sábado, 9 de fevereiro de 2013

Colombiano cria competente narrativa sobre o narcotráfico


folha de são paulo
CRÍTICA ROMANCE
Juan Gabriel Vásquez enfoca geração marcada pelo medo e pelo crime em Bogotá
JOCA REINERS TERRONESPECIAL PARA A FOLHAQuase nada resiste à força da gravidade em "O Ruído das Coisas ao Cair", e isso não inclui só objetos; dentre aquilo que cai certamente não está a crença do leitor, que permanece intacta até o final.
Competente narrativa encenada nas circunstâncias do surgimento do narcotráfico no início dos anos 19 70, a leitura do romance do colombiano Juan Gabriel Vásquez soa sugestiva ao cidadão brasileiro dos dias atuais, pois explora efeitos de um assassinato ocorrido em frente a um bar do centro de Bogotá, no início de 1996.
Antonio Yammara, o narrador, era então um jovem professor que passava momentos de folga num salão de bilhar perto da universidade.
Ali, aproxima-se do ex-presidiário Ricardo Laverde, pelo qual desenvolve curiosidade antropológica: enigmático acerca de seu passado e presente, Laverde termina por se tornar um tipo de amigo.
No entanto, numa tarde em que algumas barreiras impostas pela discrição costumeira de Laverde começavam a cair, disparos dados por um motoqueiro o matam.
Anos depois, ainda traumatizado com o evento, imerso numa crise pessoal, o professor resolve investigar as causas da morte de Laverde.
É aí que tem início a história: seguindo passos de Elaine, ex-mulher de Laverde, ela também morta num acidente aéreo, Antonio chega a Maya Fritss, filha do casal.
Ambos se encontram para juntos completarem um quebra-cabeça que é a história deles próprios, a dos nascidos na Colômbia nos anos 1970 e crescidos simultaneamente à lenda e à fortuna do traficante Pablo Escobar.
A originalidade do livro se deve à perspectiva íntima de Elaine Fritss, adotada para desvelar um enredo conhecido do público através de tantos filmes. Norte-americana, voluntária dos Corpos da Paz, ela se casa com Laverde, cujo sonho é ser piloto comercial.
Têm uma filha, e dentro dessa conformação pequeno-burguesa e ideológica de "auxílio a países em desenvolvimento" nasce a oportunidade, aos poucos compreendida por Elaine em sua ingenuidade, de traficar cocaína.
Ameaçado pelo tom altissonante em certas passagens, "O Ruído das Coisas ao Cair" não vacila diante da emoção e obriga o leitor a permanecer de olhos bem postos na obra futura de Vásquez.
JOCA REINERS TERRON é autor de "Do Fundo do Poço se Vê a Lua" (Companhia das Letras), entre outros.

    FICÇÃO
    ROMANCE
    Rebecca - A Mulher Inesquecível
    Daphne Du Maurier
    EDITORA Amarilys
    TRADUÇÃO Mariluce Pessoa
    QUANTO R$ 49 (448 págs.)
    A jovem narradora imagina que vai viver um conto de fadas ao se casar com Max de Winter, misterioso viúvo. Ao se mudar
    para a propriedade do marido, porém, ela será atormentada por mistérios que cercam a vida da primeira mulher de Max,
    Rebecca. O livro inspirou filme de Alfred Hitchcock de 1940.
    ROMANCE
    O Fio
    Victoria Hislop
    EDITORA Intrínseca
    TRADUÇÃO Adalgisa Campos da Silva
    QUANTO R$ 29,90 (368 págs.)
    A britânica Victoria Hislop compõe uma saga que tem como pano de fundo quase cem anos da história da Grécia. Em Tessalônica, segunda maior cidade do país, nasce em 1917 Dimitri Komninos. Anos depois seu destino irá cruzar com o da jovem Katerina, que chega à Grécia fugindo do Exército turco.

      NÃO FICÇÃO
      MÚSICA
      Pequena História da Música Popular Segundo seus Gêneros
      José Ramos Tinhorão
      EDITORA Editora 34
      QUANTO R$ 49 (352 págs.)
      Traz a origem de diversos gêneros da música popular desde o século 18, com a modinha e o lundu, até a lambada. Reúne histórias como as primeiras gravações do samba de breque, com Moreira da Silva, nos anos 1930. José Ramos Tinhorão, o autor do trabalho, é jornalista, pesquisador e crítico musical, autor de obras de referência no assunto.
      MÚSICA
      Arnaldo Canibal Antunes
      Alessandra Santos
      EDITORA nVersos
      QUANTO R$ 79,90 (296 págs.)
      O trabalho relaciona a obra de Arnaldo Antunes, na música, na poesia e nas artes visuais, com o movimento modernista brasileiro. Partindo das ideias de Oswald de Andrade, a autora defende que Arnaldo é o artista mais "antropófago" do Brasil nos dias de hoje. Alessandra Santos é professora de letras na Universidade da Colúmbia Britânica (Canadá) e tradutora.

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