Estado de Minas - 25/01/2013
Por mais que tenha recuado na memória e dado asas a lembranças mais remotas, ele não conseguiu se lembrar de quando tomou conhecimento da existência de Dolores Duran. Provavelmente, seu primeiro encontro com a autora de A noite do meu bem, clássico da MPB que mexe com muitos corações, tenha se dado ainda na infância, por meio de sua mãe ou de seu pai. Eles a adoravam. Às vezes, um ou outro, em momentos de folga, se pegava cantando músicas de Dolores.
Na juventude, que já vai longe, ele se recorda de ter comprado, aqui em Belo Horizonte, numa loja perto da rodoviária, o elepê com os maiores sucessos da compositora e cantora. Além de A noite do meu bem, o disco trazia O negócio é amar, parceria com Carlos Lyra; Fim de caso, de sua autoria; Estrada do sol, feita com Tom Jobim; e Castigo, também dela: “A gente briga/ Diz tanta coisa que não quer dizer/ Briga pensando que não vai sofrer/ Que não faz mal se tudo terminar...”.
Na época, namorava uma moça bem mais nova do que ele. Quando contou à mãe da namorada sobre a compra, ela se mostrou interessada. Emprestou o elepê para a “sogra” e nunca mais o viu. Não se importou, pois era uma mulher bacana, de quem gostava muito. Na casa dos jornalistas Maria Helena e Carlos Felipe, que lhe ensinou o pouco que conhece sobre a música brasileira, também costumava ouvir Dolores, cujo nome de batismo era Adiléia Silva da Rocha.
Depois, não sabe por que, sua ligação com a compositora, que nasceu no Rio de Janeiro, em 7 de julho de 1930, filha de um sargento da Marinha e de uma dona de casa, entrou no limbo. Ficou tempos sem ouvir suas músicas, nem sequer escutava falar dela.
Até que recentemente, por deveres de ofício, leu Dolores Duran – A noite e as canções de uma mulher fascinante (Editora Record), biografia da cantora escrita pelo jornalista Rodrigo Faour. Iria entrevistar o autor, que já havia contado as histórias de Cauby Peixoto e de Claudette Soares.
Depois de publicada a matéria, que saiu neste caderno, seu colega de trabalho Ailton Magioli, que também é fã assumido da musa, lhe disse que a gravadora EMI havia lançado, há tempos, uma caixa com a a obra completa da artista. Eram oito CDs de Dolores, que morreu precocemente com apenas 29 anos, quando estava no auge da carreira, depois de ter viajado por vários países e vivido muitos amores.
Ele correu atrás. Depois de algumas infrutíferas investidas no Centro da cidade, acabou encontrando Os anos dourados de Dolores Duran, verdadeira pérola da MPB, numa loja da Savassi. Concluída a negociação com o dono, Beto Moreira, foi correndo para casa e, desde então, não consegue parar de ouvir aqueles maravilhosos CDs, que fizeram renascer um amor antigo, até então um tanto esquecido.
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