidos quanto à luta contra o aquecimento global, não deve bloquear o progresso neste campo, afirma o economista britânico Nicholas Stern, autor de um relatório referencial sobre o custo das mudanças climáticas.
No momento, os esforços da comunidade internacional são ‘perigosamente lentos’, afirmam preocupados Stern e outros dois economistas, Mattia Romani e James Rydge, que advertem que, no ritmo atual, "o nível de risco é imenso". “As mudanças climáticas que podem ocorrer irão muito além do que o homem moderno já conheceu”, diz o estudo assinado pelos três. O material foi publicado no calor das negociações sobre a luta contra as mudanças climáticas, que devem terminar na sexta-feira em Doha.
 Essas negociações conduzidas pela ONU devem culminar em 2015 com um acordo global, que comprometa todos os países a fazer algo contra as mudanças climáticas, e não apenas os países industrializados, como é o caso do Protocolo de Kyoto, cujo parágrafo II deve ser assinado no Catar.
Segundo o estudo, para ter uma oportunidade "razoável" de evitar um aquecimento de mais dois graus Celsius, marca para além da qual os cientistas acreditam que o sistema climático pode se acelerar, seria preciso reduzir as emissões de gases de efeito estufa de 50 bilhões de toneladas por ano a 35 bilhões de toneladas em 2030.
“Com base nas ações lançadas atualmente, os países em desenvolvimento devem emitir entre 37 e 38 bilhões de toneladas em 2030, enquanto as emissões dos países ricos seriam de 11 a 14 bilhões de toneladas”, ou seja, dois terços do total contra um terço em 1990, segundo o estudo. Atualmente, a China representa 25% das emissões de gases de efeito estufa no mundo, contra os 17% dos Estados Unidos e 11% para a União Europeia.

KYOTO II O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, lembrou ontem aos 190 países presentes nas negociações a realidade da crise climática, pedindo-lhes um "compromisso" para obter um acordo sobre Kyoto II e ajuda financeira aos países em desenvolvimento, entre eles o Brasil, Índia e China.
Às equipes que negociam desde 26 de novembro começaram a se somar, esta terça-feira, os ministros do Meio Ambiente, da Energia e Relações Exteriores, encarregados de concluir as negociações a poucos dias do fim da reunião, conforme é praxe nas conferências do clima. A tensão fica concentrada nos dois últimos dias, com comissões varando o trabalho madrugada adentro.
“Não tenhamos ilusões. Isto é uma crise, uma ameaça para todos nós, nossas economias, nossa segurança e o bem-estar dos nossos filhos e daqueles que virão depois deles”, disse Moon aos delegados e ministros. “Os sinais de perigo estão por todas as partes", acrescentou. “As emissões de gases de efeito estufa alcançaram um nível recorde. Nós, coletivamente, somos o problema”, emendou.
 O secretário-geral da ONU instou às delegações a “demonstrar um espírito de compromisso”. “Conto de verdade com um forte compromisso de vossa parte”, acrescentou. As negociações versam sobre o Protocolo de Kyoto II e a ajuda financeira aos países do sul, muito vulneráveis às mudanças climáticas. Os países em desenvolvimento pedem US$ 60 bilhões até 2015 para financiar a transição entre a ajuda de emergência, de um total de US$ 30 bilhões para 2010-2012, e a promessa de de US$ 100 bilhões anuais antes de 2020. Ban Ki-Moon pediu “uma ajuda a médio prazo antes de 2015” e que se complete o novo Fundo Verde com US$ 100 bilhões.
 Por enquanto, a União Europeia e os Estados Unidos se negaram a se comprometer com o desembolso de cifras precisas. O Reino Unido, ao contrário, anunciou ontem que desbloqueará 1,8 bilhão de libras (US$ 2,8 bilhões) em 2014 e 2015.O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, lembrou ontem aos 190 países presentes nas negociações a realidade da crise climática, pedindo-lhes um "compromisso" para obter um acordo sobre Kyoto II e ajuda financeira aos países em desenvolvimento, entre eles o Brasil, Índia e China.

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