Estadode Minas: 03/01/2013
Com a posse dos prefeitos – seus planos, problemas e dívidas –, começam os jogos sucessórios estaduais, casados com a sucessão presidencial. No Rio, ao tomar posse para o segundo mandato, o prefeito Eduardo Paes (PMDB) colocou duas pedras nessa construção. Avisou que não será candidato, ficando no cargo por mais quatro anos. E (re)lançou a candidatura do vice-governador Luiz Fernando de Sousa Pezão para suceder Sérgio Cabral. Esses movimentos repercutirão além do Rio, estado em que a eleição de 2014 já mobiliza também o outro polo do sistema de poder, com os tucanos, sem quadros competitivos locais, buscando alternativas para enfrentar o governismo. Pensam em importar um nome forte de outro estado ou em construir uma candidatura egressa da vida acadêmica, artística ou cultural.Recentemente, o governador foi informado oficialmente de que o PT lançará a candidatura do senador Lindberg Farias a governador. Ele recebeu a notícia com tranquilidade, considerando legítima a pretensão petista, mas, pelo visto na posse de Paes, continua disposto a bancar o nome de seu vice, embora tenha desistindo de renunciar para que ele disputasse no cargo, como vice. Se isso se confirmar, significará o rompimento da aliança costurada pelo ex-presidente Lula, que garantiu a hegemonia da coalizão PT-PMDB no estado.
É sensata a decisão de Paes, de permanecer na prefeitura, numa quadra em que o Rio sediará jogos importantes da Copa e estará se preparando para as Olimpíadas de 2016. A população não costuma perdoar governantes que, uma vez eleitos, partem para outras disputas, como fez José Serra em São Paulo, ao deixar a prefeitura depois de dois anos no cargo para se eleger governador. Paes é bastante jovem, tem um ambicioso programa de investimentos na cidade e pode esperar. Em princípio, concorreria ao governo em 2018.
Já a ruptura da aliança local PT-PMDB pode ser boa para a oposição e ter reflexos negativos para a presidente Dilma Rousseff na disputa da reeleição em 2014. Ao PSDB falta até mesmo um candidato que ofereça um palanque robusto para o senador Aécio Neves na disputa presidencial. Mas há também uma terceira força, representada pelo grupo do ex-governador Anthony Garotinho, em que também há novidade. Ali se avalia que a ex-governadora Rosinha Mateus pode ser uma candidata mais competitiva que seu marido. É mulher, é mais bem aceita em algumas áreas da classe média e tem grande força eleitoral na Baixada Fluminense.
Esses movimentos não deixam dúvidas: 2013 está apenas começando, mas o jogo para 2014 já está sendo feito.
Chávez e o futuro
A Venezuela vive um momento dramático. Os seguidores de Hugo Chávez sofrem com as noticias e os boatos sobre seu grave quadro de saúde e a oposição cobra mais transparência. Se Chávez não puder tomar posse para o novo mandato no dia 10, terá que haver uma mudança constitucional alterando a data. Ou, talvez, a posse do presidente da Câmara como interino, para convocar novas eleições em caso de morte ou impedimento definitivo do presidente reeleito. A verdade é que a Venezuela se prepara para um cenário sem Chávez, que, segundo seu vice Nicolás Maduro, que o visitou em Cuba, “tem consciência da gravidade de seu estado’’.
Não será fácil, mas a democracia venezuelana parece preparada para lidar com a situação. Chávez, tantas vezes chamado de ditador, governou dentro da institucionalidade existente. Parecem exageradas, porém, as notícias de que uma ausência de Chávez teria reflexos sobre toda a América do Sul, onde quase todos os governos são de centro-esquerda. Ainda que existam afinidades entre eles, todos foram eleitos por razões estritamente nacionais, não por influência do líder venezuelano.
Ottoni Fernandes
Será sepultado amanhã, em São Paulo, o jornalista Ottoni Fernandes, que morreu no dia 30. Na juventude, combateu a ditadura como militante da ALN. A militância e a vida de preso político foram narradas em seu livro de memórias O baú do guerrilheiro. No jornalismo, buscou a tecnologia e a renovação, em suas passagens por Gazeta Mercantil, Isto É, Exame e Desafios do Desenvolvimento. No governo Lula, como secretário-executivo da Secom, foi o braço direito de Franklin Martins na implantação de mudanças importantes na comunicação governamental, como a descentralização e a adoção de critérios técnicos na distribuição da publicidade oficial. Fernandes era diretor internacional da EBC.
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