Tiago de Holanda
Estado de Minas: 09/02/2013
Parece mentira – e talvez seja. Ninguém sabe se é autêntica a carta que estava dentro de uma garrafa em uma gruta da Serra da Piedade, em Caeté, na Grande BH. Pelo menos, foi essa a história contada por um tropeiro anônimo que, há quase 200 anos, teria achado os papéis e divulgado a descoberta para um jornal carioca. Na missiva, datada de 1699, o autor, um enigmático Martinho Dias, assume ter sido o assassino do espanhol dom Rodrigo de Castel Blanco, alto funcionário da coroa portuguesa. Até hoje, o relato inquieta e divide pesquisadores: seria verdadeiro ou apenas uma farsa?
Antes de chegar ao Brasil, Rodrigo trabalhou em minas de prata na Bolívia e no Peru. Essa experiência o fez ganhar a confiança do príncipe regente de Portugal, dom Pedro II, que precisava de alguém para organizar os achados de ouro na colônia. Em 1673, o espanhol recebeu o título de fidalgo da Casa Real e foi nomeado administrador-geral das minas. Percorreu algumas capitanias até ser incumbido, em 1682, de visitar a Região dos Cataguás, que faria parte do futuro Estado de Minas Gerais. Deveria avaliar a expedição do bandeirante Fernão Dias Pais Leme, encarregada de desbravar os sertões.
Quando o perito enviado pelo príncipe chegou ao local, Fernão Dias já havia morrido, em 1681. Genro e conterrâneo do paulista, Manuel Borba Gato ficou no acampamento, à caça de minérios. No arraial do Sumidouro, em Sabará, dom Rodrigo deparou com a caravana de Borba Gato. Os historiadores são quase unânimes em reconhecer o motivo que fez os dois se desentenderem. Ao considerar insuficientes os seus equipamentos e mantimentos, o fidalgo espanhol quis que o outro cedesse parte do que tinha. Mandou subordinados falarem com Borba Gato, que se negou a atender o pedido.
Insatisfeito, dom Rodrigo decidiu tentar convencê-lo pessoalmente. Com dois ajudantes, o espanhol insistiu sem sucesso. O europeu se exasperou. “Cego de ira, levantou-se bruscamente” e, antes de ir , “com vozes e gestos alterados”, disse que “o ensinaria a ser mais cortês” e “mandaria buscar as coisas de que carecia para o serviço real”, ainda que Borba Gato não quisesse – esse é o relato feito no século 18 pelo coronel Bento Fernandes Furtado de Mendonça.
Quase todos os historiadores contam que dois auxiliares do bandeirante, sem que tivessem sido incumbidos da tarefa, quiseram vingar o ultraje sofrido pelo patrão. Quando o europeu voltava à sua comitiva, os assassinos dispararam dois tiros e ele caiu morto.
A DESCOBERTA
Em comunicado ao Conselho Ultramarino, o então governador do Rio de Janeiro, Duarte Teixeira Chaves, informou que dom Rodrigo levou três tiros quando ia “marchando por uma estrada”, fixou em 28 de agosto de 1682 a data do crime e admitiu que ainda não se conhecia o autor dos disparos. Borba Gato foi responsabilizado pelo crime e passou quase 20 anos desaparecido, com medo de ser condenado. Mas, afinal de contas, quem tirou a vida de uma das mais poderosas autoridades monárquicas no Brasil? E o culpado agiu por ordens do paulista?
Em 5 de setembro de 1827, o Diário Fluminense publicou um relato que prometia acabar com o mistério. O jornal divulgou a correspondência de um tropeiro, identificado como “O Amigo dos Bens do País M.”. Ele contou que, em maio daquele ano, quando andava pelo sopé da Serra da Piedade, em Caeté, notou o sumiço de uma besta. Um empregado saiu à cata do animal e entrou em uma gruta, onde deparou com uma “garrafa de boca larga”, fechada com “rolha de pau” e “certa massa, que parece ser cera da terra”. Dentro dela, diz o tropeiro, “achei um papel escrito com tinta vermelha e tão puído”. Ele garante que os originais se perderam, “por andarem de mão em mão”, mas que é fiel a cópia encaminhada ao Rio de Janeiro.
O jornal publicou na íntegra, e na grafia original, o relato de Martinho Dias. Ele confirma a história de que dom Rodrigo pediu ao bandeirante “parte do provimento que ficara de Pais” (aqui, a grafia foi atualizada). Com a recusa, o fidalgo “se enjoou e injuriou com palavras”, o que fez com que “lhe quitasse a vida” para “defender a honra de Gato, a quem nós tínhamos por nosso Capitão-mor”. Martinho não diz se agiu por ordem do chefe, mas ressalta que fugiu “com consentimento” dele. Sempre informava o outro da descoberta de minas. Um dos achados foi particularmente rico. Guiado por “um índio chamado Inhambe”, chegou a um “veeiro todo crivado de grandes pedaços e folhetas (lâminas finas) de ouro”.
A relação entre Martinho e Borba Gato se rompeu quando o patrão foi perdoado pelo assassinato. A historiadora Andrée Mansuy Diniz Silva conta que, após descobrir ouro na região do Rio das Velhas, o paulista levou amostras para o governador do Rio de Janeiro, Artur de Sá e Meneses. Foi absolvido, em troca da revelação do local exato das minas. Martinho percebeu que, na barganha com o governo colonial, o bandeirante não pediu que o perdão fosse estendido ao auxiliar nem incluiu na conta o veeiro avistado pelo índio. O autor da missiva ficou com medo que Borba Gato quisesse exterminá-lo, para desfrutar sozinho de todo o ouro achado.
Martinho decidiu voltar ao veeiro, de onde retirou uma arroba (14,7 quilos) e seguiu para Porto Seguro (BA). Planejava embarcar para Lisboa (Portugal) e pedir a dom Pedro II o perdão de seu crime e “uma companhia de homens armados”, para explorar sua descoberta a salvo de “hostilidades de Gato”. E por que decidiu escrever tudo isso em uma carta? Sem querer confiar a ninguém o que chamou de “meu segredo”, redigiu duas “memórias”: levaria uma com ele e outra deixou naquela garrafa. Caso morresse antes de realizar o plano – em suas palavras, “se eu não chegar ao fim do meu intento, porque Deus seja servido matar-me –, “o feliz” que encontrasse a carta poderia usufruir do minério.
VERDADE OU FARSA?
A publicação do Diário Fluminense não deve ter chamado muita atenção. Caiu no esquecimento e só foi resgatada em 1962 pelo historiador Hélio Vianna, que achou um exemplar do jornal na Biblioteca Nacional. Em ensaio na Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil, ele defende a carta como legítima. “O documento tem toda a aparência de verdadeiro, nada indicando que se trate de fraude ou forgicação, embora dele não se tenha mais que a cópia impressa, pois o original provavelmente se perdeu”, escreve. Entre os indícios, ele ressalta que o relato de Martinho tem estilo e ortografia típicos de fins do século 17, o que “seria muito difícil” de ser imitado por tropeiro do século 19.
Aparentemente, depois do ensaio de Vianna, o documento voltou a ser esquecido. A carta era desconhecida pelos estudiosos ouvidos pelo Estado de Minas. “Narrativas que envolvem papéis achados em garrafas parecem, à primeira vista, pouco críveis e um tanto fantasiosas. No entanto, fiquei impressionada com a linguagem e a grafia das palavras, idênticas às da época”, diz Adriana Romeiro, professora da UFMG e especialista em história colonial. “Achei bem convincente a hipótese de ter sido esse Martinho Dias o verdadeiro assassino. Mas isso não muda muita coisa, porque ele agiu em nome do Borba Gato”, acrescenta.
Para garantir a veracidade da carta, é preciso confirmar que Martinho existiu. “Fiquei curiosa e pesquisei no Arquivo Público Mineiro e no Arquivo Histórico Ultramarino. Não encontrei nenhuma menção a esse indivíduo”, diz. Ela aproveitou a presença em Lisboa do doutorando em história Adriano Toledo Paiva e pediu que ele procurasse por Martinho no Arquivo Nacional da Torre do Tombo. De novo, nada foi encontrado. “Se ele tivesse chegado a Lisboa e encaminhado petição ao rei, isso estaria registrado na Chancelaria Régia”, explica.
Especialista em história da mineração no Brasil, o professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Ângelo Alves Carrara discorda. “O que mais me chamou a atenção foi a modalidade de português utilizada, que não é do século 17, muito menos do fim desse século, mas do século 16.” Como exemplo, ele aponta o uso do verbo “leixar”, em vez de “deixar”. “No inventário mais antigo de São Paulo, de 1578, a forma usada já é deixar. No início do século 17, a forma leixar já era considerada antiga pelo poeta português Francisco Rodrigues Lobo.” E prossegue: “A carta tem outros termos mais usuais no século 16, como achamento em vez de descobrimento e graa por grande”.
Carrara considera “totalmente prejudicada” a hipótese de que o documento seja autêntico. “Seria uma fraude. Mas nada do que estou dizendo tem validade, enquanto um linguista não emitir um parecer definitivo”, diz. Especialista em linguística histórica e filologia textual, a professora da Universidade Federal da Bahia (UFBA) Célia Marques Telles julga ser impossível atestar a autenticidade da carta. “Como não se dispõe do original, não dá para confirmar a datação do documento. Traços como estilo, vocabulário e grafia não podem, por si sós, datar um texto”, justifica.
O mistério deve se eternizar, para a tristeza de Adriana Romeiro: “É muito improvável que essa história se esclareça. Se eu pudesse voltar no tempo, voltaria ao dia em que dom Rodrigo foi assassinado. Daria tudo para ver a briga entre ele e Borba Gato”.
DRUMMOND PÔS FÉ NA HISTÓRIA
A carta assinada por Martinho Dias foi publicada na íntegra no volume da coleção Brasil, Terra & Alma dedicado a Minas Gerais, cuja primeira edição saiu em 1967. O poeta Carlos Drummond de Andrade, responsável por selecionar os textos da coletânea, parece crer na veracidade do relato. Tanto que ele o identifica como “Manuscrito na garrafa: encontrado numa lapa, nas proximidade de Caeté, em 1827”.
Antes de chegar ao Brasil, Rodrigo trabalhou em minas de prata na Bolívia e no Peru. Essa experiência o fez ganhar a confiança do príncipe regente de Portugal, dom Pedro II, que precisava de alguém para organizar os achados de ouro na colônia. Em 1673, o espanhol recebeu o título de fidalgo da Casa Real e foi nomeado administrador-geral das minas. Percorreu algumas capitanias até ser incumbido, em 1682, de visitar a Região dos Cataguás, que faria parte do futuro Estado de Minas Gerais. Deveria avaliar a expedição do bandeirante Fernão Dias Pais Leme, encarregada de desbravar os sertões.
Quando o perito enviado pelo príncipe chegou ao local, Fernão Dias já havia morrido, em 1681. Genro e conterrâneo do paulista, Manuel Borba Gato ficou no acampamento, à caça de minérios. No arraial do Sumidouro, em Sabará, dom Rodrigo deparou com a caravana de Borba Gato. Os historiadores são quase unânimes em reconhecer o motivo que fez os dois se desentenderem. Ao considerar insuficientes os seus equipamentos e mantimentos, o fidalgo espanhol quis que o outro cedesse parte do que tinha. Mandou subordinados falarem com Borba Gato, que se negou a atender o pedido.
Insatisfeito, dom Rodrigo decidiu tentar convencê-lo pessoalmente. Com dois ajudantes, o espanhol insistiu sem sucesso. O europeu se exasperou. “Cego de ira, levantou-se bruscamente” e, antes de ir , “com vozes e gestos alterados”, disse que “o ensinaria a ser mais cortês” e “mandaria buscar as coisas de que carecia para o serviço real”, ainda que Borba Gato não quisesse – esse é o relato feito no século 18 pelo coronel Bento Fernandes Furtado de Mendonça.
Quase todos os historiadores contam que dois auxiliares do bandeirante, sem que tivessem sido incumbidos da tarefa, quiseram vingar o ultraje sofrido pelo patrão. Quando o europeu voltava à sua comitiva, os assassinos dispararam dois tiros e ele caiu morto.
A DESCOBERTA
Em comunicado ao Conselho Ultramarino, o então governador do Rio de Janeiro, Duarte Teixeira Chaves, informou que dom Rodrigo levou três tiros quando ia “marchando por uma estrada”, fixou em 28 de agosto de 1682 a data do crime e admitiu que ainda não se conhecia o autor dos disparos. Borba Gato foi responsabilizado pelo crime e passou quase 20 anos desaparecido, com medo de ser condenado. Mas, afinal de contas, quem tirou a vida de uma das mais poderosas autoridades monárquicas no Brasil? E o culpado agiu por ordens do paulista?
Em 5 de setembro de 1827, o Diário Fluminense publicou um relato que prometia acabar com o mistério. O jornal divulgou a correspondência de um tropeiro, identificado como “O Amigo dos Bens do País M.”. Ele contou que, em maio daquele ano, quando andava pelo sopé da Serra da Piedade, em Caeté, notou o sumiço de uma besta. Um empregado saiu à cata do animal e entrou em uma gruta, onde deparou com uma “garrafa de boca larga”, fechada com “rolha de pau” e “certa massa, que parece ser cera da terra”. Dentro dela, diz o tropeiro, “achei um papel escrito com tinta vermelha e tão puído”. Ele garante que os originais se perderam, “por andarem de mão em mão”, mas que é fiel a cópia encaminhada ao Rio de Janeiro.
O jornal publicou na íntegra, e na grafia original, o relato de Martinho Dias. Ele confirma a história de que dom Rodrigo pediu ao bandeirante “parte do provimento que ficara de Pais” (aqui, a grafia foi atualizada). Com a recusa, o fidalgo “se enjoou e injuriou com palavras”, o que fez com que “lhe quitasse a vida” para “defender a honra de Gato, a quem nós tínhamos por nosso Capitão-mor”. Martinho não diz se agiu por ordem do chefe, mas ressalta que fugiu “com consentimento” dele. Sempre informava o outro da descoberta de minas. Um dos achados foi particularmente rico. Guiado por “um índio chamado Inhambe”, chegou a um “veeiro todo crivado de grandes pedaços e folhetas (lâminas finas) de ouro”.
A relação entre Martinho e Borba Gato se rompeu quando o patrão foi perdoado pelo assassinato. A historiadora Andrée Mansuy Diniz Silva conta que, após descobrir ouro na região do Rio das Velhas, o paulista levou amostras para o governador do Rio de Janeiro, Artur de Sá e Meneses. Foi absolvido, em troca da revelação do local exato das minas. Martinho percebeu que, na barganha com o governo colonial, o bandeirante não pediu que o perdão fosse estendido ao auxiliar nem incluiu na conta o veeiro avistado pelo índio. O autor da missiva ficou com medo que Borba Gato quisesse exterminá-lo, para desfrutar sozinho de todo o ouro achado.
Martinho decidiu voltar ao veeiro, de onde retirou uma arroba (14,7 quilos) e seguiu para Porto Seguro (BA). Planejava embarcar para Lisboa (Portugal) e pedir a dom Pedro II o perdão de seu crime e “uma companhia de homens armados”, para explorar sua descoberta a salvo de “hostilidades de Gato”. E por que decidiu escrever tudo isso em uma carta? Sem querer confiar a ninguém o que chamou de “meu segredo”, redigiu duas “memórias”: levaria uma com ele e outra deixou naquela garrafa. Caso morresse antes de realizar o plano – em suas palavras, “se eu não chegar ao fim do meu intento, porque Deus seja servido matar-me –, “o feliz” que encontrasse a carta poderia usufruir do minério.
VERDADE OU FARSA?
A publicação do Diário Fluminense não deve ter chamado muita atenção. Caiu no esquecimento e só foi resgatada em 1962 pelo historiador Hélio Vianna, que achou um exemplar do jornal na Biblioteca Nacional. Em ensaio na Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil, ele defende a carta como legítima. “O documento tem toda a aparência de verdadeiro, nada indicando que se trate de fraude ou forgicação, embora dele não se tenha mais que a cópia impressa, pois o original provavelmente se perdeu”, escreve. Entre os indícios, ele ressalta que o relato de Martinho tem estilo e ortografia típicos de fins do século 17, o que “seria muito difícil” de ser imitado por tropeiro do século 19.
Aparentemente, depois do ensaio de Vianna, o documento voltou a ser esquecido. A carta era desconhecida pelos estudiosos ouvidos pelo Estado de Minas. “Narrativas que envolvem papéis achados em garrafas parecem, à primeira vista, pouco críveis e um tanto fantasiosas. No entanto, fiquei impressionada com a linguagem e a grafia das palavras, idênticas às da época”, diz Adriana Romeiro, professora da UFMG e especialista em história colonial. “Achei bem convincente a hipótese de ter sido esse Martinho Dias o verdadeiro assassino. Mas isso não muda muita coisa, porque ele agiu em nome do Borba Gato”, acrescenta.
Para garantir a veracidade da carta, é preciso confirmar que Martinho existiu. “Fiquei curiosa e pesquisei no Arquivo Público Mineiro e no Arquivo Histórico Ultramarino. Não encontrei nenhuma menção a esse indivíduo”, diz. Ela aproveitou a presença em Lisboa do doutorando em história Adriano Toledo Paiva e pediu que ele procurasse por Martinho no Arquivo Nacional da Torre do Tombo. De novo, nada foi encontrado. “Se ele tivesse chegado a Lisboa e encaminhado petição ao rei, isso estaria registrado na Chancelaria Régia”, explica.
Especialista em história da mineração no Brasil, o professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Ângelo Alves Carrara discorda. “O que mais me chamou a atenção foi a modalidade de português utilizada, que não é do século 17, muito menos do fim desse século, mas do século 16.” Como exemplo, ele aponta o uso do verbo “leixar”, em vez de “deixar”. “No inventário mais antigo de São Paulo, de 1578, a forma usada já é deixar. No início do século 17, a forma leixar já era considerada antiga pelo poeta português Francisco Rodrigues Lobo.” E prossegue: “A carta tem outros termos mais usuais no século 16, como achamento em vez de descobrimento e graa por grande”.
Carrara considera “totalmente prejudicada” a hipótese de que o documento seja autêntico. “Seria uma fraude. Mas nada do que estou dizendo tem validade, enquanto um linguista não emitir um parecer definitivo”, diz. Especialista em linguística histórica e filologia textual, a professora da Universidade Federal da Bahia (UFBA) Célia Marques Telles julga ser impossível atestar a autenticidade da carta. “Como não se dispõe do original, não dá para confirmar a datação do documento. Traços como estilo, vocabulário e grafia não podem, por si sós, datar um texto”, justifica.
O mistério deve se eternizar, para a tristeza de Adriana Romeiro: “É muito improvável que essa história se esclareça. Se eu pudesse voltar no tempo, voltaria ao dia em que dom Rodrigo foi assassinado. Daria tudo para ver a briga entre ele e Borba Gato”.
DRUMMOND PÔS FÉ NA HISTÓRIA
A carta assinada por Martinho Dias foi publicada na íntegra no volume da coleção Brasil, Terra & Alma dedicado a Minas Gerais, cuja primeira edição saiu em 1967. O poeta Carlos Drummond de Andrade, responsável por selecionar os textos da coletânea, parece crer na veracidade do relato. Tanto que ele o identifica como “Manuscrito na garrafa: encontrado numa lapa, nas proximidade de Caeté, em 1827”.
LINHA DO TEMPO
1673 – O príncipe regente dom Pedro II designa o espanhol dom Rodrigo de Castel Blanco para organizar a exploração de ouro no Brasil
1682 – A comitiva de dom Rodrigo encontra a expedição do bandeirante paulista Manuel Borba Gato, no arraial do Sumidouro, em Sabará
1682 – Dom Rodrigo e Borba Gato se desentendem e o espanhol é assassinado. Responsabilizado pelo crime, o paulista foge e fica desaparecido por quase 20 anos
1699 – Martinho Dias escreve carta confessando ter disparado o tiro que matou dom Rodrigo
1827 – Um tropeiro encontra a carta de Dias guardada em uma garrafa em uma gruta da Serra da Piedade, em Caeté, e divulga a descoberta para um jornal carioca.
1962 – A carta é redescoberta pelo historiador Hélio Vianna, que a considera autêntica
1673 – O príncipe regente dom Pedro II designa o espanhol dom Rodrigo de Castel Blanco para organizar a exploração de ouro no Brasil
1682 – A comitiva de dom Rodrigo encontra a expedição do bandeirante paulista Manuel Borba Gato, no arraial do Sumidouro, em Sabará
1682 – Dom Rodrigo e Borba Gato se desentendem e o espanhol é assassinado. Responsabilizado pelo crime, o paulista foge e fica desaparecido por quase 20 anos
1699 – Martinho Dias escreve carta confessando ter disparado o tiro que matou dom Rodrigo
1827 – Um tropeiro encontra a carta de Dias guardada em uma garrafa em uma gruta da Serra da Piedade, em Caeté, e divulga a descoberta para um jornal carioca.
1962 – A carta é redescoberta pelo historiador Hélio Vianna, que a considera autêntica
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