Flávia Ayer
Estado de Minas: 20/12/2012
Estão dizendo por aí que o mundo acaba amanhã. O boato se espalhou por causa de interpretações do calendário maia, tomou força com uma turma que entende de galáxias e seres extraterrestres e ganhou a boca do povo com a velocidade de um cometa. Quem viver verá. Desconfianças e crendices à parte, verdade absoluta é que, a 24 horas de um suposto fim, carros, viagens, dinheiro, nada mais importa. Nas ruas de Belo Horizonte, nos gramados de times vencedores, nos gabinetes dos políticos, escritórios, palcos e ateliês, não se fala em riqueza ou em bens materiais. Nem a Mega-Sena é mais um sonho. Se o planeta acabasse de fato, céticos e dogmáticos concordam: valioso mesmo seria estar entre os amigos e a família.
Já a forma de dar adeus à vida está longe de ser consenso. Quem chegasse à casa do estilista Ronaldo Fraga participaria de uma festança regada a champanhe e fartura. “Agora, se acordasse no dia seguinte e o mundo não tivesse acabado nada ia ter que dar conta da minha ressaca e ver como pagaria tanto champanhe”, brinca o estilista. Acostumado com rotina modesta, festa seria muito para o zelador da Praça da Liberdade, Mário Marioto, de 21 anos. “Gostaria de ficar em casa quietinho, tomando um vinho com a minha namorada. Para mim, seria uma maravilha”!, conta, sem grandes planos ou sonhos.
O jogador Neto, heptacampeão do mundo pelo Brasil, esqueceria o rigor e a disciplina nas quadras de futsal. “Iria me acabar e fazer tudo o que ainda não fiz ainda hoje”, diz. Mas, para quem tem a convicção de que já fez tudo que podia nesta vida, a despedida ideal desta existência seria em casa, em frente à televisão. “Fiz tudo o que tinha que fazer nesta vida. Rezar não resolveria. Viajar também não, porque tudo acabaria no meio do caminho”, diz o aposentado Mário de Paula Fonseca, de 82, casado, pai de três filhos e avô de dois netos – o segundo vai nascer em seis meses, se o mundo não acabar.
E, se acabar, Lucas Creek, de 27 anos, e seus amigos estarão em um bar na Praça da Savassi, a postos para o encontro com os alienígenas e a sequência de catástrofes. Há um mês, a turma combinou o happy hour “do apocalipse”, marcado para hoje à noite. A divulgação do evento contou até com um flyer, colorido em tons de fogo. “Se tudo vai acabar, pelo menos que seja com alegria, bebendo, rindo e na companhia de quem a gente gosta. Melhor assim do que sofrer ou fazer vigília para tentar salvar a alma”, diz Lucas.
OVNIS NA PRAÇA SETE Às 12h12 de amanhã, integrantes da Embaixada Cósmica, em Venda Nova, grupo que estuda fenômenos extraterrestres, estarão na Praça Sete, Centro de BH, prontos para fazer contato com comunidades de outra dimensão. “No dia 21, vamos finalizar um movimento de 26 mil anos da galáxia e extraterrestres ‘arcthuros’ irão se aproximar da Terra”, afirma um integrante do grupo, Walmir de Sousa Marques, de 54. “Como trabalho com detetização, continuo a atender meus clientes, mas vou tentar relaxar até a hora dessa experiência”, comenta.
Amanhã, o empresário Teodomiro Diniz Camargos voará com a família – não para outra galáxia, mas rumo aos Estados Unidos. Esse não seria bem o seu plano se tudo tivesse fim. “Se soubesse que iria acabar mesmo, ia esperar com a família, deitado na rede, fumando um charuto. Buscaria 24 horas de serenidade”, diz. Com os pais, a irmã e o cachorro, a psicóloga Natália Tavares, de 24, também não cogita outro lugar para esperar o fim do mundo senão a própria casa. “Confesso que tenho receio de pessoas que pensam em algum ataque”, diz, sem esquecer do real sentido da existência. “Não dá tempo de fazer tudo que queremos. É preciso fazer isso enquanto se está vivendo”, afirma.
DEPOIMENTOS
Já a forma de dar adeus à vida está longe de ser consenso. Quem chegasse à casa do estilista Ronaldo Fraga participaria de uma festança regada a champanhe e fartura. “Agora, se acordasse no dia seguinte e o mundo não tivesse acabado nada ia ter que dar conta da minha ressaca e ver como pagaria tanto champanhe”, brinca o estilista. Acostumado com rotina modesta, festa seria muito para o zelador da Praça da Liberdade, Mário Marioto, de 21 anos. “Gostaria de ficar em casa quietinho, tomando um vinho com a minha namorada. Para mim, seria uma maravilha”!, conta, sem grandes planos ou sonhos.
O jogador Neto, heptacampeão do mundo pelo Brasil, esqueceria o rigor e a disciplina nas quadras de futsal. “Iria me acabar e fazer tudo o que ainda não fiz ainda hoje”, diz. Mas, para quem tem a convicção de que já fez tudo que podia nesta vida, a despedida ideal desta existência seria em casa, em frente à televisão. “Fiz tudo o que tinha que fazer nesta vida. Rezar não resolveria. Viajar também não, porque tudo acabaria no meio do caminho”, diz o aposentado Mário de Paula Fonseca, de 82, casado, pai de três filhos e avô de dois netos – o segundo vai nascer em seis meses, se o mundo não acabar.
E, se acabar, Lucas Creek, de 27 anos, e seus amigos estarão em um bar na Praça da Savassi, a postos para o encontro com os alienígenas e a sequência de catástrofes. Há um mês, a turma combinou o happy hour “do apocalipse”, marcado para hoje à noite. A divulgação do evento contou até com um flyer, colorido em tons de fogo. “Se tudo vai acabar, pelo menos que seja com alegria, bebendo, rindo e na companhia de quem a gente gosta. Melhor assim do que sofrer ou fazer vigília para tentar salvar a alma”, diz Lucas.
OVNIS NA PRAÇA SETE Às 12h12 de amanhã, integrantes da Embaixada Cósmica, em Venda Nova, grupo que estuda fenômenos extraterrestres, estarão na Praça Sete, Centro de BH, prontos para fazer contato com comunidades de outra dimensão. “No dia 21, vamos finalizar um movimento de 26 mil anos da galáxia e extraterrestres ‘arcthuros’ irão se aproximar da Terra”, afirma um integrante do grupo, Walmir de Sousa Marques, de 54. “Como trabalho com detetização, continuo a atender meus clientes, mas vou tentar relaxar até a hora dessa experiência”, comenta.
Amanhã, o empresário Teodomiro Diniz Camargos voará com a família – não para outra galáxia, mas rumo aos Estados Unidos. Esse não seria bem o seu plano se tudo tivesse fim. “Se soubesse que iria acabar mesmo, ia esperar com a família, deitado na rede, fumando um charuto. Buscaria 24 horas de serenidade”, diz. Com os pais, a irmã e o cachorro, a psicóloga Natália Tavares, de 24, também não cogita outro lugar para esperar o fim do mundo senão a própria casa. “Confesso que tenho receio de pessoas que pensam em algum ataque”, diz, sem esquecer do real sentido da existência. “Não dá tempo de fazer tudo que queremos. É preciso fazer isso enquanto se está vivendo”, afirma.
DEPOIMENTOS
“Se tudo vai acabar, pelo menos que seja com alegria, bebendo, rindo e na companhia de quem a gente gosta. Melhor assim do que sofrer ou fazer vigília para tentar salvar a alma”
Lucas Creek, de 27 anos, analista de comunicação
Lucas Creek, de 27 anos, analista de comunicação
“Se eu soubesse que o mundo vai acabar um mês antes, eu pararia tudo para ouvir as músicas que eu amo, ler todos os livros que quero ler e guardaria o resto do tempo para ficar brincando com meus filhos. Já se me avisassem na véspera ia dar uma grande festa, servir champanhe para todo mundo que, alguma forma, tenha participado comigo desse filme que é minha vida desde o dia que nasci. Agora, se acordasse no dia seguinte e o mundo não tivesse acabado nada ia ter que dar conta da minha ressaca e ver como pagaria tanto champanhe.”
Ronaldo Fraga, estilista
Ronaldo Fraga, estilista
“Ainda não pensei nessa possibilidade. Acho é que muito remota. Mas se ocorrer, estarei muito realizado, pois consegui realizar todos os sonhos. Chegar ao profissional do Atlético e ser convocado para a Seleção Brasileira são dois deles.”
Marcos Rocha, lateral-direito do Atlético
Marcos Rocha, lateral-direito do Atlético
“Se fosse uma pessoa que não tivesse esperança, estaria desesperado, gastaria todo dinheiro. Como tenho esperança, vivo em paz e acredito na continuidade do amanhã, vou cumprir meus compromissos e ficar com minha família. Além disso, a interrupção da vida não precisa ser algo catastrófico. Nada garante que estarei vivo até amanhã.”
Josafá Ferreira, de 47 anos, desempregado, com os filhos Samuel e Elisa
Josafá Ferreira, de 47 anos, desempregado, com os filhos Samuel e Elisa
“Se soubesse que iria acabar mesmo, ia esperar reunido com a família, deitado na rede, fumando um charuto. Buscaria 24 horas de serenidade”
Teodomiro Diniz Camargos, empresário, diretor da construtora Diniz Camargos
Teodomiro Diniz Camargos, empresário, diretor da construtora Diniz Camargos
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