CASSIANO ELEK MACHADO
DE SÃO PAULO
Todo ano, durante quatro dias, uma bonita cidade colonial latino-americana à beira mar é tomada por alguns dos melhores escritores do mundo, que se reúnem nela para participarem de um importante festival literário.
O script soa familiar para frequentadores de uma determinada celebração anual da literatura em Paraty (RJ).
Mas o festival em questão é o Hay Festival Cartagena, uma espécie de primo em primeiro grau da brasileira Flip.
Um pouco mais jovem do que a festa paratiense, o HFC começa nesta quinta-feira (24) sua oitava edição (a Flip comemorou dez anos em 2012).
Pela primeira vez, o evento colombiano receberá dois vencedores do Prêmio Nobel de Literatura, o peruano Mario Vargas Llosa, 76, e a romena-alemã Herta Müller, 59.
Além deles, o evento terá outros 130 convidados, que participarão de 80 atividades.
O elenco poderia ser chamado de hollywoodiano, se na literatura houvesse uma Hollywood.
Entre os nomes consagrados, estarão na Colômbia o britânico Julian Barnes, o israelense David Grossman, o espanhol Javier Cercas e o irlandês Colum McCann.
Grandes figuras do jornalismo (o americano David Remnick), da gastronomia (o peruano Gastón Acurio) e dos quadrinhos (o alemão Peter Kuper) também compõem o programa, que tem orçamento acima de US$ 1 milhão (R$ 2 milhões) e, no ano passado, recebeu 40 mil pessoas.
"Nós mesmos estamos encantados com a programação deste ano", diz Cristina Fuentes La Roche, diretora do Hay Festival Cartagena desde sua primeira edição. "Não sei como farei, porque quero ir a todos os debates."
Editoria de Arte/Folhapress |
A inquietação da curadora se explica pelo fato de que, enquanto em Paraty existe uma programação principal clara, sem sobreposição de eventos de destaque, em Cartagena ocorrem debates importantes simultâneos.
Do ponto de vista da estrutura do festival, a grande novidade este ano do HFC é o maior engajamento social, com a realização de um novo programa voltado para estudantes, o Hay Joven, e outro sobre ambiente e sustentabilidade, o Hay Verde.
O Brasil também estará presente no evento, que é subsidiário do maior festival do gênero, o Hay Festival de Hay-on-Wye, no País de Gales, criado há 25 anos e que ajudou a inspirar a Flip.
Amanhã, o fotógrafo Maurício Lima participa de debate sobre fotojornalismo. O escritor João Paulo Cuenca integra uma mesa com autores latino-americanos e uma leitura coletiva de obras favoritas, ambos no domingo. "É o festival a que fui que mais lembra Paraty", diz Cuenca, que esteve no evento em 2008.
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