quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

MOSTRA DE TIRANDENTES » O cinema que o mundo quer‏

Curadores internacionais discutem o que o país deve produzir para atrair público estrangeiro 

Carolina Braga/De Tiradentes
Estado de Minas: 24/01/2013 
Reafirmar a diversidade do cinema brasileiro foi lugar-comum no discurso dos convidados internacionais da Mostra de Cinema de Tiradentes. Durante o seminário Um olhar sobre o cinema brasileiro, os representantes da Quinzena dos Realizadores e da Semana da Crítica de Cannes, do Festival de Locarno, na Suíça, profissionais do governo Argentino e um distribuidor dos Estados Unidos deixaram claro o que falta para que a produção nacional ganhe destaque no exterior: relacionamento mais profissional entre produtores e curadores.

“Quando venho aqui, não é só para pegar um DVD. É para criar uma relação, um link. Pode ser que esse filme não entre na programação, mas quem sabe, daqui a dois anos? Acho que vocês deveriam desenvolver melhor a produção, não apenas a direção, para aparecer mais”, sugeriu Anne Delseth, programadora da Quinzena dos Realizadores. Pela segunda vez em Tiradentes, ela se mostrou totalmente aberta para conhecer quem faz cinema no Brasil, não apenas o que é feito por aqui. 

“Ela entrou em contato comigo e me pediu uma cópia do filme. O que vier está de bom tamanho”, comentou a diretora mineira Cris Ventura. O documentário dela, Nas minhas mãos não quero pregos, estreia hoje na programação da Mostra Aurora. Cris foi uma das pessoas que se aproximaram de Anne ao fim do debate para trocar ideias sobre os caminhos internacionais para um filme. “O debate foi interessante porque pudemos saber que é possível sair do circuito padrão e não depender somente dos grandes festivais”, acrescentou. 

Além de Anne Delseth, participaram Bernard Payen (Semana da Crítica); Diego Marambio (gerente de Assuntos Internacionais do Instituto Nacional do Cinema e Audiovisual da Argentina); Sérgio Fant (Festival de Locarno) e Sandro Fiorin (agente de vendas e distribuidor da Figa Films, dos EUA). Instituições brasileiras também estiveram representadas por André Sturn, do programa Cinema do Brasil, e José Roberto Rocha Filho, da Divisão de Promoção do Audiovisual do Ministério das Relações Exteriores. 

Para Diego Marambio, os realizadores brasileiros precisam aparecer mais nos eventos internacionais. “Se as pessoas não o veem, acham que você não existe”, disse. Bernard Payen parece ter a mesma impressão: “Tentamos mostrar a diversidade do cinema brasileiro. Quero compartilhar essa percepção e convencer outros profissionais e críticos a ter um olhar mais atento em relação a ele”, afirmou. Assessor internacional da Agência Nacional de Cinema, Eduardo Valente disse que “o Brasil tem encontrado boa linha de recepção para o cinema autoral. Mas temos dificuldade com as competições em alguns dos festivais mais importantes.”

Em sintonia com o Ministério das Relações Exteriores e também com o programa Cinema do Brasil, a Ancine anunciou em Tiradentes programa para aumentar a presença dos filmes brasileiros no exterior. A ideia é trazer ao país curadores dos 12 principais festivais para assistirem aos filmes nacionais. Estão previstos encontros em março, junho e novembro. Informações:www.ancine.gov.br

A repórter viajou a convite da organização do festival.



SAIA JUSTA


Ao abrir a participação da plateia, o curador do World Cinema Amsterdam protagonizou momento de saia justa no seminário. “Parem de fazer filmes sobre vocês mesmos. Eles não vão funcionar na Europa”, sugeriu Raymond Walravehs. Segundo dados apresentados por ele, filmes como Vou rifar meu coração, sobre a música brega, e Xingu, sobre índios, foram algumas das produções que atraíram muito mais público do que o cinema autoral brasileiro durante a edição do ano passado. Mediador da mesa, Eduardo Valente ressaltou que precisamos ficar atentos ao que os estrangeiros esperam do nosso cinema.

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