Eduardo Tristão Girão
Estado de Minas: 07/01/2013
Curiosamente, da mesma forma inesperada como surgiu o CD Alma lírica brasileira, o recém-lançado DVD homônimo da cantora paulistana Mônica Salmaso com Teco Cardoso (flauta e saxofone) e Nelson Ayres (piano) foi obra do acaso. O ciclo de shows do trio pelo país já havia sido encerrado quando a gravadora Biscoito Fino firmou parceria com o Canal Brasil, o que originou convite para montar novamente o espetáculo e registrar em vídeo o belíssimo entrosamento dos três.
Gravado em janeiro do ano passado, no Teatro Alfa, em São Paulo, o DVD exibe o trio em performance sem público, apenas diante das câmeras e cercado por algumas peças de artesãos brasileiros. “Com plateia, vejo que os diretores de DVD ficam muito amarrados em relação ao posicionamento das câmeras, luz e tudo mais. Não poderia deixar de aproveitar ao máximo as possibilidades desse show e do diretor. Gosto tanto de estúdio quanto de cantar ao vivo, e não me senti tensa nem fria”, conta ela.
A direção, no caso, foi de Walter Carvalho, que a cantora convidou para a tarefa por meio da esposa dele, Lia Gandelman. Já a escolha do local para acolher o espetáculo, conta Mônica, deve-se ao piano: “Precisávamos de um superpiano, já que somos só nós três no palco. O do Teatro Alfa é um, de cauda inteira, escolhido pelo Nelson Freire”. Foram dois intensos dias de gravação, com os artistas e a equipe inteira trabalhando das 8h às 20h.
O repertório, formado por 18 músicas, é um verdadeiro passeio pela música brasileira. De Villa-Lobos (Melodia sentimental) a Adoniran Barbosa (Véspera de Natal e Trem das onze), os três interpretam também Cuitelinho (Antônio Xandó e Paulo Vanzolini), Mortal loucura (José Miguel Wisnik sobre poema de Gregório de Matos), Meu rádio e meu mulato (Herivelto Martins) e Ciranda da bailarina (Edu Lobo e Chico Buarque), entre outras canções.
Gravado em janeiro do ano passado, no Teatro Alfa, em São Paulo, o DVD exibe o trio em performance sem público, apenas diante das câmeras e cercado por algumas peças de artesãos brasileiros. “Com plateia, vejo que os diretores de DVD ficam muito amarrados em relação ao posicionamento das câmeras, luz e tudo mais. Não poderia deixar de aproveitar ao máximo as possibilidades desse show e do diretor. Gosto tanto de estúdio quanto de cantar ao vivo, e não me senti tensa nem fria”, conta ela.
A direção, no caso, foi de Walter Carvalho, que a cantora convidou para a tarefa por meio da esposa dele, Lia Gandelman. Já a escolha do local para acolher o espetáculo, conta Mônica, deve-se ao piano: “Precisávamos de um superpiano, já que somos só nós três no palco. O do Teatro Alfa é um, de cauda inteira, escolhido pelo Nelson Freire”. Foram dois intensos dias de gravação, com os artistas e a equipe inteira trabalhando das 8h às 20h.
O repertório, formado por 18 músicas, é um verdadeiro passeio pela música brasileira. De Villa-Lobos (Melodia sentimental) a Adoniran Barbosa (Véspera de Natal e Trem das onze), os três interpretam também Cuitelinho (Antônio Xandó e Paulo Vanzolini), Mortal loucura (José Miguel Wisnik sobre poema de Gregório de Matos), Meu rádio e meu mulato (Herivelto Martins) e Ciranda da bailarina (Edu Lobo e Chico Buarque), entre outras canções.
“Trabalho fundamentalmente com instrumentos acústicos e nesse tipo de encontro vale mais o músico do que o instrumento que ele toca. Não era para ser piano, mas era para ser o Nelson, por exemplo. Preciso da capacidade dele e isso é claro para mim”, analisa Mônica. A afinidade entre ela, Nelson e Teco (com quem é casada), explícita nesse trabalho, tem origem na parceria estabelecida pela cantora com o grupo Pau Brasil, do qual os dois músicos fazem parte – assim nasceu o primeiro DVD de Mônica.
Conforto Alma lírica brasileira é o segundo registro do gênero na carreira da artista. “O disco não teve truque e o DVD não teve edição, cenário nem Auto-Tune. É só o encontro entre nós três. Simples. O show já estava bem azeitado”, orgulha-se ela. Longe de ser arrogante, Mônica afirma que a realização desse projeto lhe trouxe uma sensação muito boa, a de saber fazer bem o que gosta. Imediatamente, lembra-se do início da carreira, ao lado de ninguém menos que o violonista Paulo Bellinati em Afro-sambas (1995).
“Meu começo foi muito bonito. Tinha uns 20 e poucos anos e o Bellinati já tinha um caminho lindo na música. Por ter tido essa sorte, eu pensava que tinha de fazer por merecer. Havia uma tensão interna. Não podia errar, tinha de ser perfeita. Entendia dessa maneira. Alma lírica brasileira me mostra que não preciso ter mais essa sensação. Estou na música há quase 20 anos e já me sinto fazendo parte dessas pessoas. Isso é mais conforto que outra coisa, pois sempre tive liberdade para fazer o que quisesse. Só mudou a maneira de realizar”, diz ela.
Vazão Esse tal conforto é um dos motivos pelos quais ela se sente cada vez mais à vontade para trabalhar paralelamente com os artistas que quiser. Entre eles, o quinteto de clarinete Sujeito a Guincho e o quinteto de sopro Vento em Madeira (do qual seu marido, Teco, é integrante). “É difícil dar vazão em disco a todos esses projetos de que participo”, confessa. Outro trabalho em parceria tem sido desenvolvido com o pianista André Mehmari, com quem ainda não tem disco, apesar de já ter formado repertório.
A propósito, os dois embarcam esta semana para a Colômbia, onde farão duas apresentações no Festival Internacional de Música de Cartagena. Com discos lançados fora do Brasil, Mônica tem feito apresentações constantes na Europa e, com menos frequência nos últimos anos, nos Estados Unidos. “Meu público lá fora fica entre brasileiros e apreciadores de jazz e world music, incluindo muita gente que está aprendendo português”, comenta.
Vem aí
Para este ano, Mônica quer lançar disco em que cantará exclusivamente músicas de uma única parceria, entre Paulo César Pinheiro e Guinga. A cantora já foi presenteada pela dupla com algumas canções. A previsão é entrar em estúdio este semestre para lançar o álbum até o fim do ano.
O QUE MÔNICA ESTÁ OUVINDO:
» Rhaissa Bittar – “É uma cantora que fica muito na dela e não faz parte de clubinhos. Ouço direto o disco dela, Voilà, que é bem tocado, benfeito, brasileiro e inteligente.”
Conforto Alma lírica brasileira é o segundo registro do gênero na carreira da artista. “O disco não teve truque e o DVD não teve edição, cenário nem Auto-Tune. É só o encontro entre nós três. Simples. O show já estava bem azeitado”, orgulha-se ela. Longe de ser arrogante, Mônica afirma que a realização desse projeto lhe trouxe uma sensação muito boa, a de saber fazer bem o que gosta. Imediatamente, lembra-se do início da carreira, ao lado de ninguém menos que o violonista Paulo Bellinati em Afro-sambas (1995).
“Meu começo foi muito bonito. Tinha uns 20 e poucos anos e o Bellinati já tinha um caminho lindo na música. Por ter tido essa sorte, eu pensava que tinha de fazer por merecer. Havia uma tensão interna. Não podia errar, tinha de ser perfeita. Entendia dessa maneira. Alma lírica brasileira me mostra que não preciso ter mais essa sensação. Estou na música há quase 20 anos e já me sinto fazendo parte dessas pessoas. Isso é mais conforto que outra coisa, pois sempre tive liberdade para fazer o que quisesse. Só mudou a maneira de realizar”, diz ela.
Vazão Esse tal conforto é um dos motivos pelos quais ela se sente cada vez mais à vontade para trabalhar paralelamente com os artistas que quiser. Entre eles, o quinteto de clarinete Sujeito a Guincho e o quinteto de sopro Vento em Madeira (do qual seu marido, Teco, é integrante). “É difícil dar vazão em disco a todos esses projetos de que participo”, confessa. Outro trabalho em parceria tem sido desenvolvido com o pianista André Mehmari, com quem ainda não tem disco, apesar de já ter formado repertório.
A propósito, os dois embarcam esta semana para a Colômbia, onde farão duas apresentações no Festival Internacional de Música de Cartagena. Com discos lançados fora do Brasil, Mônica tem feito apresentações constantes na Europa e, com menos frequência nos últimos anos, nos Estados Unidos. “Meu público lá fora fica entre brasileiros e apreciadores de jazz e world music, incluindo muita gente que está aprendendo português”, comenta.
Vem aí
Para este ano, Mônica quer lançar disco em que cantará exclusivamente músicas de uma única parceria, entre Paulo César Pinheiro e Guinga. A cantora já foi presenteada pela dupla com algumas canções. A previsão é entrar em estúdio este semestre para lançar o álbum até o fim do ano.
O QUE MÔNICA ESTÁ OUVINDO:
» Rhaissa Bittar – “É uma cantora que fica muito na dela e não faz parte de clubinhos. Ouço direto o disco dela, Voilà, que é bem tocado, benfeito, brasileiro e inteligente.”
» Conversa Ribeira – “Esse trio do interior de São Paulo é bem legal, com harmonias novas sobre músicas caipiras. Faz isso sem desestruturá-las, mas com liberdade autoral.”
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