Estado de Minas:02/01/2013
Uma das maiores surpresas no anúncio dos indicados ao Spirit Awards, principal prêmio do cinema independente americano, foi a presença de Deixe a luz acesa nas quatro categorias principais – filme, diretor, roteiro e ator (Thure Lindhardt). O longa é uma história pessoal do diretor Ira Sachs sobre a relação conturbada com o seu ex-namorado.
Mas coube ao brasileiro Maurício Zacharias transformar esses 10 anos de amor e sofrimento em um roteiro que competirá com nomes de prestígio como Wes Anderson (Moonrise Kingdom) e David O. Russell (O lado bom da vida) pelo prêmio, que será anunciado em 23 de fevereiro, véspera do Oscar.
"Termos sido indicados nas quatro categorias principais foi uma surpresa. Achava que Thure Lindhardt tinha boas chances, mas não acreditava em nada além disso", confessa o roteirista carioca, que coescreveu Madame Satã (2002) e O céu de Suely (2006). "Quando Ira me ligou e falou "parabéns’, pensei que era a respeito do novo roteiro que estamos escrevendo. A notícia foi a cereja do bolo na carreira do filme", afirma
Mestre em cinema pela University of Southern California, Zacharias mora há 15 anos em Nova York e não pensa em voltar ao Brasil, apesar de ter projetos no país – Trinta, de Paulo Machline, filme sobre o carnavalesco Joãozinho Trinta, e outro com a produtora Paula Lavigne.
"A profissão de roteirista nos EUA é antiga e bem estabelecida. Existe um mercado em que o profissional pode lançar um roteiro original com a ajuda de sindicatos, agentes e advogados. Essa é a maior diferença para o Brasil." Deixe a luz acesa, que foi exibido em sessões concorridas no mais recente Festival do Rio e deve estrear no Brasil em fevereiro, está entrando em listas americanas e europeias de melhores filmes do ano. A revista americana Time out o listou abaixo de Lincoln, de Steven Spielberg, e acima de O lado bom da vida, ambos cotados ao Oscar.
Prêmio no qual Zacharias nem pensa. "O Spirit tem apontado favoritos ao Oscar, mas não vejo a menor chance pra gente lá. Deixe a luz acesa não é esse tipo de filme", diz ele, citando Indomável sonhadora e Moonrise Kingdom como concorrentes com mais chances de chegar à cerimônia mais concorrida do cinema.
A temática, realmente, pode ser um pouco forte demais para o Oscar. Não se trata de um filme para o grande público. Conta uma história conturbada envolvendo drogas e compulsão sexual. "O filme é sobre uma relação e o fato de ser entre dois homens é secundário", opina Maurício Zacharias, que já está trabalhando novamente com Sachs em outro drama, chamado Love is strange.
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