Zero Hora: 06/12/2012
Minha querida amiga Carin, grávida de sete meses do Santiago, foi parar
no hospital há cerca de duas semanas. Como seu marido estava
gripadíssimo e, portanto, não poderia acompanhá-la, lá fui eu num sábado
de manhã cedinho. Tinha acordado naquele dia com uma forte dor nas
costas, à altura da omoplata direita, mas amigo querido merece tudo,
então saí com alguns livros, filmes e um DVD portátil para socorrer a
querida Carin. Somos amigas há muitos anos – ela leu meus primeiros
arremedos literários, torceu pelos meus sonhos, secou minhas lágrimas.
Mas também rimos juntas e muito – Carin é uma pessoa alegríssima e
alto-astral, uma joia mesmo. Lá me fui, então. No hospital, soube que
ela tinha melhorado: o líquido amniótico, que estava baixo, voltara ao
padrão ideal. No hospital também, a minha contratura muscular piorou.
Carin me fez umas massagens (eu tinha ido até lá para cuidar dela, mas a
coisa se inverteu).
Resolvemos ir até a cafeteria para comer alguma coisa, e então a
minha dor ficou tão aguda que ameacei um desmaio. Lá se foi a Carin, com
a sua imensa barriga, chamar um enfermeiro para mim. Quase sem
sentidos, fui parar na emergência, deixando a minha grávida querida
estupefata na cafeteria – quem precisa mesmo de um ajudante como eu?
Tive uma contratura tão violenta que pressionou o nervo braquial, e
dor nervosa... Bah, quem já teve sabe do que estou falando. Fiquei na
emergência recebendo remédios por via intravenosa por tempo suficiente
para a minha amiga Carin ganhar alta e ser levada para casa pela mãe,
não sem uma pontada de angústia pela amiga maluca sumida nas entranhas
do Moinhos de Vento.
Isso foi o começo de uma dolorida aventura que ainda não terminou,
meus senhores. Há duas semanas, estou aqui me recuperando desse
imbróglio. Não posso ler, não posso escrever (estou aqui fazendo este
texto através do velho método de “catar milho”, numa posição tão
estapafúrdia que só cheguei nela por causa dos meus três anos de yoga –
que não posso fazer por um bom tempo também).
Não posso nadar, não posso dirigir, não posso pegar meu filho
pequeno no colo. Mas falta pouco, diz o médico. Falta pouco, diz a minha
acupunturista. Enquanto isso, minha querida Carin está por aí, flamante
e enorme com sua barriga cheia de futuro. Espero estar boa quando o
Santiago nascer! Dessa vez, prometo me comportar direitinho no hospital.
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